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Golo nos manuais escolares
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Golo nos manuais escolares
Já muito se escreveu sobre o debate que, na semana passada, marcou a agenda com um entusiasmo ao nível do F. C. Porto-Benfica que se aproxima. Mas entre análises às táticas ofensivas e comparações com as equipas do passado, ninguém teve uma escolha coincidente com a minha quanto ao melhor momento do jogo: o grau de apurada técnica dos dois oponentes revelou-se quando se entrou no tema da educação.
Foi ver Passos e Costa a disputarem a proposta de voltar a reduzir o número máximo de alunos por turma, dada a evidência de que as aulas se tornam mais eficazes e produtivas. E a forma como ambos se comprometem a investir em recursos humanos especializados e a reforçar a educação especial? Em mais nenhum momento do confronto se viu tamanho consenso.
Mas realmente empolgante foi perceber a preocupação dos dois candidatos com o custo excessivo dos manuais escolares. Passos ainda tentou fazer uma incursão pelas medidas tomadas pelos governos de Sócrates, mas rapidamente fintou os fantasmas e rematou certeiro à baliza, prometendo fazer cumprir a legislação que determina a existência de bancos de empréstimo de livros em todos os agrupamentos.
Pegando num esclarecedor gráfico com os custos médios dos manuais em cada ano, que chegam a ultrapassar os 250 euros no 7.º e no 10.º ano, António Costa assegurou que não irá permitir abusos das editoras. Foi uma boa notícia ficar a saber que do programa socialista consta a introdução de multas para empresas que façam ligeiras operações de cosmética nos manuais, obrigando a comprar, como novos, volumes com uma ou outra mudança sem substância.
E as pobres editoras, como poderão sobreviver se lhes beliscarem as vendas estimadas em quase 100 milhões de euros por ano, questionaram os jornalistas? Costa defendeu que as empresas do setor terão de reajustar-se, mas não podem manter um negócio que esmaga as famílias e faz com que o princípio constitucionalmente consagrado de uma educação tendencialmente gratuita seja posto em causa. Passos disse acreditar que a médio prazo se chegará a uma solução de equilíbrio, em que as editoras terão de reorientar a atividade e os manuais serem emprestados a todos os alunos.
A preocupação com os problemas reais dos portugueses no arranque de mais um ano letivo surpreendeu-me.
A forma decidida de apontar soluções para o futuro excedeu as expectativas. Com tanto entusiasmo, desde essa noite tenho sentido dificuldade em adormecer, dividida como fiquei ao sentir que os dois principais candidatos à vitória merecem o meu voto.
*SUBDIRETORA
14.09.2015
INÊS CARDOSO
Jornal de Notícias
Foi ver Passos e Costa a disputarem a proposta de voltar a reduzir o número máximo de alunos por turma, dada a evidência de que as aulas se tornam mais eficazes e produtivas. E a forma como ambos se comprometem a investir em recursos humanos especializados e a reforçar a educação especial? Em mais nenhum momento do confronto se viu tamanho consenso.
Mas realmente empolgante foi perceber a preocupação dos dois candidatos com o custo excessivo dos manuais escolares. Passos ainda tentou fazer uma incursão pelas medidas tomadas pelos governos de Sócrates, mas rapidamente fintou os fantasmas e rematou certeiro à baliza, prometendo fazer cumprir a legislação que determina a existência de bancos de empréstimo de livros em todos os agrupamentos.
Pegando num esclarecedor gráfico com os custos médios dos manuais em cada ano, que chegam a ultrapassar os 250 euros no 7.º e no 10.º ano, António Costa assegurou que não irá permitir abusos das editoras. Foi uma boa notícia ficar a saber que do programa socialista consta a introdução de multas para empresas que façam ligeiras operações de cosmética nos manuais, obrigando a comprar, como novos, volumes com uma ou outra mudança sem substância.
E as pobres editoras, como poderão sobreviver se lhes beliscarem as vendas estimadas em quase 100 milhões de euros por ano, questionaram os jornalistas? Costa defendeu que as empresas do setor terão de reajustar-se, mas não podem manter um negócio que esmaga as famílias e faz com que o princípio constitucionalmente consagrado de uma educação tendencialmente gratuita seja posto em causa. Passos disse acreditar que a médio prazo se chegará a uma solução de equilíbrio, em que as editoras terão de reorientar a atividade e os manuais serem emprestados a todos os alunos.
A preocupação com os problemas reais dos portugueses no arranque de mais um ano letivo surpreendeu-me.
A forma decidida de apontar soluções para o futuro excedeu as expectativas. Com tanto entusiasmo, desde essa noite tenho sentido dificuldade em adormecer, dividida como fiquei ao sentir que os dois principais candidatos à vitória merecem o meu voto.
*SUBDIRETORA
14.09.2015
INÊS CARDOSO
Jornal de Notícias
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