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Os ocupados e os preocupados
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Os ocupados e os preocupados
Em Portugal, a ruptura do bipartidarismo, à diferença do que está a acontecer em Espanha, está a ter um impacto limitado na criação de novos partidos que canalizem o descontentamento e alimenta a abstenção.
Dizia Ortega y Gasset, o filósofo espanhol, que há dois tipos de pessoas: as ocupadas e as preocupadas. Parece que nas recentes eleições legislativas, enquanto a coligação de direita ocupou bem o seu tempo com uma atitude pragmática que os levou a ganhar as eleições, os partidos de esquerda não souberam transformar as suas preocupações ideológicas em ação. Como acontece a tantos partidos de esquerda na Europa, foram vítimas do seu esforço em mascarar como luta ideológica o que não passa, em muitos casos, de um simples conflito de interesses.
Mas em democracia, na altura das eleições, o que não conta são contos. As regras da aritmética eleitoral são conhecidas e, para ganhar umas eleições, é preciso saber bascular entre a poesia da ideologia e a matemática dos votos. Fico com a ideia de que a complexidade, a volatilidade e a ambiguidade que impregna hoje o mundo empresarial, que foi o âmbito que incubou uma crise que hoje é já fundamentalmente social e institucional, têm empapado a atuação política e alterado algumas práticas históricas dos partidos. Ao predicado evangélico de que In principio erat verbum, Trostsky contrapôs com ação. Mas hoje a iniciativa parece ser património da direita e o verbo da esquerda. O mundo ao contrário.
De alguma forma, o que está a acontecer na política traz à minha memória a liberalização, no início da década passada, do mercado das telecomunicações em toda a Europa, em que a alteração do status quo alimentou o nascimento e crescimento, sempre relativo, de novos operadores. Mas, em Portugal, a ruptura do bipartidarismo, à diferença do que está a acontecer em Espanha, está a ter um impacto limitado na criação de novos partidos que canalizem efetivamente o descontentamento e está, simplesmente, a alimentar a abstenção. Em princípio, o multipartidarismo deveria melhorar a qualidade democrática de um país, embora traga consigo maiores riscos de desequilíbrios e instabilidade, para os quais, em democracia, existem sempre respostas para os atenuar.
Os políticos dos partidos no governo pretendem sempre convencer a cidadania de que o sistema económico é como é porque não há uma outra alternativa. Desta vez, o desfecho narrativo da Grécia tem contribuído para apoiar esta tese. Mas os líderes das empresas e dos partidos devem também ser construtores de esperança, o que parece não ter acontecido, em suficiente medida, nestas eleições.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
Dizia Ortega y Gasset, o filósofo espanhol, que há dois tipos de pessoas: as ocupadas e as preocupadas. Parece que nas recentes eleições legislativas, enquanto a coligação de direita ocupou bem o seu tempo com uma atitude pragmática que os levou a ganhar as eleições, os partidos de esquerda não souberam transformar as suas preocupações ideológicas em ação. Como acontece a tantos partidos de esquerda na Europa, foram vítimas do seu esforço em mascarar como luta ideológica o que não passa, em muitos casos, de um simples conflito de interesses.
Mas em democracia, na altura das eleições, o que não conta são contos. As regras da aritmética eleitoral são conhecidas e, para ganhar umas eleições, é preciso saber bascular entre a poesia da ideologia e a matemática dos votos. Fico com a ideia de que a complexidade, a volatilidade e a ambiguidade que impregna hoje o mundo empresarial, que foi o âmbito que incubou uma crise que hoje é já fundamentalmente social e institucional, têm empapado a atuação política e alterado algumas práticas históricas dos partidos. Ao predicado evangélico de que In principio erat verbum, Trostsky contrapôs com ação. Mas hoje a iniciativa parece ser património da direita e o verbo da esquerda. O mundo ao contrário.
De alguma forma, o que está a acontecer na política traz à minha memória a liberalização, no início da década passada, do mercado das telecomunicações em toda a Europa, em que a alteração do status quo alimentou o nascimento e crescimento, sempre relativo, de novos operadores. Mas, em Portugal, a ruptura do bipartidarismo, à diferença do que está a acontecer em Espanha, está a ter um impacto limitado na criação de novos partidos que canalizem efetivamente o descontentamento e está, simplesmente, a alimentar a abstenção. Em princípio, o multipartidarismo deveria melhorar a qualidade democrática de um país, embora traga consigo maiores riscos de desequilíbrios e instabilidade, para os quais, em democracia, existem sempre respostas para os atenuar.
Os políticos dos partidos no governo pretendem sempre convencer a cidadania de que o sistema económico é como é porque não há uma outra alternativa. Desta vez, o desfecho narrativo da Grécia tem contribuído para apoiar esta tese. Mas os líderes das empresas e dos partidos devem também ser construtores de esperança, o que parece não ter acontecido, em suficiente medida, nestas eleições.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
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