Terra queimada

As eleições realizaram-se a 4 de Outubro e o programa do Governo, que já tem a garantia de vir a ser rejeitado no Parlamento, só será discutido nos dias 9 e 10 de Novembro, mais de um mês depois. É natural que a luta política esteja por estes dias particularmente acirrada, pois as mudanças que se perspectivam no modo de funcionamento do sistema político são perturbadoras e, pelos vistos, muito difíceis de assimilar por um statu quo que se mantém há 40 anos. 

Tanto mais que a constituição de um governo exclusivamente apoiado pelos três partidos da esquerda foi uma surpresa (quase) geral. Mas uma coisa é a luta política e outra é o arrastamento até ao limite de todos os prazos para a tomada de decisões. Parece uma birra da coligação para responder à equipa alternativa que António Costa está a preparar. 

O problema é que no meio ficam as pessoas reais e as empresas, com decisões bloqueadas por falta de um Orçamento do Estado sem aprovação à vista. Esta estratégia de terra queimada não leva a lado nenhum e só prejudica o país. Não seria melhor mudá-la?

DIRECÇÃO EDITORIAL 
29/10/2015 - 04:24
Público