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Anarquistas
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Anarquistas
"De pouco serviu: virou busto estampado em t-shirts, isqueiros e berloques da lucrativa indústria de consumo capitalista."
"Hay Gobierno? Soy contra!" Esta frase de cariz anarquista, com suposta origem no México, é uma das frases mais badaladas por muitos e supostos espíritos livres e utópicos. Na verdade, a origem da máxima estará na historieta anedótica do anarquista vítima de naufrágio que, ao chegar à praia de um país desconhecido, logo proclama perante os seus acolhedores habitantes: "Obrigado por me salvarem! Mas se há Governo, sou contra!"
O meu amigo Zé dos Pneus, que nunca leu o ‘Estatismo e Anarquia’, de Bakunine, adorava ser e estar contra o Governo, qualquer tipo de Governo. Olho em riste, proclamava: "É que sou muito melhor a atacar do que a defender!" É justo, porém redundante, recordar que o guerrilheiro "Che" Guevara recusou deter-se no Governo de Cuba e partiu a espalhar a Revolução. De pouco serviu: virou busto estampado em t-shirts, isqueiros e berloques da lucrativa indústria de consumo capitalista. Mas tudo isso já Marx explicou no seu ‘Capital’.
Quanto ao verbo "governar", é dos mais estranhos e ziguezagueantes que existem. É um verbo que pode ser transitivo, intransitivo e reflexo. Dá para os três lados, ou seja, para quase tudo. Transitivo quando a acção praticada pelo sujeito recai sobre uma pessoa, coisa ou animal. Por exemplo: "Pedro governa o António". Mas pode ser intransitivo, quando a acção não passa a outra pessoa. Por exemplo: "Pedro adormeceu a governar". Mas "governar" até pode ser reflexo, quando a acção recai sobre quem a pratica. Como quem diz: "Eu governo-me!" É o estilo de governar que muitos governantes gostam de desenvolver.
Nestes dias históricos, em que uns querem governar e outros não querem deixar de governar, diria o Zé que seriam os conquistadores romanos os melhores observadores e analistas da actualidade lusitana. Até porque faz parte do mito histórico nacional atribuir aos romanos Júlio César (Caio), ou a Estrabão, ou ao general Galba a autoria da frase que se tem dramaticamente ajustado que nem luva ao povo português: "Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa, nem se deixa governar!"
Esta semana, provou-se que o seguimento da piada anarquista assenta na perfeição ao momento português: "Se há Governo sou contra, se não há Governo também sou contra!" Por simples despeito ou requintada estratégia, há por aí políticos e potenciais governantes que estão a dar em perigosos anarquistas.
15.11.2015 00:30
VICTOR BANDARRA
Jornalista
Correio da Manhã
"Hay Gobierno? Soy contra!" Esta frase de cariz anarquista, com suposta origem no México, é uma das frases mais badaladas por muitos e supostos espíritos livres e utópicos. Na verdade, a origem da máxima estará na historieta anedótica do anarquista vítima de naufrágio que, ao chegar à praia de um país desconhecido, logo proclama perante os seus acolhedores habitantes: "Obrigado por me salvarem! Mas se há Governo, sou contra!"
O meu amigo Zé dos Pneus, que nunca leu o ‘Estatismo e Anarquia’, de Bakunine, adorava ser e estar contra o Governo, qualquer tipo de Governo. Olho em riste, proclamava: "É que sou muito melhor a atacar do que a defender!" É justo, porém redundante, recordar que o guerrilheiro "Che" Guevara recusou deter-se no Governo de Cuba e partiu a espalhar a Revolução. De pouco serviu: virou busto estampado em t-shirts, isqueiros e berloques da lucrativa indústria de consumo capitalista. Mas tudo isso já Marx explicou no seu ‘Capital’.
Quanto ao verbo "governar", é dos mais estranhos e ziguezagueantes que existem. É um verbo que pode ser transitivo, intransitivo e reflexo. Dá para os três lados, ou seja, para quase tudo. Transitivo quando a acção praticada pelo sujeito recai sobre uma pessoa, coisa ou animal. Por exemplo: "Pedro governa o António". Mas pode ser intransitivo, quando a acção não passa a outra pessoa. Por exemplo: "Pedro adormeceu a governar". Mas "governar" até pode ser reflexo, quando a acção recai sobre quem a pratica. Como quem diz: "Eu governo-me!" É o estilo de governar que muitos governantes gostam de desenvolver.
Nestes dias históricos, em que uns querem governar e outros não querem deixar de governar, diria o Zé que seriam os conquistadores romanos os melhores observadores e analistas da actualidade lusitana. Até porque faz parte do mito histórico nacional atribuir aos romanos Júlio César (Caio), ou a Estrabão, ou ao general Galba a autoria da frase que se tem dramaticamente ajustado que nem luva ao povo português: "Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa, nem se deixa governar!"
Esta semana, provou-se que o seguimento da piada anarquista assenta na perfeição ao momento português: "Se há Governo sou contra, se não há Governo também sou contra!" Por simples despeito ou requintada estratégia, há por aí políticos e potenciais governantes que estão a dar em perigosos anarquistas.
15.11.2015 00:30
VICTOR BANDARRA
Jornalista
Correio da Manhã
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