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Pluralismo agonizante
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Pluralismo agonizante
Como é muito difícil criar em Portugal um projecto jornalístico sustentável, os investimentos nesta área estão hoje reduzidos a quase nada.
O fecho anunciado do jornal I e do semanário Sol deveriam fazer soar o alarme sobre a possibilidade de manter em Portugal uma esfera pública minimamente pluralista.
A imprensa, independentemente do suporte em que surja, em papel ou digital, é um elemento central desse pluralismo e do debate de ideias que ele propicia. Ao contrário do que alguns pensam, isso não deixou de ser verdade com o surgimento e expansão da internet. Pelo contrário, esta tornou a imprensa ainda mais necessária na medida em que boa parte da informação ou opinião disponível online, especialmente a que circula em blogues e redes sociais, é pouco fiável.
Aliás, a imprensa tradicional está ela própria sob a ameaça da redução da sua independência e pluralismo pela pressão dos mesmos assessores de comunicação das empresas e partidos políticos que procuram influenciar a restante informação disponível na internet, em particular nas redes sociais. As chamadas notícias “editadas” que em alguns jornais se tornaram regra são, muitas vezes, notícias “ditadas” por algum assessor. Mas, apesar de tudo, continua a não existir outro espaço mediático onde a opinião independente seja mais factível e consequente do que a imprensa.
Se aceitarmos estas premissas, só podemos considerar a situação em que nos encontramos como aflitiva. Na imprensa diária generalista passa agora a haver apenas duas fontes: o Público e o DN/JN. Quanto aos semanários, excluindo as revistas, passa a haver apenas um…Se juntarmos a isto as dificuldades da imprensa económica, o panorama torna-se assustador.
Como é muito difícil criar em Portugal um projecto jornalístico sustentável, os investimentos nesta área estão hoje reduzidos a quase nada, ou então não são investimentos em projectos jornalísticos mas apenas em projectos políticos que visam o enviesamento da opinião dominante.
Assim, arriscamo-nos a ficar apenas com guerras de informação, sem a real possibilidade de existência de uma esfera pública pluralista, com informação credível e opinião independente.
Alguns poderão pensar que nada disto é novo e que continuaremos a sobreviver como dantes. Mas a verdade é que se juntam no actual contexto muitos factores adversos ao pluralismo mediático, alguns estruturais e outros conjunturais: os nossos parcos hábitos de leitura, a crescente tabloidização da informação televisiva, a profissionalização da manipulação informativa por assessores contratados, a crise económica e a a redução dos investimentos na imprensa e, ‘last but not least’, o próprio esvaziamento do centro político que conduz à ideia de que já não há factos nem análises independentes, apenas narrativas parciais e comprometidas.
00:05 h
João Cardoso Rosas
Económico
O fecho anunciado do jornal I e do semanário Sol deveriam fazer soar o alarme sobre a possibilidade de manter em Portugal uma esfera pública minimamente pluralista.
A imprensa, independentemente do suporte em que surja, em papel ou digital, é um elemento central desse pluralismo e do debate de ideias que ele propicia. Ao contrário do que alguns pensam, isso não deixou de ser verdade com o surgimento e expansão da internet. Pelo contrário, esta tornou a imprensa ainda mais necessária na medida em que boa parte da informação ou opinião disponível online, especialmente a que circula em blogues e redes sociais, é pouco fiável.
Aliás, a imprensa tradicional está ela própria sob a ameaça da redução da sua independência e pluralismo pela pressão dos mesmos assessores de comunicação das empresas e partidos políticos que procuram influenciar a restante informação disponível na internet, em particular nas redes sociais. As chamadas notícias “editadas” que em alguns jornais se tornaram regra são, muitas vezes, notícias “ditadas” por algum assessor. Mas, apesar de tudo, continua a não existir outro espaço mediático onde a opinião independente seja mais factível e consequente do que a imprensa.
Se aceitarmos estas premissas, só podemos considerar a situação em que nos encontramos como aflitiva. Na imprensa diária generalista passa agora a haver apenas duas fontes: o Público e o DN/JN. Quanto aos semanários, excluindo as revistas, passa a haver apenas um…Se juntarmos a isto as dificuldades da imprensa económica, o panorama torna-se assustador.
Como é muito difícil criar em Portugal um projecto jornalístico sustentável, os investimentos nesta área estão hoje reduzidos a quase nada, ou então não são investimentos em projectos jornalísticos mas apenas em projectos políticos que visam o enviesamento da opinião dominante.
Assim, arriscamo-nos a ficar apenas com guerras de informação, sem a real possibilidade de existência de uma esfera pública pluralista, com informação credível e opinião independente.
Alguns poderão pensar que nada disto é novo e que continuaremos a sobreviver como dantes. Mas a verdade é que se juntam no actual contexto muitos factores adversos ao pluralismo mediático, alguns estruturais e outros conjunturais: os nossos parcos hábitos de leitura, a crescente tabloidização da informação televisiva, a profissionalização da manipulação informativa por assessores contratados, a crise económica e a a redução dos investimentos na imprensa e, ‘last but not least’, o próprio esvaziamento do centro político que conduz à ideia de que já não há factos nem análises independentes, apenas narrativas parciais e comprometidas.
00:05 h
João Cardoso Rosas
Económico
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