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O consumo, graças as Deus
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O consumo, graças as Deus
Uma das tradições que sempre pudemos esperar que no Natal se cumprissem é o coro de lamentações por causa do “consumismo”. É um exercício que une vários cleros, os da religião e os do politicamente correcto anti-capitalista.
Chega a quadra, chega o canto triste sobre a alienação da Humanidade, agrilhoada à escravatura da satisfação imediata, perdida num vácuo de indefinição de valores e incapaz do despojamento indispensável à salvação – assim na Terra, pela revolução, como no Céu, pela Graça de Deus.
A queda dos homens na tentação dos bens materiais não tem necessariamente de aborrecer ninguém. Quanto aos progressistas, sempre achei que estes poderiam ver alguma utilidade numa coligação sazonal e oportunista com o mercantilismo, que porventura corrói a “superstição”. Se bem que, reconheço, essa “superstição” – a fé – não é fácil de derrotar: mesmo combatendo-a com a força das armas e do cárcere, os seus inimigos não têm tido grande sucesso ao longo da História.
Aliás, parece que agora o consumo até é um conceito progressista. Em Portugal é mesmo o desígnio do governo mais esquerdista da maturidade democrática. Gente que um dia acreditou na propriedade estatal dos meios de produção, que depois se aburguesou e se resignou à lógica do capitalismo com as promessas do investimento público, crê hoje na força redentora do consumo privado.
Pobre Marx: tanto trabalho a explicar que o capitalismo seria superado pelas suas contradições internas quando o que aconteceu, afinal, foi que os socialistas passaram a chamar “socialismo” a uma ideologia que não só aceita como depende do funcionamento do mercado.
Quanto à religião, nunca percebi uma certa aversão tradicional das igrejas à desordem capitalista. Em vez que recearem a espontaneidade do mundo deviam celebrar mais a liberdade de comércio como a ordenação da natureza humana, contra as probabilidades, no sentido do bem comum.
O objectivo do capitalista é preocupar-se com o seu próprio bem, é certo, mas isso é algo que só consegue porque outros capitalistas pensam da mesma forma, moderando-se e ajudando-se mutuamente. Existem tragédias no capitalismo? É óbvio que existem: tragédias pessoais, tragédias colectivas. Mas as sociedades capitalistas foram sempre aquelas onde o progresso da qualidade de vida foi maior. A Humanidade descobriu uma forma de ir domando a sua natureza – imperfeita, falível, conflituosa, contingente – e de a ir determinando na boa direcção.
E essa descoberta é uma manifestação maravilhosa da Graça de Deus. Feliz Natal.
00:05 h
Francisco Mendes da Silva
Económico
Chega a quadra, chega o canto triste sobre a alienação da Humanidade, agrilhoada à escravatura da satisfação imediata, perdida num vácuo de indefinição de valores e incapaz do despojamento indispensável à salvação – assim na Terra, pela revolução, como no Céu, pela Graça de Deus.
A queda dos homens na tentação dos bens materiais não tem necessariamente de aborrecer ninguém. Quanto aos progressistas, sempre achei que estes poderiam ver alguma utilidade numa coligação sazonal e oportunista com o mercantilismo, que porventura corrói a “superstição”. Se bem que, reconheço, essa “superstição” – a fé – não é fácil de derrotar: mesmo combatendo-a com a força das armas e do cárcere, os seus inimigos não têm tido grande sucesso ao longo da História.
Aliás, parece que agora o consumo até é um conceito progressista. Em Portugal é mesmo o desígnio do governo mais esquerdista da maturidade democrática. Gente que um dia acreditou na propriedade estatal dos meios de produção, que depois se aburguesou e se resignou à lógica do capitalismo com as promessas do investimento público, crê hoje na força redentora do consumo privado.
Pobre Marx: tanto trabalho a explicar que o capitalismo seria superado pelas suas contradições internas quando o que aconteceu, afinal, foi que os socialistas passaram a chamar “socialismo” a uma ideologia que não só aceita como depende do funcionamento do mercado.
Quanto à religião, nunca percebi uma certa aversão tradicional das igrejas à desordem capitalista. Em vez que recearem a espontaneidade do mundo deviam celebrar mais a liberdade de comércio como a ordenação da natureza humana, contra as probabilidades, no sentido do bem comum.
O objectivo do capitalista é preocupar-se com o seu próprio bem, é certo, mas isso é algo que só consegue porque outros capitalistas pensam da mesma forma, moderando-se e ajudando-se mutuamente. Existem tragédias no capitalismo? É óbvio que existem: tragédias pessoais, tragédias colectivas. Mas as sociedades capitalistas foram sempre aquelas onde o progresso da qualidade de vida foi maior. A Humanidade descobriu uma forma de ir domando a sua natureza – imperfeita, falível, conflituosa, contingente – e de a ir determinando na boa direcção.
E essa descoberta é uma manifestação maravilhosa da Graça de Deus. Feliz Natal.
00:05 h
Francisco Mendes da Silva
Económico
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