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Despropósitos e megalomanias
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Despropósitos e megalomanias
Sou um férreo defensor da iniciativa privada, da economia de mercado e, consequentemente, de ambientes económicos propícios ao desenvolvimento das empresas geradoras de emprego. Dito isto, sendo o turismo sector crítico e central da economia da Madeira, a iniciativa privada tem de estar - no quadro de um posicionamento estratégico coerente com os nossos factores diferenciadores - condicionada às balizas de um ordenamento e planeamento turístico que garantam a COMPETITIVIDADE SUSTENTÁVEL DO DESTINO e a um contexto de oportunidades empresariais virtuosas e transversais a todos os agentes, gerando assim uma dinâmica concorrencial positiva e qualificadora do nosso produto turístico.
É neste quadro que considero, quando leio as notícias sobre o mega projecto do Savoy, que estamos TODOS em estado de apatia, de inconsciência e absoluta indiferença em relação ao futuro do nosso turismo.
Estamos a falar de um projecto de impacto sobre o interesse colectivo, cuja desmedida volumetria, decorrente do excesso de dimensão em altura, comprimento e largura, além da concentração de oferta que representa, coloca em causa os equilíbrios urbanísticos da cidade e da micro escala do destino.
Será, assim, um projecto que se imporá tiranicamente à ilha, espezinhando paisagens, retirando vistas, condicionando preços e deformando a sua identidade, entre outros atropelos de gravidade em sintonia com a sua megalomania.
Será um projecto de expressão ditatorial que imporá a maior censura de sempre à liberdade paisagística e paradisíaca da ilha. Será mais uma machadada irreversível no exotismo competitivo do destino.
Quer queiramos quer não, condicionará as opções estratégicas da região para este sector central da nossa economia, limitando as opções políticas a meras acções promocionais paliativas de circunstância.
É por tudo isto que se justifica questionar: vamos continuar a seguir a lógica da viabilização de projectos descontextualizados dos interesses colectivos do nosso destino depois de todos os debates e estudos sobre o posicionamento estratégico para o mesmo? Vamos continuar TODOS NÃO RESPONSÁVEIS?
Que impacto terá este mega projecto na autenticidade do destino, na sua identidade, na sua diferenciação competitiva, no emprego estrutural?
Que harmonia de escala oferecerá à pequena cidade do Funchal e à micro ilha da Madeira? Que contributos oferecerá ao ordenamento urbanístico da nossa pitoresca cidade? Que licenciamento e utilidade turística justificarão esta deformação turística no contexto dos valores que são os pilares da nossa diferenciação competitiva? Será a massificação de um micro destino? Ou será devido À NOSSA FALTA DE SENSIBILIDADE para um planeamento protector e qualificador das belezas da ilha?
O nosso destino não se constrói com mega hotéis, com POT’s, reflexões e planos estratégicos mitómanos, mas com planos que sejam o garante de um ordenamento criterioso, de uma matriz de pequenas unidades de charme, de mais natureza, mais paisagens, mais vistas, mais jardins, mais autenticidade, mais protecção e investimento no nosso património edificado e mais ambiente pitoresco genuíno que o qualifiquem como um destino “gourmet”, ou seja, diferenciado e altamente competitivo.
Em suma, que objectivo deve presidir ao nosso destino: reforçarmos a nossa atractividade ou destruí-la, paulatinamente, ao som de uma sinfonia de discursos sorridentes de circunstância? Este projecto certamente simbolizará a derrota sustentável do turismo e a vitória esmagadora da massificação do betão imediatista e negligente. Será certamente a prova da demissão, não dos nossos políticos, mas das nossas elites, as elites do conforto do silêncio cúmplice.
Decididamente que todos desejamos e aplaudimos mais um investimento mas que seja um exemplo de renovação do destino na lógica da sua identidade diferenciadora (macro produto), das novas tendências da procura (small is beautiful) e não em contraciclo com estas. Que seja um ícone como foi o primeiro Savoy, o original, que seja uma oportunidade de enriquecimento para o destino turístico e para os seus investidores e não factor de empobrecimento para tudo e todos. Um investimento que seja motivo de orgulho e uma referência dos valores do território e não um espezinhar da Pérola do Atlântico. Ainda vamos a tempo.
João Welsh
Diário de Notícias da Madeira
Terça, 29 de Dezembro de 2015
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