Greve dos estivadores. “Porto de Lisboa pode definhar e morrer”

Os trabalhadores estão em greve desde 14 de Novembro e já entregaram pré-avisos sucessivos para prolongar a paralisação até pelo menos 21 de Janeiro.

O director executivo da Associação de Agentes de Navegação de Portugal, Belmar da Costa, teme pelos custos logísticos e pela imagem do porto de Lisboa, decorrente das greves dos estivadores.
Belmar da Costa espera que os operadores portuários e os estivadores se entendam rapidamente, pois o porto está a atrofiar.

“Se isso não acontecer o porto de Lisboa tenderá a definhar e a morrer. Portanto, era muito desejável que um acordo entre as partes viesse a acontecer”, diz à Renascença.

As partes em conflito têm um mês para se entenderem. Foi o prazo estabelecido depois da reunião desta segunda-feira que ambas as partes mantiveram com a ministra do Mar. Na ocasião foi decidido criar um grupo de trabalho para resolver os problemas laborais que têm motivado a greve dos estivadores que começou a 14 de Novembro e prolonga-se até pelo menos 21 de Janeiro.

Belmar da Costa receia que, depois dos dois principais armadores mundiais terem suspendido a sua actividade em Lisboa, outros operadores sigam o exemplo.

“Se a situação não melhorar, se não houver para fora uma garantia de que haverá trabalho em Lisboa e que será um trabalho sem paragens, obviamente que há condições para que os armadores abandonem cada vez mais Lisboa. A carga procurará dirigir-se a outros portos onde sabe que embarcará do que seguir para Lisboa, onde não sabe se embarcará e quando”, explica.

Os estivadores estão contra a imposição de intervenções que "não são de índole profissional" aos trabalhadores do porto de Lisboa, utilização de mão-de-obra desnecessária com "o intuito de aniquilar os actuais profissionais", contratação de meios operacionais e mão-de-obra fora do sector e a interrupção das negociações para um novo contrato colectivo de trabalho.


Greve em Lisboa beneficia porto de Leixões

Já o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Paulo Nunes de Almeida, considera que o porto de Lisboa “não tem sabido servir a comunidade empresarial” e quem tem beneficiado com isso tem sido a região Norte.

“Neste momento, os efeitos dessa acção fazem-se sentir com importantes operadores portuários a suspenderem a sua actividade e obviamente que, ao fazê-lo, procuram outros portos, sendo natural que o porto de Leixões seja um dos beneficiados”, refere.

O presidente da AEP garante que Leixões pode ser uma boa alternativa num país que precisa de fazer aumentar as suas exportações.

“Hoje, o tempo é um factor muito importante quando se tomam decisões no mercado globalizado. Também por isso o porto de Leixões, pela sua eficiência, tem servido a comunidade e tem sabido atrair operadores”, acrescenta.

29 Dez, 2015 - 11:22 • Henrique Cunha
Rádio de Renascença