Troika e esquerda apertam OE de António Costa

O Governo está debaixo de fogo cruzado no Orçamento do Estado para 2016. Por um lado, tem de cumprir as promessas eleitorais e os compromissos com os partidos que lhe dão suporte no Parlamento – Bloco de Esquerda, PCP e Verdes – e, por outro, tem de acatar as exigências da Comissão Europeia.

Não é por acaso que fontes do Governo dizem que esperam mais dificuldades com Bruxelas que com os partidos mais à esquerda. Parece quase inevitável que Portugal não saia já do procedimento por défices excessivos, uma vez que os dados de 2015, com as consequências da resolução do Banif, apontam para um défice superior a 4%. 

Fontes governamentais revelam que a Comissão exige um défice inferior aos 2,8%, valor que o Governo pretendia avançar, e que o défice estrutural baixe 0,5 pontos percentuais do PIB, o que se afigura muito difícil. António Costa admite que o esboço de Orçamento seja aprovado no Conselho de Ministros de quinta-feira e enviado para Bruxelas na sexta.

A questão é que circulam rumores de que a Comissão Europeia está a pressionar Lisboa para deixar cair medidas como as 35 horas semanais na Função Pública e a descida do IVA na restauração, enquanto António Costa insiste que não cederá a Bruxelas em matérias consideradas fundamentais.

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, também deixou claro que o acordo que vibilizou o Governo poderá estar em causa se houver cedências às exigências da troika. As pressões de Bruxelas e da troika a que se contrapõem as da esquerda, em simultâneo com a chuva de críticas internacionais às políticas do Governo, estão a encurralar a equipa de António Costa.

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Diário Económico