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Ao serviço da Nação
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Ao serviço da Nação
Homens, escrevia eu, que, pela sua clareza de pensamento, pela sua verticalidade, pelo seu percurso de vida, nos habituámos a olhar como eternos
Há homens assim. Homens e, obviamente, mulheres. Esta mania agora de forçosamente falar-se sempre no feminino e no masculino, como se o masculino gramaticalmente maiúsculo não incluísse de forma equitativa ambos os géneros… Enfim. Homens, escrevia eu, que, pela sua clareza de pensamento, pela sua verticalidade, pelo seu percurso de vida, nos habituámos a olhar como eternos.
Vem isto a propósito de duas figuras que esta semana voltaram a ser notícia, um pela sua sagacidade e visão estratégica da política interna e externa malgrado os seus 93 anos e outro porque a morte decidiu que era tempo de o reclamar. Refiro-me ao professor Adriano Moreira e ao Dr. Almeida Santos, respetivamente.
Com um e outro me relacionei em tempos que já lá vão, um e outro, de certa maneira, formaram a pessoa que sou. E sei bem que estou longe de ser a única.
O professor Adriano Moreira, a quem ouvi e li no último mês, mantém uma clareza de raciocínio, um sentido de Estado e, sobretudo, uma postura que muitos deveriam seguir.
Foi meu professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas (ISCSP) e as suas aulas (às 8:30 da manhã!) estavam sempre repletas de gente que bebia as suas ideias durante três horas ininterruptas. O grande anfiteatro era pequeno para tanta gente e o professor, sempre preocupado com os alunos, alertava para que deixassem os lugares para quem tinha que obrigatoriamente fazer a cadeira. É que havia gente de todo lado! Estudantes de Medicina, de Direito, de Agronomia, de Veterinária…
Foi ele quem primeiro nos falou do problema de Timor (estávamos, então, nos anos 80), que nos alertou para o papel e as responsabilidades da Europa num Mundo que já adivinhava alterações drásticas. Pelos seus olhos e pelas suas palavras, levava-nos a outras realidades onde a fome, a guerra, a destruição, faziam crescer a raiva e a tensão. A entrevista que deu a uma revista da atualidade na passada semana demonstra o que já sabíamos: o professor é dos últimos políticos da atualidade.
Os outros, os politiqueiros, esses pululam ao sabor dos ventos e das marés, envolvem-se em escândalos e sentem-se inimputáveis, como deuses dum olimpo qualquer. O seu exemplo propaga-se descendentemente, como se o trabalho ao serviço do Estado fosse uma escada até, provavelmente, à direita de Deus Pai! Como entender que um Primeiro-ministro volte ao seu mister anterior? Ou um deputado? Ou um dirigente? Como se as missões fossem passaportes para a eternidade!
O professor foi ministro do Ultramar no tempo em que a democracia era apenas um sonho. Criticou quando teve que criticar mas não se afastou do seu eixo principal: o humanismo e o respeito pela causa pública, pelo Estado e pela Nação. É um homem de direita. Num outro plano, o Dr. Almeida Santos, meu camarada, homem de convicções, de visão, de combate. Tão inesperada, a sua partida deixa muitos de nós órfãos da sua presença amiga.
Consensual num partido onde é tão difícil haver consensos. Amigo, companheiro, sempre próximo de todos, independentemente dos cargos que ocupou. Porque, para ele, os cargos eram isso mesmo: pontos de passagem, de serviço, etapas dum percurso.
Dele nunca se ouviram reparos que pusessem em causa a sua integridade moral, pessoal ou mesmo profissional. Era um homem de esquerda.
Dois homens, duas perspetivas diferentes de Portugal e do Mundo. Dois humanistas. Dois senhores. Dois portugueses que ficarão para sempre na história. Talvez mereça a pena pensarmos nisto, no que fica quando tudo o mais desaparece.
Manuela Niza Ribeiro
Presidente do Sindicato dos Funcionários do SEF e professora universitária
Publicado em: 22/01/2016 - 0:02:12
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