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Ouro que não reluz
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Ouro que não reluz
Não há almoços grátis – perdemos com a factura quando o preço do petróleo é alto, mas perdemos nas exportações também quando ele é muito baixo.
Jean Paul Getty disse um dia que a fórmula do sucesso é levantar cedo, trabalhar arduamente e descobrir petróleo. Hoje não seria tão fácil,com o preço a que ele se está a transaccionar. Mas, mais preocupante, é preciso ser bruxo para adivinhar o preço a que o vamos comprar daqui a um ano. O WTI estava a ser vendido a 38 dólares o barril no início do mês, e a 28 no dia 19 – uma queda de dez dólares. Sexta-feira tinha recuperado para 32.
O mercado confunde porque estamos sob vários choques. Primeiro tivemos um aumento de 90% da produção nos EUA nos últimos seis anos, graças às técnicas não convencionais de produção (o ‘horizontal drilling’ e o ‘hydraulic’ ‘fracturing’), que permitiram a este país passar a ser o maior produtor mundial em Junho de 2015. Os EUA passaram de “viciados em petróleo” a potencial ‘dealer’: em Dezembro o Congresso votou o fim da proibição de exportação do ouro negro, velha de 40 anos.
Ao mesmo tempo, a situação económica internacional deteriorou-se, com o abrandamento económico dos países emergentes, a desvalorização do yuan, as sanções sobre Irão e Rússia e as consequentes reduções da procura no mercado mundial. Os preços caíram para valores abaixo dos 30 dólares por barril no princípio do ano, o que compara com os recordes de Julho de 2008: 145,61 para o Brent e 145,31 para o WTI. Ou seja, estamos 115 dólares abaixo, uma queda de 80%.
Há ainda uma dimensão estratégica. A Arábia Saudita manteve a sua produção, contribuindo para o excesso de oferta, para forçar o preço a cair e eliminar os novos produtores (sobretudo americanos) que dependiam dos preços altos devido os altos custos da produção não convencional. Mas estes produtores provaram ser resistentes, conseguindo ganhar produtividade que os fez manterem-se competitivos. Inicialmente admitia-se que não resistiriam abaixo dos 50 dólares por barril, hoje já há quem admita que conseguem operar aos 25. Entretanto, a motivação dos sauditas mudou: mantêm os preços baixos para forçar os russos a retirar da Síria e Iraque, e ter o Irão em cheque. Para mais, MBS (Mohamed Ben Salman), de pendor mais reformista, ganha influência a MBN (Mohamed Ben Nayef), seu primo, junto do Rei Salman, o que acrescenta à incerteza.
Mas petróleo barato não são só boas notícias para quem depende das importações dele. Quem o exporta tem dificuldades a ajustar a uma queda tão rápida do preço, sobretudo com os maus hábitos ganhos com o preço alto. O preço do petróleo que equilibra o orçamento é, para a Venezuela, mais de 110 dólares, 95 para a Rússia, mais de 90 para a Arábia Saudita e 70 para o Koweit. Esta é a razão da economia russa ter caído 4% em 2015, e da vida ter sido igualmente difícil para outros produtores, como Nigéria ou Angola. Portanto, a procura destes países sofre, e diminuem as exportações dirigidas para eles.
Ou seja, não há almoços grátis – perdemos com a factura quando o preço é alto, mas perdemos nas exportações também quando ele é muito baixo. Uma coisa é certa, a prazo o preço vai subir. E quando subir, não sabemos onde vai parar.
00:05 h
Fernando Pacheco
Económico
Jean Paul Getty disse um dia que a fórmula do sucesso é levantar cedo, trabalhar arduamente e descobrir petróleo. Hoje não seria tão fácil,com o preço a que ele se está a transaccionar. Mas, mais preocupante, é preciso ser bruxo para adivinhar o preço a que o vamos comprar daqui a um ano. O WTI estava a ser vendido a 38 dólares o barril no início do mês, e a 28 no dia 19 – uma queda de dez dólares. Sexta-feira tinha recuperado para 32.
O mercado confunde porque estamos sob vários choques. Primeiro tivemos um aumento de 90% da produção nos EUA nos últimos seis anos, graças às técnicas não convencionais de produção (o ‘horizontal drilling’ e o ‘hydraulic’ ‘fracturing’), que permitiram a este país passar a ser o maior produtor mundial em Junho de 2015. Os EUA passaram de “viciados em petróleo” a potencial ‘dealer’: em Dezembro o Congresso votou o fim da proibição de exportação do ouro negro, velha de 40 anos.
Ao mesmo tempo, a situação económica internacional deteriorou-se, com o abrandamento económico dos países emergentes, a desvalorização do yuan, as sanções sobre Irão e Rússia e as consequentes reduções da procura no mercado mundial. Os preços caíram para valores abaixo dos 30 dólares por barril no princípio do ano, o que compara com os recordes de Julho de 2008: 145,61 para o Brent e 145,31 para o WTI. Ou seja, estamos 115 dólares abaixo, uma queda de 80%.
Há ainda uma dimensão estratégica. A Arábia Saudita manteve a sua produção, contribuindo para o excesso de oferta, para forçar o preço a cair e eliminar os novos produtores (sobretudo americanos) que dependiam dos preços altos devido os altos custos da produção não convencional. Mas estes produtores provaram ser resistentes, conseguindo ganhar produtividade que os fez manterem-se competitivos. Inicialmente admitia-se que não resistiriam abaixo dos 50 dólares por barril, hoje já há quem admita que conseguem operar aos 25. Entretanto, a motivação dos sauditas mudou: mantêm os preços baixos para forçar os russos a retirar da Síria e Iraque, e ter o Irão em cheque. Para mais, MBS (Mohamed Ben Salman), de pendor mais reformista, ganha influência a MBN (Mohamed Ben Nayef), seu primo, junto do Rei Salman, o que acrescenta à incerteza.
Mas petróleo barato não são só boas notícias para quem depende das importações dele. Quem o exporta tem dificuldades a ajustar a uma queda tão rápida do preço, sobretudo com os maus hábitos ganhos com o preço alto. O preço do petróleo que equilibra o orçamento é, para a Venezuela, mais de 110 dólares, 95 para a Rússia, mais de 90 para a Arábia Saudita e 70 para o Koweit. Esta é a razão da economia russa ter caído 4% em 2015, e da vida ter sido igualmente difícil para outros produtores, como Nigéria ou Angola. Portanto, a procura destes países sofre, e diminuem as exportações dirigidas para eles.
Ou seja, não há almoços grátis – perdemos com a factura quando o preço é alto, mas perdemos nas exportações também quando ele é muito baixo. Uma coisa é certa, a prazo o preço vai subir. E quando subir, não sabemos onde vai parar.
00:05 h
Fernando Pacheco
Económico
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