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“Desimportamento”
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“Desimportamento”
este “desimportar-se” de muitas pessoas, surge como uma espécie de mecanismo de defesa
O mundo do nosso tempo carateriza-se por um conjunto de transformações tão rápidas, imprevisíveis e radicais que podemos mesmo falar de uma situação de “crise”, de uma verdadeira transformação social e cultural com implicações e consequências a todos os níveis da vida. No centro desta “metamorfose” encontra-se o processo de revisão radical da perspetiva e visão do próprio eu pessoal, do outro e da sociedade, num permanente questionar de sistemas, valores, ideologias e convicções.
Hoje, mais do que nunca, cada pessoa é chamada a encontrar e a enfrentar a vida, marcada pelo jogo do equilíbrio de diferentes forças, pela constante tomada de decisão, e procura fazê-lo com tanta lucidez e perspicácia quanto possível. Porém, um certo apelo ao desenvolvimento das pessoas, das sociedades e dos povos foi-se e vai-se transformado numa espécie de “mito do bem-estar”, do “primado do eu”, da exaltação do indivíduo e de uma sociedade de consumo.
Chegados a este momento, reconhecemos que existiu e existe neste processo uma certa sobrevalorização do individuo que se entende relativamente aos outros, às coisas e mesmo à sociedade e que leva muitos a desenvolver e assumir uma grande variedade de atitudes de insensibilidade, apatia e desinteresse relativamente a alguém ou alguma coisa. Em linguagem popular podíamos dizer que se trata de uma pessoa “desimportada”, ou seja, que não só, não dá valor, não dá importância e não apresenta qualquer preocupação em relação a alguém ou alguma coisa, como tem falta de entusiasmo, de curiosidade, de emoção e de paixão.
Se este “desimportamento” se entende relativamente aos outros, podemos ter múltiplas formas de individualismo, como sejam, o egoísmo, o egocentrismo, o subjetivismo, etc. É então percebermos que aqueles pais estão completamente “desimportados” com a situação do seu filho na escola, que aquele professor está “desimportado” com aquele aluno que apresenta dificuldades, que aquele filho é totalmente “desimportado” com os seus pais que são idosos e vivem sós, que aquele profissional de saúde está “desimportado” com o doente que necessita de urgentes cuidados, que aquela pessoa está “desimportada” em resolver uma situação que ajudaria outros a conseguirem obter algo de que necessitam, etc.
Este não se importar, não dar importância, não dar valor, está muitas vezes, associada quer ao egoísmo resultante da sobrevalorização de si próprio, quer à insensibilidade, ao desapego e à frieza, aspetos que não combinam muito com a condição social que nós, seres humanos, vivemos, e que faz com que nos relacionemos com as outras pessoas. Ser “desimportado” quer dizer não sentir qualquer interesse frente a uma situação ou uma pessoa, que “tudo dá no mesmo”. É claro que quando mostramos “desimportamento” em relação a algo ou alguém, o que realmente fazemos é nos afastar dessa pessoa ou dessa circunstância. “Desimportar-se” por alguém significa por isso que estamos a retirar todos os nossos sentimentos, que nada mais existe para nós.
Podemos ainda afirmar que este “desimportar-se” de muitas pessoas, surge como uma espécie de mecanismo de defesa, ao qual estas se agarram para não se aproximarem das outras pessoas e de envolverem, para não sofrerem contínuas deceções perante os contratempos da vida. Assim, “manter-se à margem” ou “não esperar nada de nada, nem de ninguém”, é um modo de proteção.
Por mais variadas, complexas e por vezes paradoxais que sejam as relações que se podem estabelecer entre as pessoas, é preciso promover o diálogo, o respeito, a proximidade e a RELAÇÃO, pois só podemos afirmar a própria identidade do “ser homem” (a nossa identidade), como aquele que “está-no-mundo-com-os-outros” e não “desimportando-se” dos outros.
Marco Gomes
Diário de Notícias da Madeira
Domingo, 31 de Janeiro de 2016
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