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‘So you think you have a budget’
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‘So you think you have a budget’
A coreografia da negociação do Orçamento do Estado ilustra bem os desafios para conciliar a poesia do discurso político interno com a matemática de Bruxelas.
A União Europeia, consciente da fragilidade da sua arquitetura política, costuma ser suave nas formas mas é contundente na gestão das responsabilidades financeiras dos países da periferia institucional, como já demonstrou no passado com Portugal e como transparece nas negociações atuais do orçamento público.
Imagino que a dificuldade habitual nas empresas para passar da poesia dos cenários futuros idílicos, que nos vendem os fornecedores, à crueza da matemática dos acionistas e dos financiadores, vê-se multiplicada na política, particularmente com uma maioria parlamentar de esquerdas que, como Adão, diz desconhecer o sabor da maçã e propõe um retorno ao paraíso. A escassa margem temporal entre as eleições e a negociação do orçamento ainda piora as coisas para este nosso Governo, que saltou da poesia da campanha eleitoral para a crueza do seu primeiro orçamento sem tempo para afinar uma prosa de governação que facilitasse essa transição.
A necessária concreção de qualquer orçamento é imune às promessas políticas, às declarações de intenções ou aos discursos sobre valores abstratos. Mostrem-me o orçamento de qualquer governo e dir-vos-ei quais são os seus valores reais e as suas verdadeiras intenções. A imprecisão de Costa, que é um líder difuso, é uma virtude na política eleitoral mas uma potencial limitação quando se trata de concretizar um orçamento consistente.
Mas a economia moral do défice e da dívida é uma disciplina tão difusa como o próprio Costa, que sabe que, enquanto a ortodoxia exige o seu pagamento, a necessidade política exige o seu perdão. E, afinal, os decisores de Bruxelas também são políticos e sabem bem que a política é a arte do possível e os limites do que é possível fazer em Portugal são, neste momento, relativamente claros.
Muito provavelmente, o governo conseguirá encontrar a saída do labirinto do orçamento com alguma conivência europeia para aceitar projeções económicas de cenários futuros que ajudem a administrar a complexidade política do presente. A coreografia que o governo preparou para este orçamento é capaz de ser suficientemente boa para convencer o júri de Bruxelas de que, com algum treino, este governo pode continuar no concurso. Até porque a alternativa é bastante feia.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
A União Europeia, consciente da fragilidade da sua arquitetura política, costuma ser suave nas formas mas é contundente na gestão das responsabilidades financeiras dos países da periferia institucional, como já demonstrou no passado com Portugal e como transparece nas negociações atuais do orçamento público.
Imagino que a dificuldade habitual nas empresas para passar da poesia dos cenários futuros idílicos, que nos vendem os fornecedores, à crueza da matemática dos acionistas e dos financiadores, vê-se multiplicada na política, particularmente com uma maioria parlamentar de esquerdas que, como Adão, diz desconhecer o sabor da maçã e propõe um retorno ao paraíso. A escassa margem temporal entre as eleições e a negociação do orçamento ainda piora as coisas para este nosso Governo, que saltou da poesia da campanha eleitoral para a crueza do seu primeiro orçamento sem tempo para afinar uma prosa de governação que facilitasse essa transição.
A necessária concreção de qualquer orçamento é imune às promessas políticas, às declarações de intenções ou aos discursos sobre valores abstratos. Mostrem-me o orçamento de qualquer governo e dir-vos-ei quais são os seus valores reais e as suas verdadeiras intenções. A imprecisão de Costa, que é um líder difuso, é uma virtude na política eleitoral mas uma potencial limitação quando se trata de concretizar um orçamento consistente.
Mas a economia moral do défice e da dívida é uma disciplina tão difusa como o próprio Costa, que sabe que, enquanto a ortodoxia exige o seu pagamento, a necessidade política exige o seu perdão. E, afinal, os decisores de Bruxelas também são políticos e sabem bem que a política é a arte do possível e os limites do que é possível fazer em Portugal são, neste momento, relativamente claros.
Muito provavelmente, o governo conseguirá encontrar a saída do labirinto do orçamento com alguma conivência europeia para aceitar projeções económicas de cenários futuros que ajudem a administrar a complexidade política do presente. A coreografia que o governo preparou para este orçamento é capaz de ser suficientemente boa para convencer o júri de Bruxelas de que, com algum treino, este governo pode continuar no concurso. Até porque a alternativa é bastante feia.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
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