Brincadeira de mau gosto

António Costa mascarou-se de padre-cura em púlpito dominical e desatou a dar conselhos naquele tique irritante do Estado ‘paizinho’.

Só pode ter sido uma (má) influência da época carnavalesca. António Costa mascarou-se de padre-cura em púlpito dominical e desatou a dar conselhos naquele tique irritante do Estado ‘paizinho’, sem pudor nenhum em intrometer-se e ditar as normas da vida pessoal. 

O usem mais transportes públicos, deixem de fumar e moderem o recurso ao crédito, isto tudo a propósito do aumento dos impostos indiretos, cheira a um bafio ainda não desaparecido e, espanto, provém de um setor político autointitulado força motriz do progresso.

Imagina-se agora o desconforto da esquerda mais à esquerda, incomodada com a ingerência na liberdade individual mas, ao mesmo tempo, constrangida para não abalar a coligação de circunstância. E, sem pretender retirar as medalhas de ouro do mau gosto e da abelhice a certa direita, sejamos honestos a ponto de admitir que, se fosse Cavaco Silva a proferir tais conselhos, a ‘intelligentsia’ desabava de indignação, gozo e riso bem audível. 

Ainda mais uma nota. Após as afirmações, ouvidas num encontro com simpatizantes do PS no Porto, não rezam as crónicas que Costa tenha apanhado um comboio na estação de São Bento para regressar a casa.

11.02.2016 00:30
PAULO FONTE 
Chefe de Redação/Revistas
Correio da Manhã