Portugal e os sinais de alerta dos mercados

Os juros das Obrigações do Tesouro a dez anos atingiram ontem 4,531%, quase o dobro dos 2,334% que se registaram no dia em que o Governo de António Costa tomou posse.

A subida dos juros da dívida portuguesa a níveis de Março de 2014 fez soar os sinais de alerta. Os analistas entendem que os mercados temem que Portugal não consiga cumprir o Orçamento do Estado, pelos riscos que encerra. O presidente do Eurogrupo, que ontem apreciou o OE/2016, disse que o país tem de estar preparado para tomar mais

medidas de austeridade ao longo do ano, se for necessário. Por cá, o primeiro-ministro procurou desdramatizar ao afirmar que a agitação nos mercados europeus também atingiu Portugal. A questão é que os juros da dívida portuguesa são os que mais sobem, em comparação com os de Espanha ou Itália, que tiveram subidas de 15% e 20%, respectivamente, desde 26 de Novembro de 2014, enquanto Portugal assistiu a uma

subida de 75% no mesmo período. O aviso dado pelos mercados é sério, quer por significar uma subida da despesa pública, mas também para aferir as ideias das agências de ‘rating’. Se a canadiana DBRS, a única que tem Portugal em grau de investimento, baixar a notação, o país deixará de estar incluído no programa de compra de dívida do BCE e, assistir-se-á a uma escalada ainda mais dramática dos juros. É bom, por isso, que o Governo saiba responder aos desafios, sem ceder às imposições da esquerda. Senão, serão uma vez mais os portugueses a pagar, a prazo, mas com língua de palmo, os erros da governação.

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Económico