A TAP em acentuado desnorte

Enquanto a companhia nacional cancela rotas no Porto as outras aumentam as ligações.

O processo de transição na TAP está uma confusão. Por estes dias foram revelados novos dados de um negócio com contornos estranhos que permanecem guardados, até agora, numa espécie de caixa negra. Vamos ignorar por agora a operação financeira na qual o Estado paga mas são os privados que ficam a mandar. Coisa complexa de explicar numa empresa em que um e outros detêm 50% do capital.

Fiquemo-nos então pela estranha opção de esvaziar o aeroporto do Porto, retirando-lhe relevância e ligações rentáveis à Europa, como muito bem provou Rui Moreira.

O presidente da Câmara do Porto relembrou aqui no ‘CM’ que, para a TAP, nem que essas rotas fossem 100% rentáveis se alcançaria a sua rentabilidade. E, assim sendo, o que fazer das outras? Como se este cenário não fosse já demasiado surrealista, eis que aparece o primeiro-ministro António Costa a garantir, num encontro com socialistas do Norte, que o Governo vai defender a manutenção de uma base no Porto e respetivas rotas. Garantias? Os 50% do Estado na empresa. Era de rir se o caso não fosse sério.

Enquanto o desnorte da TAP se acentua, a concorrência da TAP vê no Porto uma oportunidade. A companhia de aviação que mais cresce em volume de rotas, a Turkish Airlines, colocou há pouco o Porto nas suas ligações a Istambul. A Aigle Azur vai ligar a Invicta a uma nova rota a Lyon em março e a gigante alemã Lufthansa – a única grande companhia que nunca desinvestiu no Porto – anunciou para breve quatro frequências semanais entre o Norte de Portugal e Munique. Alô, TAP, está alguém aí?

12.02.2016 00:30
ALFREDO LEITE
Jornalista
Correio da Manhã