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‘In servitio societatis scientiae’ - Madeira
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‘In servitio societatis scientiae’ - Madeira
É justo reconhecermos que há uma nova visão para usar a ciência
Ciência ao serviço da sociedade, é o designo do projeto do Observatório Oceânico da Madeira (OOM) recentemente aprovado pelo Instituto de Desenvolvimento Regional (IDR). O projeto foi contemplado com um orçamento de cerca de 1.9 milhões de euros (85% dos quais provenientes de fundos EU), e visa intensificar o estudo dos recursos marinhos e marítimos da Região Autónoma da Madeira. Numa primeira fase do Observatório (2014-2015) foi efetuado um esforço para agregar numa plataforma comum, alguma da informação existente nas várias instituições Regionais com atuação na área do Mar. Constatou-se, que efetivamente existe muita informação útil disponível. No entanto, parte dessa informação deverá ser cientificamente validada, qualificando-a para assessorar a tomada de decisão, particularmente no que respeita à gestão dos recursos costeiros. Em tempos, quando interessava promover a construção de infraestruturas costeiras de forma desregrada, quanto menos informação científica de qualidade existisse mais fácil ficaria o trabalho das consultoras e avaliadoras ambientais, que poderiam sempre refugiar-se na falta de dados (observações in situ) para recomendarem a execução de um determinado projeto.
A nova fase do projeto do OOM recentemente inaugurada visa precisamente colmatar algumas das lacunas de informação para podermos compreender (com algum rigor e detalhe), os principais processos que estão a afetar a costa das nossas pequenas ilhas. É necessário continuarmos a constituir uma base-de-dados com uma caracterização rigorosa dos organismos existentes nas nossas águas (i.e. biodiversidade); é igualmente pertinente estudar os impacto das atividades humanas (antropogénicas), que afetam estes ecossistemas costeiros, tal como o impacto do lixo no mar, das alterações climáticas e/ou das espécies invasoras (provenientes de outras paragens) nas nossas águas.
Os recursos pesqueiros serão igualmente alvo de estudos no âmbito deste projeto. Os especialistas recomendaram desenvolvermos mais estudos sobre espécies costeiras, que poderão acrescentar valor ao mercado Regional, tais como as lapas, os caramujos e/ou os ouriços do mar. Para melhorarmos a produção piscícola (Maricultura), é importante diversificarmos a oferta de espécies, bem como estudar os elementos que induzem perturbações no crescimento das mesmas (‘stress’), tais como a luz, temperatura, pH da água, de entre outros. O estudo dos contaminantes (toxinas; metais pesados, etc.), é outro tema muito relevante e que condiciona a qualidade do peixe, pelo que merecerá especial atenção no projeto do Observatório Oceânico da Madeira.
A Madeira está geoestrategicamente posicionada no Oceano Atlântico entre vários continentes (Europa-Africa-Américas). Por aqui passam espécies migratórias de aves, tartarugas, mamíferos marinhos, bem como peixes (como os cardumes de atum e de cavala). No passado, foram colocados transmissores de satélite em alguns destes organismos verificando-se, por exemplo, que as Cagarras das Selvagens visitam tanto a Mauritânia como a costa do Brasil; as tartarugas marinhas que passam pela Madeira, deslocam-se contra as correntes oceânicas em direção aos Açores, e alguns cetáceos (baleias e golfinhos) passam por cá para alimentarem a família, a caminho dos Polos.
Estão reunidas informações de valor que necessitam ser analisadas de forma a demonstrarmos cientificamente este posicionamento geoestratégico do Arquipélago. Neste âmbito, serão desenvolvidos vários estudos que poderão colocar as instituições Regionais no mapa do financiamento internacional para estudo das espécies migradoras do Atlântico.
Do ponto de vista das correntes marinhas (oceanografia física) é importante continuarmos a desenvolver tanto a qualidade dos modelos de circulação oceânica existentes, como a aplicação destes modelos ao estudo do transporte de organismos, de poluentes e do lixo flutuante. É urgente validarmos os cálculos efetuados por estes modelos com mais e melhores medidas, principalmente no âmbito costeiro. O projeto OOM fica assim incumbido de proporcionar mais observações com vista a melhorar os sistemas de previsão meteo-oceanográfica disponíveis na Região.
Finalmente conseguimos iniciar na Região um movimento que discuti (em 2010) neste matutino, neste espaço, aquando da participação num projeto com a fundação CIMA, em Itália. Estávamos no rescaldo do 20 de Fevereiro, e Génova tal como a Madeira é assiduamente afetada por cheias rápidas e por isso dispõem de um forte investimento e recursos científicos para estudar e prever estes fenómenos. Como diz o velho ditado “a necessidade aguça o engenho”, e no contexto Regional era urgente definirmos uma identidade científica (no âmbito marinho e marítimo) adequada às necessidades e oportunidades proporcionadas pela nossa Região.
É justo reconhecermos que há uma nova visão para usar a ciência, o conhecimento científico, como instrumentos para estruturar a exploração e uma gestão responsável dos recursos marinhos. É igualmente justo reconhecermos, que tal disponibilidade político-administrativa, também sensibilizou a comunidade científica para focar os seus estudos na zona costeira da Ilhas do Arquipélago da Madeira, de forma a poder gerar informação rigorosa, útil para assessorar os decisores e projetistas do futuro. Algo aprendemos com os erros do passado, ganhará a (nova) Madeira bem como as novas gerações de Madeirenses!
Rui Caldeira Investigador e Docente Universitário
Diário de Notícias da Madeira
Sexta, 19 de Fevereiro de 2016
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