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A confissão das maldades
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A confissão das maldades
Aos poucos, começamos a assistir a um estranho sentimento de culpa da parte do anterior governo nacional.
Estranho, não pelo reconhecimento do óbvio, mas pelo despudor com que é feito. E pior: essa espécie de confissão vem embrulhada num tom de quase orgulho. E isso resulta numa atrevida provocação.
A primeira vez que me apercebi desta nova estratégia foi quando o antigo primeiro-ministro a assumiu de viva voz, em declarações que ouvi numa rádio. Disse Passos Coelho, quando justificava a razão de nova candidatura à liderança do PSD, que sabia da impopularidade das medidas que tomara no governo. Que reconhecia que, em alguns momentos, elas tiveram sérias consequências sociais. Mas depois dizia que teve de ser assim para evitar o caos.
E acrescentava que está pronto a voltar ao governo. Fiquei indignado com esse discurso e, música por música, mudei de estação radiofónica.
Agora, foi a vez do anterior secretário de Estado Adjundo e do Orçamento fazer ainda pior. Esta semana, no Funchal, o ex-governante, perante uma sala cheia de alunos, confessou: “Tivemos de fazer maldades aos portugueses”.
A frase, embora totalmente verdadeira e justificada, não deixa de ser reveladora de uma enorme insensibilidade, frieza e crueldade. Mas foi proferida em ambiente descontraído. Até com notas de humor pelo meio. Como se fosse coisa pouca. E não foi.
A nova moda da confissão não atinge apenas os antigos governantes nacionais. Alguns dos novos governantes regionais e sobretudo apoiantes do antigo governo também seguem o mesmo rumo. Os mais atrevidos defendem agora com a mesma aparente convicção exactamente o contrário do que defendiam no nosso ‘antigo regime’.
É verdade que ainda não confessaram maldades, pelo menos em público, mas revelam agora uma estonteante destreza a apontar erros onde antes apenas encontravam virtudes. É a coerência que temos. Firme como varas verdes em dia de vento.
Mas este tipo de discurso, seguido por vários outros antigos governantes ou seus apoiantes, tem naturalmente uma intenção. Procura ‘lavar mais branco’ e justificar essas maldades. E o mais curioso é que ainda tem seguidores. Não apenas entre os que, cegos, seguem o partido, mas também os que acreditam mesmo que era preciso fazer essas maldades aos portugueses. E não era. Pelo menos não com a intensidade que todos sentimos.
É evidente que era preciso corrigir as contas e que isso comporta sempre dificuldades. Mas o que foi feito foi cortar a eito, como se não houvesse amanhã. Mas houve. Esse amanhã é hoje e hoje ainda se sente o efeito de uma austeridade desmesurada, aplicada de cima para baixo sem olhar a quem aguenta ou não. E muitos não aguentaram.
Emigraram, ficaram sem emprego, faliram, perderam casas, direitos e regalias. Tudo em nome de uma política que foi além do que era preciso.
“Tivemos de fazer maldades aos portugueses”, reconhece agora um ex-secretário de Estado, na linha do que admitem outros antigos governantes e apoiantes dos governos de lá e de cá. Como já escrevi, nestes casos, quem diz a verdade merece mesmo castigo.
Miguel Silva
Diário de Notícias da Madeira
Actualizado há 8 horas e 24 minutos
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