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Mah Dy
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Mah Dy
Foi essa a tentação que fez desviar de Mah Dy a atenção dos seus pais; ocorreu um terrível acidente, e eles foram responsabilizados por falta de cuidados com a sua filha, segundo as austeras, justas e igualitárias leis do Império Proibido.
Mah Dy era uma adorável criança do Império de Meio, estimada como só se pode ser num país que tem como regra o filho único.
Os pais de Mah Dy tinham uma boa posição social. As profundas mudanças ocorridas no seu país de origem permitiam-lhes viajar pelo Mundo, e mesmo conseguir um visto permanente de entrada no Império Proibido – aquele em que só se entra munido de vários certificados de pureza de raça, de bom comportamento civil, moral, político e religioso. Em alternativa, ter muito dinheiro para gastos.
Foi pela última via que os pais de Mah Dy entraram no Império Proibido. E mais: dentro do mesmo conceito, encontraram alojamento num dos locais mais caros da capital do Império.
Nesse local, um antigo Governador da Cidade (que chegou a ser Grão Vizir do Império Proibido) havia autorizado a instalação de um casino; a questão não fora pacífica, uma vez que havia o Partido dos Utópicos, que achava que haveria outras infraestruturas quiçá mais urgentes, e que os casinos, além de não prioritários, convidam ao vício – o do jogo, e não só.
Varridas as objeções, lá se implantou o casino, e a vida foi decorrendo, agora ao som das fichas rolando no pano verde. Para ali confluíam, segundo a tradição multisecular da Cidade, gentes de muitas e desvairadas partes.
Foi essa a tentação que fez desviar de Mah Dy a atenção dos seus pais; ocorreu um terrível acidente, e eles foram responsabilizados por falta de cuidados com a sua filha, segundo as austeras, justas e igualitárias leis do Império Proibido.
Lamentável caso, que faz lembrar outros, como o de Madie, a pequenita inglesa, ao que parece subtraída aos pais enquanto estes estavam num restaurante ali perto.
Claro que qualquer comparação entre os casos de Mah Dy e Madie não tem cabimento; só pela semelhança na pronúncia dos nomes se poderia estabelecer a confusão.
Os pais de Madie eram súbditos do Império Proibido, embora de outro reino dele integrante (ainda que, ao que parece, a título precário); como tal, nem foram detidos, nem foram tolhidos os seus movimentos através do Império; tornaram-se até figuras públicas, a ponto de terem tido acesso ao Sumo-Sacerdote Universal. Sobre eles escreveram-se livros, fizeram-se programas de televisão, correram rios de tinta, abateram-se florestas para fazer papel.
Mas acusações sérias, só uma foi feita, e acabou com o castigo do acusador.
Os pais de Mah Dy, embora tolerados no Império Proibido, não gozaram dessa benevolência.
A menos que, por uma simples regra de matemática primária, chamada regra de três, as coisas corram para outro lado.
Explicitando: se o Reino de Madie, ainda parte do Império Proibido, tem uma população de 63 milhões de habitantes, o Império do Meio tem 1,376 milhões: logo, tem 25 vezes mais habitantes. Se o mesmo Reino tem um PIB de 2,4 triliões de dólares, o do Império do Meio é de 19,15 triliões: logo, 8 vezes superior.
Em princípio, nada disto tem a ver com a Justiça; mas, dadas as múltiplas e crescentes dependências do Império Proibido em relação ao Império do Meio, nada mais natural que a situação se inverta. Até talvez com pedidos de desculpa e indemnizações.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Por Nuno Santa Clara
Barreiro
26.02.2016 - 12:34
ROSTOS.pt
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