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O Japão encolheu. E agora?
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O Japão encolheu. E agora?
Desapareceu um milhão de japoneses entre 2010, data do último censo, e 2015. Mistério? Não, só o saldo de nascimentos versus mortes num país pouco habituado a imigrantes. Problema? Os próprios governantes japoneses admitem que sim, a ponto de se multiplicarem em iniciativas para fazer o número médio de filhos por mulher passar de 1,4 para 1,8, mesmo assim abaixo dos 2,1, a fasquia que renova gerações. É com incentivos monetários, mais creches e legislação laboral favorável que se inverte a tendência? Isso é discutível. Se fosse só uma questão de dinheiro seria fácil para os japoneses contrariar o encolhimento da população, afinal são o terceiro país mais rico do mundo. Ver-se-á o resultado desta política daqui a uns tempos.
Há uns anos, um artigo da The Economist previa já a redução do número de japoneses, bastava olhar para o envelhecimento e para a natalidade. Num exercício ousado, a revista até dizia que o último japonês morreria em 2800. Por enquanto, essa extinção da nação japonesa é hipótese remota, até porque o arquipélago conta com 127 milhões de habitantes. O que está iminente é a saída do grupo dos dez países mais populosos, pois México e Filipinas têm crescimento fulgurante.
Chegámos a um ponto essencial. O choque de duas tendências. Por um lado o Japão e várias outras nações desenvolvidas, da Alemanha a Portugal, do outro os países ditos pobres, onde se continua a nascer muito mais do que se morre, como acontece em África, na América Latina e em boa parte da Ásia, caso da Índia, que está quase a tornar-se o país mais populoso do mundo. A própria China, depois de décadas de política de filho único, começa a preocupar-se com o envelhecimento da população e anunciou o fim das restrições, sinal de que o sucesso recente a aproximou, muito, dos dilemas do mundo desenvolvido.
Mas será assim tão negativo o envelhecimento demográfico? Traz desafios, é certo, desde a sustentabilidade da segurança social até à necessidade de criar apoio a um povo de idosos. Mas chegar a um ponto de equilíbrio, com a estabilização da população aceitando alguma imigração, pode ser um cenário com o qual os políticos possam até se conformar. Nesse aspeto, o Japão uma vez mais dá pistas. Os seus dois problemas crónicos, o envelhecimento e a estagnação, não impedem que o país seja próspero, não só uma potência como um paraíso de bem-estar. Surge em 20.º no Índice de Desenvolvimento Humano, entre o Luxemburgo e a Bélgica. À frente na Ásia só Singapura e Coreia do Sul.
Aliás, todos os números do Japão são enganadores. As previsões da The Economist para 2016 dão 1,7% de crescimento do PIB, 5,9% de défice, 1,4% de inflação. E a dívida está acima dos 200% do PIB. Contudo, o país da Toyota e da Sony, da manga e do anime, do sushi e do bonsai, dá cartas. Será o futuro do mundo desenvolvido um pouco como o Japão de hoje? Não parece mal de todo.
29 DE FEVEREIRO DE 2016
00:01
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
Há uns anos, um artigo da The Economist previa já a redução do número de japoneses, bastava olhar para o envelhecimento e para a natalidade. Num exercício ousado, a revista até dizia que o último japonês morreria em 2800. Por enquanto, essa extinção da nação japonesa é hipótese remota, até porque o arquipélago conta com 127 milhões de habitantes. O que está iminente é a saída do grupo dos dez países mais populosos, pois México e Filipinas têm crescimento fulgurante.
Chegámos a um ponto essencial. O choque de duas tendências. Por um lado o Japão e várias outras nações desenvolvidas, da Alemanha a Portugal, do outro os países ditos pobres, onde se continua a nascer muito mais do que se morre, como acontece em África, na América Latina e em boa parte da Ásia, caso da Índia, que está quase a tornar-se o país mais populoso do mundo. A própria China, depois de décadas de política de filho único, começa a preocupar-se com o envelhecimento da população e anunciou o fim das restrições, sinal de que o sucesso recente a aproximou, muito, dos dilemas do mundo desenvolvido.
Mas será assim tão negativo o envelhecimento demográfico? Traz desafios, é certo, desde a sustentabilidade da segurança social até à necessidade de criar apoio a um povo de idosos. Mas chegar a um ponto de equilíbrio, com a estabilização da população aceitando alguma imigração, pode ser um cenário com o qual os políticos possam até se conformar. Nesse aspeto, o Japão uma vez mais dá pistas. Os seus dois problemas crónicos, o envelhecimento e a estagnação, não impedem que o país seja próspero, não só uma potência como um paraíso de bem-estar. Surge em 20.º no Índice de Desenvolvimento Humano, entre o Luxemburgo e a Bélgica. À frente na Ásia só Singapura e Coreia do Sul.
Aliás, todos os números do Japão são enganadores. As previsões da The Economist para 2016 dão 1,7% de crescimento do PIB, 5,9% de défice, 1,4% de inflação. E a dívida está acima dos 200% do PIB. Contudo, o país da Toyota e da Sony, da manga e do anime, do sushi e do bonsai, dá cartas. Será o futuro do mundo desenvolvido um pouco como o Japão de hoje? Não parece mal de todo.
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