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TAP, que TAP?
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TAP, que TAP?
Vimos recentemente, o Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, fazer declarações contra a TAP por esta ter anulado quatro rotas (Milão, Roma, Bruxelas, Barcelona) alegando que essa medida era lesiva da cidade do Porto e uma machadada na economia do Norte por dificultar a vida aos homens de negócios (do sector do calçado, dos têxteis, vinho do Porto, etc.) que necessitam de efectuar deslocações a esses mercados para promoverem as exportações dos seus produtos em condições razoáveis e contribuírem para a internacionalizaçâo da economia da região.
Que é mais cómodo viajar «ponto a ponto» em viagens de negócios ninguém duvida até porque perde-se menos tempo com escalas ou transferências que para este segmento de mercado «é dinheiro» («time is money»).
Mas isso chega para justificar uma rota que a companhia que a opera, fez as contas, e afirma que não é rentável e por isso a cancela?
Não sabemos se tal acontece por uma questão de preço cobrado ao passageiro, insuficiente no caso, mesmo registando uma boa ocupação média («load factor»), se é pela imputação de custos de estrutura da empresa, que seriam pesados, no caso de uma companhia de bandeira como era a TAP.
De qualquer modo, se desse lucro cabe na cabeça de alguém que a empresa a abandonaria?
Além de que a linha, sendo rentável, pela procura que gera, atrai logo outros operadores mais competitivos, no caso a RYANAIR, porque as «contas» deles são outras, nomeadamente a incidência dos «custos gerais e administrativos», que mesmo alinhando o preço/pax com o da TAP, ou podendo até ser inferior, geram um excedente, que rentabiliza a linha e por consequência a gestão global dessas empresas.
Numa fase em que a TAP procura racionalizar a sua gestão com o concurso de entes privados na sua gestão é legitimo esperar que situações idênticas possam vir a ocorrer noutras rotas igualmente deficitárias.
Mas, como compreender as declaraçoes do autarca, ainda mais vindo do meio privado, ao ponto de podermos afirmar que não valerá a pena fazer “reverter” para o Estado parte do negócio que foi realizado com a venda da TAP por poder gerar “ineficiências” que encarecem a gestão e a tornam menos competitiva, resultando em necessidades de capitalização futura por parte do accionista Estado, que somos todos nós. E, a ser assim, a decisão seria mais política que económica.
Porque, não vale a pena o Estado influenciar a estratégia da empresa para desenvolver rotas que são melhor operadas por terceiros, ou existem apenas para satisfazer núcleos de comunidades portuguesas que geram normalmente uma procura muito sazonal ou «afastam» outros tipos de clientela mais rentáveis como seja a do turismo de negócios.
Ou então, recorra-se assumidamente ao subsídio (que já se pratica com as «low cost») para incentivar a abertura ou a manutenção de certas rotas por gerarem tráfego turístico que interessam ao país e levam a que as contas a fazer tenham em devida conta o seu contributo para o desenvolvimento económico global,l com base no turismo.
Mas então teria de haver uma concertação a nível governamental entre o Ministério da Economia e o dos Transportes, pelo menos, para aplicar essa lógica que é a de poder justificar-se uma operação deficitária no transporte, como existem em certos destinos turísticos, por haver outras compensações para a economia. Seria uma TAP mais instrumental para o desenvolvimento da actividade turística do país, o que uma companhia pública certamente facilitaria.
Mas, hoje em dia o mercado mudou, no sentido em que a necessidade de garantir o transporte como instrumento de uma política económica mais abrangente não é tão premente, porque com a concorrência que existe e o elevado número de players que actuam no mercado europeu, e global, lá onde houver uma procura com suficiente «massa crítica» para desenvolver o negócio turístico, logo surge um operador interessado em explorá-la, mas não seria uma TAP pública, como a que conhecemos, concerteza.
Por isso, reverter, sim, se for para tomar decisões estratégicas que, entre outros pressupostos, tenham em conta a racionalidade financeira e/ou económica da opção, não, se for para obedecer a preconceitos ideológicos ou a realidades mal fundamentadas para justificar uma alteração do modelo societário.
Nuno Jardim Fernandes, Gestor
Diário de Notícias da Madeira
Terça, 15 de Março de 2016
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