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A Europa de joelhos
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A Europa de joelhos
De novo o terror. De novo um continente ferido, exibindo uma confrangedora incapacidade de prevenir as ameaças, condenado a reagir só com palavras, indignadas, é certo, imagens (Tintin a chorar), gestos simbólicos de impotência.
Mas não estamos obrigados a entrar em silêncio na noite escura. A Europa tem de se defender. Sem segurança não há liberdade, embora não devamos também ceder à tentação do excesso de segurança, que tolhe a liberdade. E esta é o mais belo triunfo da condição humana, que na Europa alcançou uma expressão inigualável.
A Europa precisa de se defender, mas isso não significa perseguir indiscriminadamente estrangeiros ou até nacionais, de origens étnicas ou religiões distintas das nossas. Não é possível, como advoga uma retórica em expansão aparentemente imparável, expulsar os muçulmanos do solo europeu, apontando-os generalizadamente como "o" inimigo". Não o é por razões práticas, pois são dezenas de milhões; por razões jurídicas, pois muitos são nacionais de países europeus e não podem ser expulsos dos seus países; não o é pelas terríveis consequências económicas da saída dessa mão-de-obra. Mas sobretudo não é concebível que a Europa, berço dos valores humanistas mas também campo de muitas sangrentas batalhas, aceite essa solução, uma barbárie sem nome.
Os extremistas de todas as condições devem entender que a única resposta é a integração. Os radicais islâmicos querem justamente semear esse tipo de cizânia, fazendo que a massa imensa de muçulmanos do continente se sinta acossada, tornando-se assim no inimigo. No dia em que isso suceder a batalha está perdida, acreditem. E por isso não devemos ceder ao medo, aumentar a níveis insustentáveis a pulsão securitária, hipotecar os valores europeus, fechar fronteiras. A Europa retrogradaria a tempos obscuros, que é o que os nossos inimigos buscam.
Como devem então agir os líderes europeus, que nestes momentos trágicos parecem incapazes de políticas consequentes para além das grandes proclamações? Antes do mais, unir-se em objetivos comuns; criar um verdadeiro sistema de informações europeu; coordenar polícias; gerir bases de dados eficientes de ameaças referenciadas (talvez Abdeslam tivesse sido preso em novembro); dotar as políticas de migração (o Frontex), bem como o combate ao terrorismo dos recursos necessários; secar as fontes de financiamento do Daesh e impedir que lhes seja vendido armamento; levar o direito a todos os recantos de cada país, eliminando os guetos; criar condições para a verdadeira integração dos imigrantes; e agir preventivamente, com firmeza e determinação.
Devia ser assim, mas não o tem sido. Os europeus continuam divididos. A pressão da demagogia e o receio de perder votos tolhem os políticos nacionais. O maior inimigo dos europeus é a sua própria pusilanimidade e indecisão. Só em conjunto, na força da união, podemos resolver os problemas que nos são colocados.
24 DE MARÇO DE 2016
00:13
Paulo Almeida Sande, ex-diretor do gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa
Diário de Notícias
Mas não estamos obrigados a entrar em silêncio na noite escura. A Europa tem de se defender. Sem segurança não há liberdade, embora não devamos também ceder à tentação do excesso de segurança, que tolhe a liberdade. E esta é o mais belo triunfo da condição humana, que na Europa alcançou uma expressão inigualável.
A Europa precisa de se defender, mas isso não significa perseguir indiscriminadamente estrangeiros ou até nacionais, de origens étnicas ou religiões distintas das nossas. Não é possível, como advoga uma retórica em expansão aparentemente imparável, expulsar os muçulmanos do solo europeu, apontando-os generalizadamente como "o" inimigo". Não o é por razões práticas, pois são dezenas de milhões; por razões jurídicas, pois muitos são nacionais de países europeus e não podem ser expulsos dos seus países; não o é pelas terríveis consequências económicas da saída dessa mão-de-obra. Mas sobretudo não é concebível que a Europa, berço dos valores humanistas mas também campo de muitas sangrentas batalhas, aceite essa solução, uma barbárie sem nome.
Os extremistas de todas as condições devem entender que a única resposta é a integração. Os radicais islâmicos querem justamente semear esse tipo de cizânia, fazendo que a massa imensa de muçulmanos do continente se sinta acossada, tornando-se assim no inimigo. No dia em que isso suceder a batalha está perdida, acreditem. E por isso não devemos ceder ao medo, aumentar a níveis insustentáveis a pulsão securitária, hipotecar os valores europeus, fechar fronteiras. A Europa retrogradaria a tempos obscuros, que é o que os nossos inimigos buscam.
Como devem então agir os líderes europeus, que nestes momentos trágicos parecem incapazes de políticas consequentes para além das grandes proclamações? Antes do mais, unir-se em objetivos comuns; criar um verdadeiro sistema de informações europeu; coordenar polícias; gerir bases de dados eficientes de ameaças referenciadas (talvez Abdeslam tivesse sido preso em novembro); dotar as políticas de migração (o Frontex), bem como o combate ao terrorismo dos recursos necessários; secar as fontes de financiamento do Daesh e impedir que lhes seja vendido armamento; levar o direito a todos os recantos de cada país, eliminando os guetos; criar condições para a verdadeira integração dos imigrantes; e agir preventivamente, com firmeza e determinação.
Devia ser assim, mas não o tem sido. Os europeus continuam divididos. A pressão da demagogia e o receio de perder votos tolhem os políticos nacionais. O maior inimigo dos europeus é a sua própria pusilanimidade e indecisão. Só em conjunto, na força da união, podemos resolver os problemas que nos são colocados.
24 DE MARÇO DE 2016
00:13
Paulo Almeida Sande, ex-diretor do gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa
Diário de Notícias
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