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As empresas não investem
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As empresas não investem
O primeiro-ministro prometeu ‘dar’ um milhão de euros por dia de fundos europeus às empresas. Provavelmente até será mais: cerca de 450 milhões de euros em 2016. Poderá estar aqui a tábua de salvação do investimento empresarial, em queda desde Outubro? Oxalá, mas tenho dúvidas.
As dúvidas têm a ver com o que se passou nas últimas duas décadas. A partir de certa altura, como as prioridades óbvias estavam atendidas (autoestradas, saneamento básico, etc.), passou-se a gastar os fundos europeus para aproveitar dinheiro disponível e barato, sem avaliar o benefício económico ou social do investimento a realizar. Daí o excesso de autoestradas, de rotundas, de pavilhões gimnodesportivos, etc.
Sem os fundos da UE entre 2000 e 2015 o PIB português seria hoje 5% inferior ao que é. Só que esse dinheiro não foi bem investido, não contribuindo assim para um crescimento sustentado da nossa economia. Este dado é conhecido e foram tomadas algumas medidas para prevenir o tal investimento só para aproveitar os fundos europeus e dirigi-lo mais para as empresas. Mas o dinheiro fácil raramente leva a bons resultados. O economista Francisco Madelino, por exemplo, apontou a possibilidade de os fundos comunitários servirem sobretudo para limpar o balanço dos bancos.
Em 2014 as empresas portuguesas investiram 30% menos do que em 2008. E a esboçada recuperação desse investimento abrandou em 2015. Ora sem investimento empresarial a economia não cresce ou cresce pouco e portanto não cria emprego. Por isso nos dois primeiros meses deste ano os despedimentos coletivos foram 36% superiores aos registados em janeiro-fevereiro de 2015. Só tem havido investimento empresarial de alguma dimensão em novos hotéis, o que frequentemente implica grandes obras de reabilitação de prédios.
As dificuldades de acesso ao crédito bancário são reais. E travam o investimento das empresas, demasiado endividadas apesar de um ligeiro alívio desde 2013 e, portanto, demasiado dependentes do crédito bancário. As grandes empresas (nomeadamente três delas: EDP, Brisa e REN) até se podem financiar emitindo obrigações, que o BCE agora compraria. Mas a grande maioria das empresas não tem acesso ao mercado de obrigações nem à bolsa.
O chamado “banco de fomento”, que o anterior governo apenas conseguiu lançar no fim da legislatura, ainda não fez chegar qualquer capital às empresas. O novo ministro da Economia diz ser preciso reformá-lo…
Neste capitalismo sem capital precisamos mesmo de investimento direto estrangeiro. Só que não gerámos condições atraentes para esse investimento, que prefere o Leste europeu. As constantes alterações fiscais, o facto de o IRC não ter descido este ano (contra o que estava acordado entre PSD/CDS e PS), o mau funcionamento da justiça, haver dois partidos de extrema-esquerda, anticapitalistas, a apoiar com intermitências no Parlamento o governo socialista, a reversão de privatizações, a incerteza política e económica, tudo isso afasta o potencial investidor.
Daniel Bessa, grande conhecedor do tecido empresarial português, foi ao fundo da questão ao dizer que o verdadeiro problema do país não é de financiamento mas de economia. Creio que Daniel Bessa inclui aí a falta de confiança nas políticas e nas instituições. Algo que tem vindo a piorar desde o início do século.
Francisco Sarsfield Cabral | 30/03/2016 21:03
SOL
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