TGV português pode voltar à discussão em 2017

O TGV, sigla incorreta para designar os vários projetos de alta velocidade ferroviária que foram tentados nas últimas décadas em Portugal, pode voltar a ser um forte tema de discussão já a partir de 2017. Na passada quarta-feira, Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas, num almoço patrocinado pelo IPCT – International Club of Portugal, em Lisboa, admitiu essa possibilidade, embora tenha ressalvado que essa hipótese só poderá avançar se na Assembleia da República se conseguir uma maioria de dois terços dos deputados.

Questionado pelo professor e jurista Manuel Porto sobre a data em que Portugal poderia usufruir de “um comboio rápido”, o ministro do Planeamento respondeu: “em Portugal, não se consegue discutir sobre questões acalorados; em temros comunicacionais este foi um tema muito mal tratado em Portugal”.

“Não temos esse invesitmento feito por um conjunto de razões que são conhecidas”, sublinhou Pedro Marques, sem nunca utilizar a expressão TGV ou alta velocidade ferroviária.

E o ministro do Planeamento e das Infraestruturas abriu a borta à reabertura da discussão sobvre este tema polémico, ao dizer que “o que quer que venha a ser feito no plano das infraestruturas no próximo ciclo, vai necessitar de um consenso de dois terços dos deputados da Assembleia da República”. Pedro Marques aproveitou para revelar que “o Governo está já a estudar num novo modelo para o Plano de Mobilidade de 2020 a 2030, que vai ser trabalhado em pormenor já em 2017 e que vai definir alguns dos tipos de investimento para esse novo ciclo”.

Pedro Marques aproveitou o convite do IPCT para falar sobre a proposta de Oçamento, que deverá ser hoje apresentada no Parlamento. “Têm de esperar 48 horas para conhecer a formatação do imposto imobiliário. Não foi feito de uma forma maquiavélica para acabar com o investimento. Trata-se de um imposto com equidade fiscal e que não quer ser um instrumento de repúdio fiscal, era o que faltava”, disse o ministro do Planeamento e das Infraestruturas.

O governante assegurou também que 2017 “é o ano para acabar com a sobretaxa do IRS”. Sobre o apoio ao financiamento das empresas, Pedro Marques considerou que que “é uma questão crítica”, porque “o crédito continua cair” e “há muito trabalho para fazer na frente bancária”.

Pedro Marques anunciou uma medida, que deverá estar inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2017, para tentar solucionar a questão da capitalização das empresas, com um instrumento de ‘capital reversal’, em que um determinado investidor pode investir numa empresa em dificuldades para a reestruturar, e ao fim de uns anos, quando isso for conseguido, se for essa a sua intenção, recuperar o dinheiro investido.

Nuno Miguel Silva
 10:44
Jornal Económico