Nova expansão de contentores em Sines tem de ser negociada até 2017

Presidente do porto alentejano alerta que ao ritmo actual, o aumento de capacidade negociada há meses será atingido em 2018.

O porto de Sines continua em forte ritmo de expansão, em particular no segmento de contentores, cujo terminal (XXI) é gerido pela PSA, multinacional da cidade-estado de Singapura. "Ao ritmo de crescimento actual, de cerca de 300 a 400 mil TEU [unidade-padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento] por ano, prevejo que o limite de capacidade do terminal estimado com as obras que estão a arrancar, estabelecido no último acordo com a PSA, de 2,5 milhões de TEU por ano, deverá ser atingido em 2018", revela João Franco, presidente da APS - Administração do Porto de Sines, em entrevista ao Diário Económico.

"Isto quer dizer que, o mais tardar, em 2017, terá de se avançar para uma de duas alternativas: ou por via negocial com a PSA, sendo certo que nesta hipótese será necessário ter a concordância do Tribunal de Contas, ou não sendo assim, terá de se proceder à abertura de um concurso público internacional para a concessão de um novo terminal de contentores no porto de Sines", explica João Franco.

A actual concessão do terminal de contentores do porto de Sines, gerida pela PSA, termina em 2029. "Os 940 metros de cais e os 35 hectares previstos para parqueamento de contentores, estipulados pelo contrato de concessão, estão cumpridos", assegura o presidente da APS. João Franco acrescenta que as obrigações acrescidas para o Estado português, referentes às obras marítimas de protecção e ao molhe, para proporcionar condições de operacionalidade na bacia de manobra e no canal de acesso, também estão concluídas.

Depois do recente acordo entre o Estado português e a PSA para expandir a capacidade do terminal de contentores de Sines dos actuais 1,7 para 2,5 milhões de TEU por ano, através de um aumento da capacidade do cais Noroeste, a primeira parte da obra já foi adjudicada à Mota-Engil, como o Diário Económico revelou em primeira mão. Está previsto um investimento de cerca de 40 milhões de euros, integralmente assumido pela PSA, e as obras, que estão neste momento a arrancar, ainda deverão terminar este ano.

Em paralelo, a APS avançou para este ano com um outro investimento, relativo à regularização dos fundos marinhos , no valor de cerca de 10 milhões de euros. A obra ainda não começou porque a grande maioria dos equipamentos necessários para esta intervenção existentes a nível mundial estão a ser utilizados na obra de alargamento do Canal do Suez. "Mas prevemos que o início dos trabalhos ocorra ainda este ano, com conclusão esperada para o início de 2016", garante João Franco.

O presidente da APS sublinha que este investimento "vai permitir aumentar a capacidade de manobra dos navios, a segurança marítima, a celeridade das operações e a entrada e saída de navios específica, tendo em conta o aumento de actividade que se tem registado o terminal de contentores de Sines e que se espera com o aumento de capacidade que vai ser concretizado em 2015".

Este investimento abre já possibilidade, do lado marítimo, para a futura expansão do terminal de contentores em Sines. "O estudo de impacto ambiental deste projecto já está a ser alvo de discussão pública, o qual deverá ser aprovado formalmente em breve", revelou o presidente da APS.

João Franco destaca também um investimento de cerca de 400 mil euros que a APS efectuou numa nova nave logística, prepara para ter frio. "Isto representou uma diferença face ao modelo adoptado no passado. Anteriormente, havia uma contratualização com o concessionário, fosse em concessão ou num contrato de utilização do espaço, em que o privado fazia o investimento, explorava o espaço e no final do prazo esse activo revertia para a APS", observou João Franco. Perante a crise, a APS apercebeu-se de que muitas empresas tinham interesse em utilizar uma nave na área logística de Sines, mas não tinham capacidade financeira para fazer o investimento. 

"Por isso, decidimos fazer o investimento, fazer a cedência do espaço, na totalidade ou em parte, recebendo a respectiva renda", assume o presidente da APS, adiantando que estas obras já está concluída desde o final de 2014.

Em relação à área logística de Sines, João Franco tem a expectativa de ganhar um cliente de relevo, um grande operador logístico espanhol, cuja identidade não quis revelar.

NUNO MIGUEL SILVA
08/05/2015 00:07 h
Económico