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O Verão quente de 2015
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O Verão quente de 2015
Tivesse o Governo aplicado metade desta energia ao hiperbolicamente designado “Guião para a Reforma do Estado”, e estaríamos num sítio bem diferente.
É muito parecido, este Verão, com o Verão quente de 75.
A mesma força motriz - a ideologia -, mas com sentidos precisamente opostos. E se em 75 as nacionalizações se faziam em nome da melhoria do bem-estar colectivo agora fazem-se privatizações em nome da ideia de que o Estado gere mal.
Estou a ser generoso, unificando o argumentário do actual Governo. Ele variou, e de que maneira.
Primeiro era a ‘troika' e o compromisso de receita assumido no memorando de entendimento.
Depois da ‘troika', e já excedido o tal objectivo (vamos quase no dobro) passámos ao duplo argumento (recomenda-se agora que o leitor, se enjoa, tome um comprimido) que temos de privatizar a empresa A porque dá prejuízo, logo é um ónus para o contribuinte e a empresa B porque dá lucro, logo é viável nas mãos do sector privado e o Estado não tem de andar a interferir no mercado.
Ou ainda - e para esta situação não me peçam o "racional" - o ainda mais notável caso da empresa C, em que o Estado cancelou encomendas que tinha feito, declarou a empresa inviável, concessionou-a a privados e, uma vez isto feito, tenciona fazer lhes nova encomenda. Da mesma coisa. Sobre este assunto a nossa imprensa, quiçá ocupada com deslocações a feiras no estrangeiro, simpaticamente patrocinadas, disse nada.
Com isto tudo, chegamos a 2015 com mais de nove mil milhões de euros resultantes da venda de empresas que eram do Estado e já não são (ou pelo menos, não são do Estado Português que o preconceito contra a propriedade pública não se estende a chineses, franceses, brasileiros, etc).
Receita esta que, aparentemente, não chega para evitar a promessa de mais um corte de 600 milhões de euros nas pensões já em 2016. Consta que esta é uma promessa para cumprir. Mesmo.
O dossier das privatizações é uma área em que o Governo não só tem denotado uma eficácia avassaladora (nem tempo tem para escolher assessorias pro concurso público) como, com o aproximar do fim da legislatura, só tem vindo a acelerar. Como disse em Março a Secretária de Estado do Tesouro "havendo tempo, não há razão para não haver mais privatizações", e para isso parece que o último dia em funções ainda servirá.
Tivesse o Governo aplicado metade desta energia ao hiperbolicamente designado "Guião para a Reforma do Estado", e estaríamos num sítio bem diferente.
Na mesma semana em que o Governo tenta passar a ideia de que já privatizou a TAP (na realidade escolheu o candidato a quem venderá, talvez, no futuro, a TAP) avançam, em Lisboa, Carris e Metro, mais a EMEF e a CP - Carga, mais a concessão do Oceanário, enfim, uma pessoa quase perde o fio à meada.
Se calhar a ideia é mesmo essa, aproveitando a curta capacidade de concentração do nosso espaço mediático. Vamos tentar não contribuir para isso. Só uma vez, vá lá, prometo que não se repete.
00:05 h
Marco Capitão Ferreira
Económico
É muito parecido, este Verão, com o Verão quente de 75.
A mesma força motriz - a ideologia -, mas com sentidos precisamente opostos. E se em 75 as nacionalizações se faziam em nome da melhoria do bem-estar colectivo agora fazem-se privatizações em nome da ideia de que o Estado gere mal.
Estou a ser generoso, unificando o argumentário do actual Governo. Ele variou, e de que maneira.
Primeiro era a ‘troika' e o compromisso de receita assumido no memorando de entendimento.
Depois da ‘troika', e já excedido o tal objectivo (vamos quase no dobro) passámos ao duplo argumento (recomenda-se agora que o leitor, se enjoa, tome um comprimido) que temos de privatizar a empresa A porque dá prejuízo, logo é um ónus para o contribuinte e a empresa B porque dá lucro, logo é viável nas mãos do sector privado e o Estado não tem de andar a interferir no mercado.
Ou ainda - e para esta situação não me peçam o "racional" - o ainda mais notável caso da empresa C, em que o Estado cancelou encomendas que tinha feito, declarou a empresa inviável, concessionou-a a privados e, uma vez isto feito, tenciona fazer lhes nova encomenda. Da mesma coisa. Sobre este assunto a nossa imprensa, quiçá ocupada com deslocações a feiras no estrangeiro, simpaticamente patrocinadas, disse nada.
Com isto tudo, chegamos a 2015 com mais de nove mil milhões de euros resultantes da venda de empresas que eram do Estado e já não são (ou pelo menos, não são do Estado Português que o preconceito contra a propriedade pública não se estende a chineses, franceses, brasileiros, etc).
Receita esta que, aparentemente, não chega para evitar a promessa de mais um corte de 600 milhões de euros nas pensões já em 2016. Consta que esta é uma promessa para cumprir. Mesmo.
O dossier das privatizações é uma área em que o Governo não só tem denotado uma eficácia avassaladora (nem tempo tem para escolher assessorias pro concurso público) como, com o aproximar do fim da legislatura, só tem vindo a acelerar. Como disse em Março a Secretária de Estado do Tesouro "havendo tempo, não há razão para não haver mais privatizações", e para isso parece que o último dia em funções ainda servirá.
Tivesse o Governo aplicado metade desta energia ao hiperbolicamente designado "Guião para a Reforma do Estado", e estaríamos num sítio bem diferente.
Na mesma semana em que o Governo tenta passar a ideia de que já privatizou a TAP (na realidade escolheu o candidato a quem venderá, talvez, no futuro, a TAP) avançam, em Lisboa, Carris e Metro, mais a EMEF e a CP - Carga, mais a concessão do Oceanário, enfim, uma pessoa quase perde o fio à meada.
Se calhar a ideia é mesmo essa, aproveitando a curta capacidade de concentração do nosso espaço mediático. Vamos tentar não contribuir para isso. Só uma vez, vá lá, prometo que não se repete.
00:05 h
Marco Capitão Ferreira
Económico
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