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Matar uma ideia
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Matar uma ideia
António Costa pôs o dedo na ferida: o sistema financeiro português tem problemas graves, está carregado de crédito malparado, apesar de já ter despejado parte dele ao longo dos últimos anos. É preciso começar a pensar já nas soluções, que levam tempo a ser encontradas, negociadas, financiadas e, depois, aprovadas por Bruxelas. O primeiro-ministro poderia ter seguido outro caminho. Ficava calado, tentava que o assunto passasse despercebido e, quando surgissem problemas graves e talvez sistémicos para a economia, diria qualquer coisa de vago e indignado, sublinhando a responsabilidade do Banco de Portugal. António Costa fez outra escolha: não se excluiu, pelo contrário, seguiu uma linha que começa a tornar-se comum em temas espinhosos - BPI, Banif e lesados do BES -, assumiu a iniciativa e colocou pressão sobre todos os envolvidos.
Não se conhece ainda quase nada do esquema que permitirá juntar num veículo financeiro uma parte considerável do malparado, mas a preocupação do governo ficou explícita - não é coisa pouca. O modelo é de difícil concretização, os exemplos espanhol e italiano, países com problemas parecidos, podem servir de inspiração, mas não parecem sólidos o suficiente para que Portugal os copie sem pensar nos riscos para bancos e contribuintes. Ainda está para nascer a solução adequada, que limpe o sistema sem desresponsabilizar a banca.
O risco moral de beneficiar os infratores, safando-os dos erros cometidos, deve ser tido em conta e não ignorado, embora sem esquecer que em alguns casos estamos perante as consequências da bolha económica e da Grande Recessão que se seguiu. Há erros de gestão, haverá crimes, há banqueiros e empresários que terão de ser julgados em tribunal, não apenas pela opinião pública, mas o contexto do país tornou tudo mais difícil, criando ele próprio problemas onde antes não os havia, ou melhor, onde antes eles não se viam, já que a bolha de dívida maquilhou e distorceu a realidade.
A intervenção de António Costa neste assunto, sugerindo um caminho e não uma solução fechada, não agradou ao PCP e ao Bloco, que preferem nacionalizar a banca inteira. Não agradou também a alguns analistas, que preferiam manter as aparências e continuar a viver em negação. A questão, portanto, é esta: o primeiro-ministro não deve escolher empresas vencedoras e perdedoras, isso compete ao mercado. Não deve fabricar campeões nacionais, já sabemos como a história acaba. Mas deve assumir a sua responsabilidade política, mesmo que haja quem prefira matar a ideia à nascença.
Editorial
14 DE ABRIL DE 2016
00:01
André Macedo
Diário de Notícias
Não se conhece ainda quase nada do esquema que permitirá juntar num veículo financeiro uma parte considerável do malparado, mas a preocupação do governo ficou explícita - não é coisa pouca. O modelo é de difícil concretização, os exemplos espanhol e italiano, países com problemas parecidos, podem servir de inspiração, mas não parecem sólidos o suficiente para que Portugal os copie sem pensar nos riscos para bancos e contribuintes. Ainda está para nascer a solução adequada, que limpe o sistema sem desresponsabilizar a banca.
O risco moral de beneficiar os infratores, safando-os dos erros cometidos, deve ser tido em conta e não ignorado, embora sem esquecer que em alguns casos estamos perante as consequências da bolha económica e da Grande Recessão que se seguiu. Há erros de gestão, haverá crimes, há banqueiros e empresários que terão de ser julgados em tribunal, não apenas pela opinião pública, mas o contexto do país tornou tudo mais difícil, criando ele próprio problemas onde antes não os havia, ou melhor, onde antes eles não se viam, já que a bolha de dívida maquilhou e distorceu a realidade.
A intervenção de António Costa neste assunto, sugerindo um caminho e não uma solução fechada, não agradou ao PCP e ao Bloco, que preferem nacionalizar a banca inteira. Não agradou também a alguns analistas, que preferiam manter as aparências e continuar a viver em negação. A questão, portanto, é esta: o primeiro-ministro não deve escolher empresas vencedoras e perdedoras, isso compete ao mercado. Não deve fabricar campeões nacionais, já sabemos como a história acaba. Mas deve assumir a sua responsabilidade política, mesmo que haja quem prefira matar a ideia à nascença.
Editorial
14 DE ABRIL DE 2016
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André Macedo
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