Projecto CALLSSIBA avança: interligação estratégica de "interesse comum" trará vantagens a todos

Numa conferência que visou aprofundar o conhecimento sobre o projecto CALLSSIBA (acrónimo do nome 'Corredor Atlântico Logístico Lisboa-Setúbal-Sines-Badajoz') e explicar as suas virtualidades comerciais, infra-estruturais e estratégicas, ficou hoje patente o mútuo compromisso entre as administrações portuárias de Sines, Lisboa e Setúbal, e as instituições governamentais da Extremadura espanhola, no sentido de materializar um projecto capaz de aumentar as trocas comerciais entre as partes, fomentando a interdependência cooperativa e beneficiando os agentes económicos que se liguem ao corredor logístico.

O projecto CALLSSIBA visa ligar por via ferroviária os portos portugueses de Sines, Setúbal e Lisboa ao território espanhol, abrindo a porta ao aumento do tráfego comercial pelo corredor Atlântico, permitindo que os portos lusos funcionem como porta de entrada e saída de produtos provenientes da região altamente dinâmica da Extremadura, possibilitando uma maior penetração das mercadorias portuguesas em Espanha e, eventualmente, no restante território europeu - um vaivém comercial cujo potencial dinamizador é, segundo os intervenientes da conferência, realizada na Gare Marítima de Alcântara, elevado.

A conferência contou com as intervenções de Miguel Bernal Carrión (presidente da Plataforma Logística do Sudoeste Europeu) e dos presidentes das administrações portuárias da APS (João Franco) e da APSS (Vítor Caldeirinha): ambos elogiaram a ambição do projecto e o enquadramento global de um interesse comum que deverá ser perseguido, para bem de Portugal e Espanha. João Franco deixou claro que Sines "acredita muito neste projecto", mostrando satisfação pelo grau de compromisso demonstrado pelo governo da Extremadura. Vítor Caldeirinha sublinhou o problema da limitação do hinterland luso, vendo no CALLSSIBA capacidade para resolver, em boa parte, essa pecha estrutural. Para o líder da APSS, o projecto "é importante para se ganhar escala", podendo até "fomentar a cooperação" interna entre os portos lusos.

A conferência prosseguiu com os contributos de Juan Romero (do Porto Seco do Sudoeste Europeu), Carlos Vasconcelos (da MSC Rail) e Eduardo Bandeira (membro do projecto CALLSSIBA): falando pelos três portos lusos, Eduardo Bandeira revelou que o projecto, orçado em 2.838.612 milhões de euros (divididos pelas três administrações portuárias lusas e pela Plataforma Logística do Sudoeste Europeu ), “foi submetido com êxito a uma candidatura” para financiamento no âmbito do Programa INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP – Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha/Portugal), e encontra-se em pleno andamento, não dependendo a sua execução do eventual financiamento comunitário.

Eduardo Bandeira adiantou que o projecto encontra-se actualmente na fase da preparação dos cadernos de encargos; a fase seguinte prender-se-á com a execução de testes (já no ano de 2019) nas infra-estruturas integrantes. Entre os incrementos que o CALLSSIBA promete trazer, constam a célere movimentação de mercadorias, a eliminação de redundâncias e de erros administrativos (com suporte de papel a desaparecer da equação), a extensão da JUL ao porto seco de Badajoz, um melhor controlo aduaneiro e uma maior fluidez dos interfaces terrestres dos terminais portuários e plataformas logísticas.

O CALLSSIBA foi também alvo de elogios por parte de Carlos Vasconcelos, que vê no projecto "potencial significativo", sendo possível que, na sua visão, a consolidação do corredor atlântico em questão abra a porta para um maior índice de tráfego ferroviário. Apelidando-o de "projecto de sucesso", Vasconcelos deixou ainda assim alertas sobre situações que poderão atrasar o progresso do projecto, como a excessiva burocracia alfandegária - o CALLSSIBA poderá, pela sua vertente tecnológica, minimizar tais implicações. No mesmo painel, Juan Romero, do Porto Seco do Sudoeste Europeu, revelou que a plataforma apenas funcionará (já o fazendo há 6 meses) até existir um terminal integrado na Plataforma Logística do Sudoeste Europeu.

A conferência teve também a participação de José António Gomes Pereira, do grupo SOL Badajoz Frutas Salud, de Joana Coelho, da APAT, de Fernando Delgado, da MacAndrews Portugal, e de Luís Marques, do Grupo RANGEL, todos eles discursando sob o mote 'Procura de Mercado'. A conclusão foi unânime: o projecto será uma mais-valia estratégica e infra-estrutural que terá efeitos positivos, quer na competitividade, quer no fortalecimento geral da economia.

28/04/2016
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