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O Plano B
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O Plano B
Uma vez que este ano se comemora a entrada de Portugal na então chamada Grande Guerra, e por isso nela tanto se fala, vamos fazer uma incursão pelo Passado, para explicar o Presente e talvez preparar o Futuro.
A França, derrotada pela Alemanha em 1871, só tinha em mente tirar a desforra e recuperar os territórios da Alsácia e Lorena, perdidos nesse desastre.
Assim, elaborou entre 1912 e 1914 o Plano XVII, que previa a mobilização e concentração das suas tropas, com o objetivo de invadir a Alemanha, ou melhor, segundo o seu ponto de vista, libertar os territórios franceses ocupados pelos alemães, logo na primeira fase de conflito.
E assim se fez: os exércitos franceses atacaram na Lorena e na Alsácia, para as libertar do jugo alemão.
Só que os deuses da guerra não lhes foram favoráveis. Entre 7 de Agosto e 13 de Setembro decorreu a Batalha das Fronteiras, em que os franceses foram derrotados e obrigados a retirar, seguindo-se a 1ª Batalha do Marne, bem dentro da França – para a qual não tinha sido elaborado nenhum plano…
Da odisseia que foi a improvisação francesa da defesa de Paris, diretamente ameaçada pelo avanço alemão, ficou a imagem dos táxis parisienses, mobilizados para transportar soldados para a frente de batalha. Não pelo sucesso da operação: no total, transportaram apenas o equivalente a dois regimentos. Mas pela determinação e capacidade de improviso, ou seja, o contrário do ataque alemão, feito de acordo com o famoso plano Schlieffen.
Por outras palavras: não havia um plano B, para o caso do plano XVII correr mal.
Por este e por outros casos semelhantes, desde a mais remota antiguidade, tornou-se prática corrente, nos meios militares, elaborar planos de contingência. Com bons e maus resultados: segundo o comandante inglês da Guerra das Malvinas (das Falkland, na opinião ele) tudo correu bem porque não havia planos pré-estabelecidos do Estado-Maior…
Ironia à parte, é norma de todos os exércitos (dignos desse nome) elaborar planos para as diversas contingências; na sua elaboração, são postas em confronto diversas soluções, podendo dar origem a diversos planos, a aplicar conforme o decorrer das operações. A suprema arte da guerra está em prever ou provocar a surpresa (esqueçam a semântica).
Não é ciência nova. Já Luís de Camões havia escrito, n´Os Lusíadas:
“… nunca louvarei,
Capitão que diga, não cuidei”.
De modo que, quando se levantou recentemente entre nós a questão de um Plano B, quanto à estratégia do Governo, devo confessar que fiquei perplexo.
Duas questões se punham:
• Ou o Governo não tinha previsto um Plano B, e nesse caso, como Camões, nunca o louvaria;
• Ou tinha previsto um plano B, e, muito prudentemente, o mantinha reservado, e nesse caso, decerto o louvaria.
Quanto à Oposição, tínhamos também uma alternativa semelhante:
• Ou queria saber se o Governo tinha um plano B, saudável preocupação, que decerto eu louvaria;
• Ou esperava criar dificuldades ao Governo, pela revelação da ausência de Plano B, o que eu, pelo interesse nacional, decerto não louvaria.
Como tudo o que se passa na área da Economia, convém recordar que esta é a ciência da administração de recursos limitados; se os recursos fossem ilimitados, nem existiria tal ciência.
Quanto a nós… convém guardar ciosamente o pouco espaço de manobra que nos resta. Ainda não nos chegou, formalmente, um Ultimatum ao estilo do de 1890. Mas nem nessa altura se pôs em causa uma invasão de Portugal ou das colónias: bastaria impedir a concessão de crédito externo, e aguardar a rendição do País pela fome.
Em 1890, decerto pesou na decisão inglesa a falta de coesão e a inoperância dos meios políticos portugueses; basta lembrar que quem da situação criada tirou proveito foi o Partido Republicano, ou seja, um partido que estava fora do sistema…
Déja vu, como dizem os Franceses, ou nada de novo sob o Sol, à boa maneira portuguesa?
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, com anunciou o Presidente da República…
Nuno Santa Clara
Diário de Notícias da Madeira
Domingo, 1 de Maio de 2016
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