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Anda comigo ver os aviões
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Anda comigo ver os aviões
Basta uma sumaríssima pesquisa no Google para concluir o óbvio: o Aeroporto de Lisboa está no limite da capacidade pelo menos desde que há motores de pesquisa na Internet. O que equivale a dizer que esta é uma daquelas fatalidades lusitanas com que aprendemos a conviver com admirável normalidade. Governo após Governo, estudo após estudo. Em 2007, estimava-se que a maior infraestrutura aeroportuária do país ia rebentar em 2011; em 2008, dizia-se que ia esgotar em 2010; e, mais recentemente, em 2012, havia quem jurasse a pés juntos que em 2017 é que era. Pois bem, estamos quase a meio de 2016 e não consta que os passageiros que partem e chegam à Portela andem com falta de ar.
O Aeroporto de Lisboa não só está vivo, como mantém uma surpreendente elasticidade: a Autoridade Nacional da Aviação Civil (num novo estudo, lá está) estima, agora, que até ao final do ano, os clientes da Portela possam atingir os 24,8 milhões. Uma cifra verdadeiramente notável, se atendermos a que não foi assim há tanto tempo que aqueles que garantiam que não podia passar dos 18 milhões davam para encher um Boeing 747.
Não se julgue, porém, que o tema tenha entrado numa fase de hibernação política. Antes pelo contrário: a comprovarem-se estes números, a discussão em torno da construção de um novo aeroporto ou da opção por um equipamento que acrescente oferta a Lisboa (Portela+Montijo, por exemplo) volta a ganhar asas. Basta lembrar que o contrato celebrado entre o Estado e o grupo Vinci, a quem foi entregue a concessão dos aeroportos nacionais, prevê que as negociações para debater o assunto tenham como patamar mínimo os 22 milhões de passageiros em Lisboa. É fazer as contas.
Mas desenganem-se os que pensam que a opção Alcochete está morta. Que melhor prova de vida do que a prorrogação da declaração de impacte ambiental até dezembro, pedida pela ANA (controlada pela Vinci)? Ora, este grupo francês, além de gerir aeroportos, também é um gigante da construção e um dos maiores acionistas da Lusoponte, concessionária das travessias rodoviárias e, veja-se a coincidência, detentora exclusiva dos direitos de construção e exploração de uma terceira ponte sobre o rio Tejo.
Por isso, quando lerem o próximo estudo sobre a capacidade do Aeroporto de Lisboa, desconfiem primeiro e lembrem-se depois: os aviões não nos servem de nada se não houver estradas que nos levem a casa.
PEDRO IVO CARVALHO
11 Maio 2016 às 00:01
Jornal de Notícias
O Aeroporto de Lisboa não só está vivo, como mantém uma surpreendente elasticidade: a Autoridade Nacional da Aviação Civil (num novo estudo, lá está) estima, agora, que até ao final do ano, os clientes da Portela possam atingir os 24,8 milhões. Uma cifra verdadeiramente notável, se atendermos a que não foi assim há tanto tempo que aqueles que garantiam que não podia passar dos 18 milhões davam para encher um Boeing 747.
Não se julgue, porém, que o tema tenha entrado numa fase de hibernação política. Antes pelo contrário: a comprovarem-se estes números, a discussão em torno da construção de um novo aeroporto ou da opção por um equipamento que acrescente oferta a Lisboa (Portela+Montijo, por exemplo) volta a ganhar asas. Basta lembrar que o contrato celebrado entre o Estado e o grupo Vinci, a quem foi entregue a concessão dos aeroportos nacionais, prevê que as negociações para debater o assunto tenham como patamar mínimo os 22 milhões de passageiros em Lisboa. É fazer as contas.
Mas desenganem-se os que pensam que a opção Alcochete está morta. Que melhor prova de vida do que a prorrogação da declaração de impacte ambiental até dezembro, pedida pela ANA (controlada pela Vinci)? Ora, este grupo francês, além de gerir aeroportos, também é um gigante da construção e um dos maiores acionistas da Lusoponte, concessionária das travessias rodoviárias e, veja-se a coincidência, detentora exclusiva dos direitos de construção e exploração de uma terceira ponte sobre o rio Tejo.
Por isso, quando lerem o próximo estudo sobre a capacidade do Aeroporto de Lisboa, desconfiem primeiro e lembrem-se depois: os aviões não nos servem de nada se não houver estradas que nos levem a casa.
PEDRO IVO CARVALHO
11 Maio 2016 às 00:01
Jornal de Notícias
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