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Da capacidade de relativizar
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Da capacidade de relativizar
parece-lhe que falta aos europeus em geral, e aos portugueses em particular, capacidade de perceber o seu lugar no mundo
Não são só os cartazes com o Cristiano Ronaldo a exibir um ar confiante. Em cada viagem, qualquer que seja o destino, encontro um residente oriundo de Portugal. Na última vez, tive a sorte de conhecer Isabel Faria de Almeida, responsável pela cooperação para o desenvolvimento da União Europeia em Myanmar, a antiga Birmânia.
Para fora, o país até pode parecer um postal ilustrado. Repetem-se imagens de gente sorridente, palmeiras, arrozais, pagodes budistas. Lá dentro, a pobreza generalizada, os conflitos étnicos, o extremismo religioso, o desrespeito pelos mais elementares direitos humanos, sobretudo os das mulheres e das crianças. A democracia desperta, após 50 anos de ditadura militar, e com ela a esperança de dias melhores.
Começou a trabalhar na União Europeia em 1986. “Este ano, é histórico. São os 30 anos de adesão de Portugal à União Europeia e os meus 30 anos de trabalho [nas estruturas europeias].” Foi tradutora. Esteve na Direcção-Geral da Agricultura, em Bruxelas. Trabalhou na adesão da República Checa e na da Eslováquia. Passou pelo Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, em Lisboa. Está na cooperação para o desenvolvimento. Em Março de 2014, aterrou em Yangon, a capital económica de Myanmar (a capital política é Naypyidaw).
Lembra-lhe o Portugal do pós 25 de Abril. “Havia um entusiasmo, uma vontade de mudança. Eu era muito nova, mas isso marcou-me para sempre. E é um privilégio, passados tantos anos, voltar a ver isso.”
Não houve revolução ali. O país iniciou o processo de transição há cinco anos. A vontade de mudança ficou bem expressa nas urnas no ano passado. Agora, esperança infinita na liderança de Suu Kyi, secretária-geral da Liga Nacional para a Democracia. “As expectativas criadas são tão altas que é impossível estar à altura”, apontou Isabel Faria de Almeida.
A União Europeia envolveu-se a fundo neste processo de abertura política e económica. Na Ásia, só o Afeganistão recebe mais ajuda ao desenvolvimento. “É difícil, mas vemos o resultado directo do nosso suor, esforço, trabalho”, disse Isabel Faria de Almeida. “Quando começamos, por exemplo, a apoiar uma cooperativa de mulheres no delta de Myamar, mulheres que não tinham rendimento passam a tê-lo e ganham uma voz diferente.”
Vendo dali, parece-lhe que falta aos europeus em geral, e aos portugueses em particular, capacidade de perceber o seu lugar no mundo. “Os portugueses queixam-se o dia todo. As pessoas não percebem quão maravilhosas são as coisas que fazem parte do seu dia-a-dia, como abrir uma torneira e ter água corrente. Há muita gente no mundo que não tem torneira – nem água. Muito do que nos parece automático, não é. Mesmo a paz, que é o mais importante que podemos ter. A Europa vive em paz, embora a guerra esteja às suas portas.”
Só quem valoriza o que tem, trata de proteger o que tem. A começar pelo respeito, a tolerância, a democracia.
Ana Cristina Pereira
Jornalista do Público
Diário de Notícias da madeira
Domingo, 22 de Maio de 2016
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