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Mensagem por Admin Seg maio 23, 2016 10:46 am

Entre 2011 e o dia de hoje, os estivadores de Lisboa cumpriram um ano e quatro meses de greve. O que significa que custaram cerca de 20 milhões de euros ao Porto de Lisboa, mas muitíssimo mais ao país. Talvez não chegue para deixar prateleiras de supermercado vazias, mas cada dia de paragem - a mais recente já conta com 33 consecutivos - significa que toneladas de matérias-primas não entram na cidade, obrigando fábricas a trabalhar a meio-gás. E que produtos e rações para a indústria agropecuária ficam pelo caminho ou demoram três vezes mais tempo a chegar ao destino. E que as empresas portuguesas que se esforçam por vender os seus produtos lá fora - uma necessidade absoluta para o crescimento do país - vão perder tempo e gastar recursos para garantir que cumprem as entregas no prazo, sob pena de falharem contratos e perderem clientes. Tudo isto apenas em Lisboa - que representa mais de dois terços da circulação de produtos para a indústria alimentar. Os trabalhadores dos restantes portos reconhecem estas perdas e estes riscos para a economia - mais do que os diretamente ligados à greve dos estivadores de Lisboa, os danos permanentes, de confiança, por exemplo. No entanto, eles próprios preparam-se para parar durante cinco dias. Nos primeiros três meses do ano, as exportações portuguesas caíram 1,6%. A estagnação europeia e a crise nos nossos principais mercados extracomunitários ainda nos puxam para baixo. Mas os trabalhadores dos portos todos do país, de norte a sul e incluindo as ilhas, acreditam que as suas causas - ao contrário das dos estivadores, que dizem estar a causar demasiado dano à economia - valem os prejuízos que possam causar aos portos, às cidades, às empresas, ao país. Quando as empresas desistirem de arriscar e levarem os seus negócios para outras paragens, a quem vão apontar o dedo?

Editorial
23 DE MAIO DE 2016
00:01
Joana Petiz
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