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Chamam-lhe nazi mas meia Áustria vota nele
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Chamam-lhe nazi mas meia Áustria vota nele
Norbert Hofer foi eleito na Áustria. Ou falhou por pouco e a Europa não vai ter o primeiro presidente oriundo de um partido tido de extrema-direita desde a Segunda Guerra Mundial. À hora a que escrevo, Hofer e o ecologista Alexander Van der Bellen estão empatados na contagem, pelo que ninguém arrisca prever o vencedor. Na primeira volta, Hofer tinha conseguido 35% contra 21% do rival, com a surpresa de os candidatos apresentados pelos sociais-democratas e pelos conservadores terem sido logo eliminados, apesar de SPÖ e ÖVP serem sócios no governo. Mas seja qual for o vencedor declarado, é evidente que a sociedade austríaca se partiu ao meio.
Hofer fez uma campanha em tom moderado, falando mais da prioridade em combater o desemprego (9,1% e não os 5,8% que diz o Eurostat) do que da luta para manter os refugiados afastados, uma bandeira do FPÖ, sigla que se pode traduzir por Partido Austríaco da Liberdade. E, se costuma citar algum estadista, é Margaret Thatcher, não os ditadores fascistas da primeira metade do século XX, a começar pelo compatriota Adolf Hitler. Mas os manifestantes que saíram à rua em Viena para apelar ao voto em Van der Bellen não hesitaram em chamar-lhe "nazi".
É um país bizarro esta pequena Áustria, próspera e culta. Sim, foi a terra onde nasceu o apóstolo do nazismo e até se uniu com a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Mas foi também a nação que elegeu nos anos 1970 um chanceler de origens judaicas, Bruno Kreisky, que tivera de exilar-se na Suécia entre 1938 e 1945 para escapar à perseguição nazi e ao Holocausto.
O fenómeno Hofer não surge do nada: o FPÖ há duas décadas que mostra bons resultados e em 2000 até foi convidado pelos conservadores para o governo, o que causou então a indignação da União Europeia. Após a morte do histórico Jörg Haider, deu-se um esforço de moderação, premiado com uma coligação com os sociais-democratas que governa a província de Burgenland. Este resultado agora na segunda volta, perca ou ganhe, ficará o melhor de sempre do FPÖ e deixa prever que em breve a posição no sistema partidário será de liderança. Há legislativas o mais tardar em 2018.
Qual a explicação para esta subida da extrema-direita na Áustria? E para a crescente força de partidos afins na França (a FN, rejuvenescida por Marine Le Pen) ou na Alemanha (a novidade AfD)? Primeiro que tudo, um discurso mais populista do que ideológico; segundo, o abordar de temas que preocupam as pessoas, seja o desemprego, a insegurança ou a identidade nacional; terceiro, o descrédito dos partidos centristas, demasiadas vezes fazendo no governo o contrário do prometido aos eleitores. Contra políticos como Hofer e partidos como o FPÖ não basta colar-lhes etiquetas, é preciso também ter ideias claras que contrariem as suas soluções simplistas.
23 DE MAIO DE 2016
00:01
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
Hofer fez uma campanha em tom moderado, falando mais da prioridade em combater o desemprego (9,1% e não os 5,8% que diz o Eurostat) do que da luta para manter os refugiados afastados, uma bandeira do FPÖ, sigla que se pode traduzir por Partido Austríaco da Liberdade. E, se costuma citar algum estadista, é Margaret Thatcher, não os ditadores fascistas da primeira metade do século XX, a começar pelo compatriota Adolf Hitler. Mas os manifestantes que saíram à rua em Viena para apelar ao voto em Van der Bellen não hesitaram em chamar-lhe "nazi".
É um país bizarro esta pequena Áustria, próspera e culta. Sim, foi a terra onde nasceu o apóstolo do nazismo e até se uniu com a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Mas foi também a nação que elegeu nos anos 1970 um chanceler de origens judaicas, Bruno Kreisky, que tivera de exilar-se na Suécia entre 1938 e 1945 para escapar à perseguição nazi e ao Holocausto.
O fenómeno Hofer não surge do nada: o FPÖ há duas décadas que mostra bons resultados e em 2000 até foi convidado pelos conservadores para o governo, o que causou então a indignação da União Europeia. Após a morte do histórico Jörg Haider, deu-se um esforço de moderação, premiado com uma coligação com os sociais-democratas que governa a província de Burgenland. Este resultado agora na segunda volta, perca ou ganhe, ficará o melhor de sempre do FPÖ e deixa prever que em breve a posição no sistema partidário será de liderança. Há legislativas o mais tardar em 2018.
Qual a explicação para esta subida da extrema-direita na Áustria? E para a crescente força de partidos afins na França (a FN, rejuvenescida por Marine Le Pen) ou na Alemanha (a novidade AfD)? Primeiro que tudo, um discurso mais populista do que ideológico; segundo, o abordar de temas que preocupam as pessoas, seja o desemprego, a insegurança ou a identidade nacional; terceiro, o descrédito dos partidos centristas, demasiadas vezes fazendo no governo o contrário do prometido aos eleitores. Contra políticos como Hofer e partidos como o FPÖ não basta colar-lhes etiquetas, é preciso também ter ideias claras que contrariem as suas soluções simplistas.
23 DE MAIO DE 2016
00:01
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
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