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Começar a casa pelo telhado
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Começar a casa pelo telhado
A humanização de que fala Fernando Medina só poderá vir das discussões que o tráfego automóvel vai gerar. Reduzir espaço de circulação automóvel antes de dotar a cidade de uma rede de transportes públicos em condições é como começar uma casa pelo telhado.
Lisboa está em obras e quem sofre são os automobilistas. Retirar espaço aos automóveis quando os transportes públicos não podem responder às necessidades dos cidadãos arrisca-se a provocar resultados catastróficos.
Av. da República e Fontes Pereira de Melo, Cais do Sodré, Av. 24 de Julho, Rua 1º de Maio em Alcântara, Av. Praia da Vitória no Saldanha, Av. Miguel Torga em Campolide: todas enfrentam os inconvenientes das obras. Para breve está previsto o arranque dos trabalhos na Segunda Circular, Praça de Espanha e Sete Rios. E o Campo das Cebolas, bem como as ruas do Arsenal e da Alfândega, também não caíram no esquecimento.
Mas a intervenção denominada “Uma Praça em Cada Bairro” prevê obras em 30 praças prioritárias de Lisboa. Da Alameda das Linhas de Torres à Av. de Roma, passando pelos largos da Graça, de Alcântara, Santos, Calvário e Rato ou pelas praças da Alegria, da Figueira e do Chile, a Rua de Belém ou ainda pelo Saldanha, as obras vão chegar a toda a cidade e, de acordo com o cronograma, têm de estar prontas antes das autárquicas de 2017.
O presidente da Câmara de Lisboa, em artigo publicado no Correio da Manhã, refere que esta é uma “aposta no espaço público e no transporte público” e pretende responder, em simultâneo, a “questões como a melhoria da qualidade de vida, a redução de emissões ou a progressão dos indicadores de saúde”. Fernando Medina diz que “as obras têm como objectivo humanizar a cidade e devolvê-la às pessoas”.
O denominador comum a todas as obras em curso é o aumento dos passeios e zonas verdes a troco da diminuição do espaço para automóveis, com redução do número de faixas de rodagem. A ideia até pode ser meritória em termos de objectivo, mas peca por falta de planeamento. Porquê? Porque para que esta concepção da cidade funcionasse seria preciso dotar antes a cidade de transportes públicos em condições que permitissem a cada cidadão deslocar-se com facilidade e rapidez para diferentes pontos da capital.
A questão é que, nos últimos tempos, os autocarros têm diminuído de frequência e várias carreiras foram mesmo suprimidas. Já o Metropolitano, desde 2009 que não cresce dentro da cidade, diminuiu a frequência, mas também, nalguns casos, a dimensão das composições e a velocidade de circulação, proporcionando viagens, às horas de ponta, como se de sardinha em lata se tratasse.
Para termos uma ideia do marasmo em que têm estado mergulhados os transportes da capital basta olhar para o Metropolitano de Lisboa, inaugurado em Dezembro de 1959 e que hoje disponibiliza 44,2 km e 56 estações distribuídas por quatro linhas. Em termos comparativos, o Metro de Santiago do Chile, na América do Sul, inaugurado em Setembro de 1975, tem hoje 103 km e 108 estações em cinco linhas. Ora, na cidade de Lisboa, não se prevê que exista uma nova linha a funcionar antes de Julho de 2021.
Com as obras em curso, arriscamo-nos a ver cidadãos que usufruem das praças e passeios – sentados em esplanadas, andando a pé ou de bicicleta, mas levando com os fumos de escape dos carros que cada vez mais vão amontoar-se nas ruas – confrontar-se com um número crescente de automobilistas desesperados. A humanização de que fala Fernando Medina só poderá vir das irritações e discussões que o tráfego automóvel, caótico, por certo, vai gerar. Reduzir espaço de circulação automóvel antes de dotar a cidade de uma rede de transportes públicos em condições é como começar uma casa pelo telhado.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
Lisboa está em obras e quem sofre são os automobilistas. Retirar espaço aos automóveis quando os transportes públicos não podem responder às necessidades dos cidadãos arrisca-se a provocar resultados catastróficos.
Av. da República e Fontes Pereira de Melo, Cais do Sodré, Av. 24 de Julho, Rua 1º de Maio em Alcântara, Av. Praia da Vitória no Saldanha, Av. Miguel Torga em Campolide: todas enfrentam os inconvenientes das obras. Para breve está previsto o arranque dos trabalhos na Segunda Circular, Praça de Espanha e Sete Rios. E o Campo das Cebolas, bem como as ruas do Arsenal e da Alfândega, também não caíram no esquecimento.
Mas a intervenção denominada “Uma Praça em Cada Bairro” prevê obras em 30 praças prioritárias de Lisboa. Da Alameda das Linhas de Torres à Av. de Roma, passando pelos largos da Graça, de Alcântara, Santos, Calvário e Rato ou pelas praças da Alegria, da Figueira e do Chile, a Rua de Belém ou ainda pelo Saldanha, as obras vão chegar a toda a cidade e, de acordo com o cronograma, têm de estar prontas antes das autárquicas de 2017.
O presidente da Câmara de Lisboa, em artigo publicado no Correio da Manhã, refere que esta é uma “aposta no espaço público e no transporte público” e pretende responder, em simultâneo, a “questões como a melhoria da qualidade de vida, a redução de emissões ou a progressão dos indicadores de saúde”. Fernando Medina diz que “as obras têm como objectivo humanizar a cidade e devolvê-la às pessoas”.
O denominador comum a todas as obras em curso é o aumento dos passeios e zonas verdes a troco da diminuição do espaço para automóveis, com redução do número de faixas de rodagem. A ideia até pode ser meritória em termos de objectivo, mas peca por falta de planeamento. Porquê? Porque para que esta concepção da cidade funcionasse seria preciso dotar antes a cidade de transportes públicos em condições que permitissem a cada cidadão deslocar-se com facilidade e rapidez para diferentes pontos da capital.
A questão é que, nos últimos tempos, os autocarros têm diminuído de frequência e várias carreiras foram mesmo suprimidas. Já o Metropolitano, desde 2009 que não cresce dentro da cidade, diminuiu a frequência, mas também, nalguns casos, a dimensão das composições e a velocidade de circulação, proporcionando viagens, às horas de ponta, como se de sardinha em lata se tratasse.
Para termos uma ideia do marasmo em que têm estado mergulhados os transportes da capital basta olhar para o Metropolitano de Lisboa, inaugurado em Dezembro de 1959 e que hoje disponibiliza 44,2 km e 56 estações distribuídas por quatro linhas. Em termos comparativos, o Metro de Santiago do Chile, na América do Sul, inaugurado em Setembro de 1975, tem hoje 103 km e 108 estações em cinco linhas. Ora, na cidade de Lisboa, não se prevê que exista uma nova linha a funcionar antes de Julho de 2021.
Com as obras em curso, arriscamo-nos a ver cidadãos que usufruem das praças e passeios – sentados em esplanadas, andando a pé ou de bicicleta, mas levando com os fumos de escape dos carros que cada vez mais vão amontoar-se nas ruas – confrontar-se com um número crescente de automobilistas desesperados. A humanização de que fala Fernando Medina só poderá vir das irritações e discussões que o tráfego automóvel, caótico, por certo, vai gerar. Reduzir espaço de circulação automóvel antes de dotar a cidade de uma rede de transportes públicos em condições é como começar uma casa pelo telhado.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
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