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Apropriação do conhecimento é melhor futuro!
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Apropriação do conhecimento é melhor futuro!
Escrevo a propósito da conferência Caminhos do Conhecimento que assinalou o dia do nascimento do professor José Mariano Gago. Se o legado deste no impulso determinante dado à investigação científica é bem conhecido, não foi menos importante a sua preocupação com o aumento da cultura científica. Os 20 centros Ciência Viva que existem em todo o país são, porventura, o melhor exemplo do seu empenho para uma alargada compreensão pública da ciência e para a sua apropriação; condições fundamentais para escolhas mais informadas e para construir um futuro com mais conhecimento.
Mas o objetivo está longe de estar alcançado. Refiro dois exemplos recentes.
A percentagem de doutorados nas empresas portuguesas é diminuta (~3%) e muitíssimo menor se comparada com a de outros países da OCDE. Contudo, não é fácil alterar esta situação. O resultado do concurso, na Região Norte, para contratação de doutorados é disso uma evidência: apesar de estar prevista a compensação, a fundo perdido, de metade do salário e dos encargos sociais, o número de empresas candidatas não ultrapassou, sublinho, a vintena. Há razões várias que contribuirão para este deserto de intenções: perceção que as universidades não providenciam as competências necessárias para o trabalho; as características do tecido empresarial, onde ainda predomina o baixo nível de tecnologia; eventuais dúvidas sobre o vínculo laboral exigível a longo prazo; entre outras. Mas é manifesto que não houve uma valorização do conhecimento e das competências que a vinda de doutorados, indubitavelmente, conferiria à competitividade empresarial.
O segundo exemplo reporta ao lançamento em Ílhavo, no complexo da Vista Alegre, da ação denominada i4.0 sobre a digitalização da economia. A promoção de políticas públicas adequadas e a iniciativa das empresas são fatores imprescindíveis, e justificaram a presença de vários membros do Governo e de muitos representantes da indústria. Igualmente decisivo é o papel do conhecimento. Ora o evento primou pela inexistência de contributo das instituições de Ensino Superior e pela ausência do ministro que as tutela... Há sinais que não se podem dar se queremos, realmente, valorizar a importância da ciência e da tecnologia.
A cruzada de Mariano Gago continua, pois, a fazer todo o sentido.
REITOR DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO
Manuel António Assunção
31 Maio 2016 às 00:02
Jornal de Notícias
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