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Porto de Lisboa só faz sentido se criar valor para a cidade
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Porto de Lisboa só faz sentido se criar valor para a cidade
A prazo, cerca de metade dos estivadores não terão emprego. Estudos apontam para uma redução de 40 a 50%. Tal como os operários da indústria automóvel, advogados, jornalistas, médicos, a sua profissão está em rápida mutação com a introdução do digital.
Tem sido referido que o corporativismo foi reintroduzido em Portugal com o acordo entre o Governo, o sindicato dos estivadores e um operador do porto de Lisboa. Corporativismo é a teoria e a prática de organizar a sociedade em “corporações” subordinadas ao Estado (Britannica). Parece que a comparação não é perfeita, porque o que se verificou foi o oposto: a subordinação do Estado (e empresa) ao sindicato. O diabo que escolha.
Quando a globalização e o movimento mundial de automatização da atividade portuária obrigarem a uma decisão drástica, o acordo será letra morta. Ou o porto adota um modelo de negócio competitivo, eficiente, estruturante, em benefício da cidade, da economia nacional e Ibérica, ou não valerá a pena deixar camiões entrar na nossa cidade e ocupar a margem do nosso rio com uma atividade altamente poluente e sem ‘clustering effect’.
Atualmente, os três componentes principais da atividade (pórticos, veículos, empilhamento) podem ser operados por humanos ou por software. A digitalização pode tornar o processo mais rápido, seguro e a um custo variável inferior. Colocar e retirar contentores de navios sem intervenção humana é possível e prática corrente nos portos mais competitivos. Mesmo a parte mais difícil e perigosa da operação – desengatar o contentor no navio, que em geral ainda precisa de intervenção humana – já é automática em muitos navios. A automatização elimina vários constrangimentos da operação humana, desde menor possibilidade de erro a maior produtividade, pois as máquinas não se cansam nem fazem turnos.
Infelizmente, a prazo, cerca de metade dos estivadores não terão emprego. Estudos apontam para uma redução de 40 a 50% na mão-de-obra necessária. Tal como os operários da indústria automóvel, advogados, jornalistas, médicos, a sua profissão está em rápida mutação com a introdução do digital, robôs e automatismos.
Um dos problemas da automatização é a relação custo/capacidade. Por exemplo, o porto de Oakland, nos EUA, necessitaria de um investimento de 500 milhões de dólares para automatizar o volume total. Mas o investimento só faz sentido se o porto movimentar por ano, num único terminal, cerca de um milhão de TEUs (“twenty-foot equivalent unit”, medida de capacidade de contentores). O problema é que Oakland movimenta dois milhões de TEUs, mas em três terminais diferentes. Lisboa movimenta (ou movimentava) um milhão de TEUs por ano também em três terminais. Esta configuração funciona a favor da atual situação paralisante, arcaica e destruidora de valor – do porto e da cidade.
Roterdão é o maior porto da Europa. É gerido por uma empresa pública autónoma detida em 70% pelo município e em 30% pelo governo. Na zona portuária e industrial com 105 km2 trabalham 180 mil pessoas. Classifica-se a si próprio como “um porto de pioneiros”. Afirma: “No dinâmico mundo da logística, estagnação significa declínio. É por isso que em Roterdão estamos sempre à procura de respostas para como fazer as coisas da forma mais inteligente, mais eficiente e mais sustentável.”
Começou a automatização nos anos de 1990. Todos os pórticos e veículos automáticos de transporte são operados por software. O porto de Roterdão assume a sua importância estratégica para a economia do país e para o ‘cluster’ que dinamiza na cidade. Em 2015 elaborou uma visão estratégica até 2030 designada por “Port Compass”. Sugere-se aos responsáveis portugueses, incluindo os da Câmara Municipal de Lisboa, a respetiva leitura.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Nuno Cintra Torres, Investigador e Professor Universitário
Económico
Tem sido referido que o corporativismo foi reintroduzido em Portugal com o acordo entre o Governo, o sindicato dos estivadores e um operador do porto de Lisboa. Corporativismo é a teoria e a prática de organizar a sociedade em “corporações” subordinadas ao Estado (Britannica). Parece que a comparação não é perfeita, porque o que se verificou foi o oposto: a subordinação do Estado (e empresa) ao sindicato. O diabo que escolha.
Quando a globalização e o movimento mundial de automatização da atividade portuária obrigarem a uma decisão drástica, o acordo será letra morta. Ou o porto adota um modelo de negócio competitivo, eficiente, estruturante, em benefício da cidade, da economia nacional e Ibérica, ou não valerá a pena deixar camiões entrar na nossa cidade e ocupar a margem do nosso rio com uma atividade altamente poluente e sem ‘clustering effect’.
Atualmente, os três componentes principais da atividade (pórticos, veículos, empilhamento) podem ser operados por humanos ou por software. A digitalização pode tornar o processo mais rápido, seguro e a um custo variável inferior. Colocar e retirar contentores de navios sem intervenção humana é possível e prática corrente nos portos mais competitivos. Mesmo a parte mais difícil e perigosa da operação – desengatar o contentor no navio, que em geral ainda precisa de intervenção humana – já é automática em muitos navios. A automatização elimina vários constrangimentos da operação humana, desde menor possibilidade de erro a maior produtividade, pois as máquinas não se cansam nem fazem turnos.
Infelizmente, a prazo, cerca de metade dos estivadores não terão emprego. Estudos apontam para uma redução de 40 a 50% na mão-de-obra necessária. Tal como os operários da indústria automóvel, advogados, jornalistas, médicos, a sua profissão está em rápida mutação com a introdução do digital, robôs e automatismos.
Um dos problemas da automatização é a relação custo/capacidade. Por exemplo, o porto de Oakland, nos EUA, necessitaria de um investimento de 500 milhões de dólares para automatizar o volume total. Mas o investimento só faz sentido se o porto movimentar por ano, num único terminal, cerca de um milhão de TEUs (“twenty-foot equivalent unit”, medida de capacidade de contentores). O problema é que Oakland movimenta dois milhões de TEUs, mas em três terminais diferentes. Lisboa movimenta (ou movimentava) um milhão de TEUs por ano também em três terminais. Esta configuração funciona a favor da atual situação paralisante, arcaica e destruidora de valor – do porto e da cidade.
Roterdão é o maior porto da Europa. É gerido por uma empresa pública autónoma detida em 70% pelo município e em 30% pelo governo. Na zona portuária e industrial com 105 km2 trabalham 180 mil pessoas. Classifica-se a si próprio como “um porto de pioneiros”. Afirma: “No dinâmico mundo da logística, estagnação significa declínio. É por isso que em Roterdão estamos sempre à procura de respostas para como fazer as coisas da forma mais inteligente, mais eficiente e mais sustentável.”
Começou a automatização nos anos de 1990. Todos os pórticos e veículos automáticos de transporte são operados por software. O porto de Roterdão assume a sua importância estratégica para a economia do país e para o ‘cluster’ que dinamiza na cidade. Em 2015 elaborou uma visão estratégica até 2030 designada por “Port Compass”. Sugere-se aos responsáveis portugueses, incluindo os da Câmara Municipal de Lisboa, a respetiva leitura.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Nuno Cintra Torres, Investigador e Professor Universitário
Económico
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