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"Os três palhacinhos"
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"Os três palhacinhos"
Não desminto que governar seja mais do que fazer contas, mas seguramente que quem não sabe fazer contas não saberá governar.
Carlos César afirmou há uns dias que "governar não é só fazer contas", numa habilidade retórica lapalissiana em resposta a uma pergunta de um jornalista. O problema desta resposta não é a evidência que comporta nem a falta de conteúdo com que o seu som ocupa o ar. O problema é a resposta ter sido disparada a propósito da alteração legislativa que concretiza o horário semanal de 35 horas com o respectivo custo acrescido para as finanças públicas – que, de acordo com Mário Centeno, deveria obstar definitivamente à tomada da medida em questão.
Para Carlos César os efeitos da medida podem ser compensados com outras receitas ou poupanças que o secretário de Estado dos Assuntos Ficais já explicou que virão de um provável aumento de impostos nos próximos seis meses.
O problema reside na ligeireza e até displicência com que os políticos com responsabilidades governativas – mesmo não integrando o elenco do Governo – se referem a minudências como "as contas", "as dívidas" e "os défices", revelando nada ter aprendido com o passado e, mais importante, revelando desprezo e desinteresse pelas empresas e pelas pessoas cujas vidas foram afectadas (e continuam a ser), em consequência das más contas que se foram fazendo (ou que não se fizeram) ao longo dos anos em Portugal, com a garantia de que haveria vida para além do défice...
Entretanto, Portugal caiu três lugares no Índice de Competitividade do IMD e o investimento, depois de dez trimestres consecutivos de taxas de variação homólogas positivas, voltou a cair, de acordo com o INE, colocando as dúvidas acerca da possibilidade de concretização da previsão de crescimento do PIB português inscrita no Orçamento do Estado – que depende de uma retoma do investimento no país, de acordo com o Governo – num plano bem distinto do cepticismo especulativo ou da intriga político-partidária.
Não é, todavia, impossível que João Galamba venha a terreiro declarar que os números do próprio INE são resultado de uma conspiração que suporta uma determinada doutrina económica e orçamental, tal como denunciou a agenda secreta do Conselho das Finanças Públicas.
É natural, no presente contexto, que nada disto interesse muito a quem governa. Afinal, são só contas. Mas parece evidente que, ainda que interesse ao primeiro-ministro, este não estará em condições de adoptar medidas amigas das empresas e do investimento. Quem o explica, de forma cristalina, é Francisco Assis: "A falta de crescimento económico só se resolve criando um clima de confiança e condições para o capital externo financiar investimentos em Portugal, mas o BE e o PCP não revelam interesse nessa questão. Estamos de tal maneira manietados em garantir a sobrevivência deste modelo governativo que não há capacidade para abordar essa questão".
Não desminto que governar seja mais do que fazer contas, mas seguramente que quem não sabe fazer contas não saberá governar. A propósito disso, lembrei-me de uma música infantil: "Os três palhacinhos/não querem fazer mal/só querem brincar/pois é carnaval".
00:05 h
Luís Reis, Professor Universitário
Económico
Carlos César afirmou há uns dias que "governar não é só fazer contas", numa habilidade retórica lapalissiana em resposta a uma pergunta de um jornalista. O problema desta resposta não é a evidência que comporta nem a falta de conteúdo com que o seu som ocupa o ar. O problema é a resposta ter sido disparada a propósito da alteração legislativa que concretiza o horário semanal de 35 horas com o respectivo custo acrescido para as finanças públicas – que, de acordo com Mário Centeno, deveria obstar definitivamente à tomada da medida em questão.
Para Carlos César os efeitos da medida podem ser compensados com outras receitas ou poupanças que o secretário de Estado dos Assuntos Ficais já explicou que virão de um provável aumento de impostos nos próximos seis meses.
O problema reside na ligeireza e até displicência com que os políticos com responsabilidades governativas – mesmo não integrando o elenco do Governo – se referem a minudências como "as contas", "as dívidas" e "os défices", revelando nada ter aprendido com o passado e, mais importante, revelando desprezo e desinteresse pelas empresas e pelas pessoas cujas vidas foram afectadas (e continuam a ser), em consequência das más contas que se foram fazendo (ou que não se fizeram) ao longo dos anos em Portugal, com a garantia de que haveria vida para além do défice...
Entretanto, Portugal caiu três lugares no Índice de Competitividade do IMD e o investimento, depois de dez trimestres consecutivos de taxas de variação homólogas positivas, voltou a cair, de acordo com o INE, colocando as dúvidas acerca da possibilidade de concretização da previsão de crescimento do PIB português inscrita no Orçamento do Estado – que depende de uma retoma do investimento no país, de acordo com o Governo – num plano bem distinto do cepticismo especulativo ou da intriga político-partidária.
Não é, todavia, impossível que João Galamba venha a terreiro declarar que os números do próprio INE são resultado de uma conspiração que suporta uma determinada doutrina económica e orçamental, tal como denunciou a agenda secreta do Conselho das Finanças Públicas.
É natural, no presente contexto, que nada disto interesse muito a quem governa. Afinal, são só contas. Mas parece evidente que, ainda que interesse ao primeiro-ministro, este não estará em condições de adoptar medidas amigas das empresas e do investimento. Quem o explica, de forma cristalina, é Francisco Assis: "A falta de crescimento económico só se resolve criando um clima de confiança e condições para o capital externo financiar investimentos em Portugal, mas o BE e o PCP não revelam interesse nessa questão. Estamos de tal maneira manietados em garantir a sobrevivência deste modelo governativo que não há capacidade para abordar essa questão".
Não desminto que governar seja mais do que fazer contas, mas seguramente que quem não sabe fazer contas não saberá governar. A propósito disso, lembrei-me de uma música infantil: "Os três palhacinhos/não querem fazer mal/só querem brincar/pois é carnaval".
00:05 h
Luís Reis, Professor Universitário
Económico
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