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Queremos saber a verdade. Ponto.
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Queremos saber a verdade. Ponto.
Os movimentos de cidadãos nascem um pouco por todo o lado na defesa de interesses particulares, com maior ou menor relevância pública em função do interesse em causa e do ruído que conseguem fazer.
Da carne de porco aos taxistas, dos lesados dos bancos – segmentados por marca – às escolas com contratos de associação, temos tido um pouco de tudo. Mas o que espanta é que não tenha ainda surgido um movimento alargado que exija aquilo que de mais normal deveria existir na relação entre o cidadão e o Estado: saber a verdade.
Somos diariamente surpreendidos com pequenas histórias sobre a nossa vida pública e sobre a gestão do Estado que deveriam fazer corar de vergonha os seus atores. Mas não. São tantas e tão variadas que surgem (e nem todas) nos títulos dos jornais diários da manhã e muitas vezes já nem chegam ao telejornal. A Banca será provavelmente o setor que mais “poucas-vergonhas” registou nos últimos anos e já teve consequências diretas não só para os lesados de cada banco, mas também para a dívida pública, que terá aumentado 20 mil milhões de euros em resultado dos buracos que tem sido necessário tapar nos diferentes balanços destas sociedades especiais.
Das “tropelias” de alguns gerentes de conta mais atrevidos que nos iam entretendo com pequenos desfalques, mas que não tinham dimensão para nos assustar, passámos a um novo patamar de conhecimento e de especialização, em que constatámos que o nosso dinheiro passou a ser gerido por organizações altamente profissionais, normalmente opacas, a quem não eram pedidas nem verdadeiramente auditadas contas de exploração, e que basearam a sua estratégia de desenvolvimento na fé de que os mercados não parariam de crescer e na convicção de que o dinheiro compra tudo.
Vemos agora que muitos destes gestores – outrora os mais prudentes – se transformaram em “máquinas” de gerar resultados sem aderência à realidade, que ocultavam políticas de gestão umas vezes inconscientes outras vezes criminosas. Entre multas do Banco de Portugal previsivelmente condenadas à prescrição e inibições temporais (normalmente inferiores a um mandato) do exercício da atividade de gestão bancária, vamos assistindo ao branqueamento de situações e de comportamentos que, pela sua gravidade e consequências, não nos deveriam deixar nem calados nem quietos.
Mas, depois de tudo o que já se passou e se disse, a desvergonha e a tentativa de ocultação da verdade continuam. Sinal disto mesmo é o endosso permanente de responsabilidades entre instituições (veja-se o caso Banif) como a Direção Geral da Concorrência, o Banco Central Europeu, o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças. Ao mesmo tempo, assistimos à “novela” em que se está a transformar a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos em que vão ser injetados, ao que parece, mais 4 mil milhões de euros sem que ninguém apareça a explicar porquê, de onde vem o “buraco” e de quem foi a responsabilidade da gestão ruinosa (e quem sabe se criminosa) daquilo que deveria ser sagrado – o nosso dinheiro.
Ao invés de nos explicarem o que se passou, resolveram adotar o procedimento habitual. Se tudo correr bem, a nomeação de uma nova equipa de gestão composta por 19 (será melhor escrever por extenso, dezanove) profissionais com provas dadas, credibilidade indiscutível, representando diferentes sensibilidades políticas e interesses económicos, permitirá gerir discretamente e sem “alarme social” os desmandos do passado sem que, uma vez mais, se encontrem os responsáveis e se identifiquem os beneficiados.
Num tempo em que muitos falam da necessidade de consensos mas poucos fazem alguma coisa para os obter, a única coisa que deveríamos pedir era que nos falassem verdade. Só sabendo a verdade estaremos em condições de decidir o que queremos para o nosso futuro. Ponto.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
António Moita, Jurista
Económico
Da carne de porco aos taxistas, dos lesados dos bancos – segmentados por marca – às escolas com contratos de associação, temos tido um pouco de tudo. Mas o que espanta é que não tenha ainda surgido um movimento alargado que exija aquilo que de mais normal deveria existir na relação entre o cidadão e o Estado: saber a verdade.
Somos diariamente surpreendidos com pequenas histórias sobre a nossa vida pública e sobre a gestão do Estado que deveriam fazer corar de vergonha os seus atores. Mas não. São tantas e tão variadas que surgem (e nem todas) nos títulos dos jornais diários da manhã e muitas vezes já nem chegam ao telejornal. A Banca será provavelmente o setor que mais “poucas-vergonhas” registou nos últimos anos e já teve consequências diretas não só para os lesados de cada banco, mas também para a dívida pública, que terá aumentado 20 mil milhões de euros em resultado dos buracos que tem sido necessário tapar nos diferentes balanços destas sociedades especiais.
Das “tropelias” de alguns gerentes de conta mais atrevidos que nos iam entretendo com pequenos desfalques, mas que não tinham dimensão para nos assustar, passámos a um novo patamar de conhecimento e de especialização, em que constatámos que o nosso dinheiro passou a ser gerido por organizações altamente profissionais, normalmente opacas, a quem não eram pedidas nem verdadeiramente auditadas contas de exploração, e que basearam a sua estratégia de desenvolvimento na fé de que os mercados não parariam de crescer e na convicção de que o dinheiro compra tudo.
Vemos agora que muitos destes gestores – outrora os mais prudentes – se transformaram em “máquinas” de gerar resultados sem aderência à realidade, que ocultavam políticas de gestão umas vezes inconscientes outras vezes criminosas. Entre multas do Banco de Portugal previsivelmente condenadas à prescrição e inibições temporais (normalmente inferiores a um mandato) do exercício da atividade de gestão bancária, vamos assistindo ao branqueamento de situações e de comportamentos que, pela sua gravidade e consequências, não nos deveriam deixar nem calados nem quietos.
Mas, depois de tudo o que já se passou e se disse, a desvergonha e a tentativa de ocultação da verdade continuam. Sinal disto mesmo é o endosso permanente de responsabilidades entre instituições (veja-se o caso Banif) como a Direção Geral da Concorrência, o Banco Central Europeu, o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças. Ao mesmo tempo, assistimos à “novela” em que se está a transformar a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos em que vão ser injetados, ao que parece, mais 4 mil milhões de euros sem que ninguém apareça a explicar porquê, de onde vem o “buraco” e de quem foi a responsabilidade da gestão ruinosa (e quem sabe se criminosa) daquilo que deveria ser sagrado – o nosso dinheiro.
Ao invés de nos explicarem o que se passou, resolveram adotar o procedimento habitual. Se tudo correr bem, a nomeação de uma nova equipa de gestão composta por 19 (será melhor escrever por extenso, dezanove) profissionais com provas dadas, credibilidade indiscutível, representando diferentes sensibilidades políticas e interesses económicos, permitirá gerir discretamente e sem “alarme social” os desmandos do passado sem que, uma vez mais, se encontrem os responsáveis e se identifiquem os beneficiados.
Num tempo em que muitos falam da necessidade de consensos mas poucos fazem alguma coisa para os obter, a única coisa que deveríamos pedir era que nos falassem verdade. Só sabendo a verdade estaremos em condições de decidir o que queremos para o nosso futuro. Ponto.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
António Moita, Jurista
Económico
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