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O custo dos elefantes brancos
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O custo dos elefantes brancos
É considerável a lista de estruturas que, ao longo das últimas três décadas, foram projectadas ou construídas e não têm utilização ou estão subaproveitadas em todo o país, com os custos que lhe são inerentes.
Aeroporto de Beja, estádios do Algarve, Leiria e Aveiro, hospitais de Tomar, Torres Novas e Abrantes, aeródromo de Ponte de Sor, porto oceânico da Praia da Vitória ou metro do Mondego, são alguns exemplos, como também são várias das chamadas SCUT (auto-estradas Sem Custos para o Utilizador). Juntam-se-lhes projectos que ou nunca saíram do papel ou foram travados no início, como o TGV, o novo aeroporto de Lisboa ou o porto de águas profundas da Trafaria ou do Barreiro.
Em todos se verificou falta de compromisso político ou de planeamento que permitisse aquilatar da necessidade das referidas infra-estruturas ou da capacidade de concretização e sustentabilidade dos projectos. Mas também, em todos eles, houve lugar ao investimento de dinheiros públicos que acabaram por ser, naturalmente, desperdiçados.
O aeroporto de Beja foi inaugurado em 2011, após um investimento da ordem dos 33 milhões de euros.
Praticamente sem passageiros, foi pensado para companhias ‘low cost’. Agora, como recurso, serve para estacionamento e manutenção de aeronaves, estando também previsto o desmantelamento de unidades obsoletas.
Os estádios do Algarve, Leiria e Aveiro, construídos para o Euro 2004, estão praticamente às moscas e só são utilizados de vez em quando, com custos de manutenção elevados, pelo que já chegou a ser sugerida a implosão das respectivas infra-estruturas para evitar mais prejuízos.
Os hospitais do chamado “triângulo das Bermudas” do centro do país, Abrantes, Tomar e Torres Novas, também são exemplo de investimentos feitos com base em grupos de pressão local, com redundância de estruturas, multiplicação de equipamentos e falta de massa crítica para a formação dos profissionais de saúde.
O aeródromo de Ponte de Sor, com capacidade para operar aviões Airbus A320 e Boeing 737, onde foram investidos dezenas de milhões de euros, continua a operar apenas pequenas aeronaves. Também o metro do Mondego – cujo projecto nasceu em 1996, mas cujas obras só arrancaram em 2006 e levaram ao encerramento do Ramal da Lousã pela CP em 2010 – acabou por ser suspenso em Novembro de 2011, com custos já superiores a 100 milhões de euros.
O porto oceânico da Praia da Vitória, na ilha Terceira, Açores, foi construído há décadas, sujeito à destruição pelo mar em 2001 e reconstruído, anos mais tarde, com o investimento de mais algumas dezenas de milhões de euros, aguardando uma utilização condicente com a importância da infra-estrutura. Já se falou no interesse de chineses ou na possibilidade de ser uma espécie de estação de abastecimento de gás natural para navios, pela posição estratégica a meio do Atlântico, mas continua à espera de melhores dias.
O TGV, segundo os números mais recentes do Tribunal de Contas, terá custado 153 milhões de euros em estudos, consultorias e custos de funcionamento da empresa pública (RAVE), constituída para o efeito. Um valor a que se somam os cerca de 200 milhões de euros de indemnização reclamados pelos concorrentes privados, dos quais o Estado já pagou mais de 12 milhões.
O novo aeroporto de Lisboa é outro projecto cujos estudos remontam ao início dos anos 70, quando o Governo de Marcelo Caetano decidiu a construção em Rio Frio. Assistiu-se, desde 2005, a voltas e reviravoltas de localização que chegou a ser dada como intransferível da Ota e que, depois, acabou por ser apontada a Alcochete, sem que alguma vez se chegasse a uma decisão definitiva. Os estudos e consultores envolveram, inevitavelmente, custos elevados.
Pode dizer-se que em todos os países existem exemplos de projectos mal sucedidos, mas em Portugal, onde os recursos são escassos e o dinheiro faz falta para projectos verdadeiramente úteis, a lista de elefantes brancos é quase infindável, sobretudo quando se começam a analisar empreendimentos a nível local, mas de que pouco se fala.
Todos juntos somam alguns milhares de milhões de euros que tanta falta fazem ao país.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
Aeroporto de Beja, estádios do Algarve, Leiria e Aveiro, hospitais de Tomar, Torres Novas e Abrantes, aeródromo de Ponte de Sor, porto oceânico da Praia da Vitória ou metro do Mondego, são alguns exemplos, como também são várias das chamadas SCUT (auto-estradas Sem Custos para o Utilizador). Juntam-se-lhes projectos que ou nunca saíram do papel ou foram travados no início, como o TGV, o novo aeroporto de Lisboa ou o porto de águas profundas da Trafaria ou do Barreiro.
Em todos se verificou falta de compromisso político ou de planeamento que permitisse aquilatar da necessidade das referidas infra-estruturas ou da capacidade de concretização e sustentabilidade dos projectos. Mas também, em todos eles, houve lugar ao investimento de dinheiros públicos que acabaram por ser, naturalmente, desperdiçados.
O aeroporto de Beja foi inaugurado em 2011, após um investimento da ordem dos 33 milhões de euros.
Praticamente sem passageiros, foi pensado para companhias ‘low cost’. Agora, como recurso, serve para estacionamento e manutenção de aeronaves, estando também previsto o desmantelamento de unidades obsoletas.
Os estádios do Algarve, Leiria e Aveiro, construídos para o Euro 2004, estão praticamente às moscas e só são utilizados de vez em quando, com custos de manutenção elevados, pelo que já chegou a ser sugerida a implosão das respectivas infra-estruturas para evitar mais prejuízos.
Os hospitais do chamado “triângulo das Bermudas” do centro do país, Abrantes, Tomar e Torres Novas, também são exemplo de investimentos feitos com base em grupos de pressão local, com redundância de estruturas, multiplicação de equipamentos e falta de massa crítica para a formação dos profissionais de saúde.
O aeródromo de Ponte de Sor, com capacidade para operar aviões Airbus A320 e Boeing 737, onde foram investidos dezenas de milhões de euros, continua a operar apenas pequenas aeronaves. Também o metro do Mondego – cujo projecto nasceu em 1996, mas cujas obras só arrancaram em 2006 e levaram ao encerramento do Ramal da Lousã pela CP em 2010 – acabou por ser suspenso em Novembro de 2011, com custos já superiores a 100 milhões de euros.
O porto oceânico da Praia da Vitória, na ilha Terceira, Açores, foi construído há décadas, sujeito à destruição pelo mar em 2001 e reconstruído, anos mais tarde, com o investimento de mais algumas dezenas de milhões de euros, aguardando uma utilização condicente com a importância da infra-estrutura. Já se falou no interesse de chineses ou na possibilidade de ser uma espécie de estação de abastecimento de gás natural para navios, pela posição estratégica a meio do Atlântico, mas continua à espera de melhores dias.
O TGV, segundo os números mais recentes do Tribunal de Contas, terá custado 153 milhões de euros em estudos, consultorias e custos de funcionamento da empresa pública (RAVE), constituída para o efeito. Um valor a que se somam os cerca de 200 milhões de euros de indemnização reclamados pelos concorrentes privados, dos quais o Estado já pagou mais de 12 milhões.
O novo aeroporto de Lisboa é outro projecto cujos estudos remontam ao início dos anos 70, quando o Governo de Marcelo Caetano decidiu a construção em Rio Frio. Assistiu-se, desde 2005, a voltas e reviravoltas de localização que chegou a ser dada como intransferível da Ota e que, depois, acabou por ser apontada a Alcochete, sem que alguma vez se chegasse a uma decisão definitiva. Os estudos e consultores envolveram, inevitavelmente, custos elevados.
Pode dizer-se que em todos os países existem exemplos de projectos mal sucedidos, mas em Portugal, onde os recursos são escassos e o dinheiro faz falta para projectos verdadeiramente úteis, a lista de elefantes brancos é quase infindável, sobretudo quando se começam a analisar empreendimentos a nível local, mas de que pouco se fala.
Todos juntos somam alguns milhares de milhões de euros que tanta falta fazem ao país.
00:05 h
Francisco Ferreira da Silva
Económico
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