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Os elefantes financeiros na sala da Esquerda
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Os elefantes financeiros na sala da Esquerda
O Novo Banco e o Banif foram uma espécie de elefantes na sala da coligação de esquerda ao longo dos dois dias de debate do programa de Governo que ‘aprovou’ António Costa como primeiro-ministro em pleno exercício de funções. Mas não só. Foram a evidência da dificuldade que Costa vai ter em domar os seus parceiros de coligação parlamentar – o BE e o PCP - e em alinhar interesses políticos que segurem o Governo.
O debate parlamentar foi longo, demasiado centrado na legitimidade política de António Costa por responsabilidade de Passos e Portas, que ainda não aprenderam a ser oposição, e chegou a arrastar-se sem alma. Serviu para marcar um fim de ciclo de um período político que, também ele, já durava há demasiado tempo. Falou-se pouco do que deveria ter sido o centro do debate, a estratégia arriscada de Costa e Centeno para contrariar a política de empobrecimento. Como se fosse possível esquecer quem era governo em 2011 e como se fosse possível sair de uma bancarrota sem custos.
Costa, aliás, conduziu bem a estratégia de reunir as tropas. Soube ser moderado contra a estratégia agressiva de Passos e Portas, soube parecer estadista quando a coligação de direita (ainda é uma coligação?) seguiu uma lógica de confronto. E aproveitou a moção de rejeição do PSD e CDS para mostrar ao país um acordo sólido que, simplesmente, não existe.
Um exemplo? A estabilidade do sistema financeiro. Durante meses, e bem, o PS - sobretudo pela voz de João Galamba e Pedro Nuno Santos - acusou o governo, particularmente a ministra Maria Luís Albuquerque, de estar por detrás da intervenção no BES, na resolução que começou dias antes de ser anunciada, com prejuízos que o tempo se encarregará de revelar. E que pagaremos todos, os contribuintes. A resolução foi um erro, como demonstrou a tentativa de venda do Novo Banco. Mas o governador, Carlos Costa, convencido da sua competência, assumiu responsabilidades que, depois, não poderia rejeitar. Foi reconduzido.
Ora, em dois dias de debate, o Bloco de Esquerda e o PCP suscitaram o tema do Novo Banco. No primeiro, Mariana Mortágua perguntou mesmo ao ministro das Finanças o que faria com o Novo Banco e também com o Banif. Um, já se sabe, precisa de cerca de 1.400 milhões de euros e vai sofrer um plano de reestruturação e posterior venda. O outro, não se sabe quase nada, a não ser que a Comissão Europeia não acredita na sua viabilidade e que a gestão luta contra o tempo para encontrar um novo accionista que substitua o Estado.
O que respondeu Mário Centeno? O novo Governo do PS vai resolver o problema? Não, ironicamente seguiu a resposta do anterior governo, que tantas críticas motivou do PS. A responsabilidade é do Banco de Portugal, do Fundo de Resolução e da Comissão Europeia. Teria graça se o caso não fosse grave.
Haverá explicações para esta resposta, que motivou reacções negativas do BE e PCP. Centeno detesta Carlos Costa, foi afastado compulsivamente de um concurso para director do gabinete de estudos do Banco de Portugal e, agora, está a devolver essa decisão com juros. Outra é que o ministro já percebeu que o dossiê queima – Cavaco avisou – e é preciso encontrar um responsável. Ou dois. Carlos Costa e Sérgio Monteiro, que ‘levou’ uma crítica pública de Centeno.
Os dois estarão já a prazo, mesmo o governador inamovível. Se Costa e Centeno não temem os efeitos negativos da reversão de negócios já feitos na imagem de um país que precisa tanto de investimento estrangeiro, também não estarão muito preocupados com as consequências da demissão do governador, certo? Deveria ser errado. Pelo meio fica uma gestão do Novo Banco e do Banif, que têm de continuar a trabalhar como se nada fosse. E, curiosamente, ninguém perguntou a Centeno pela Caixa Geral de Depósitos...
Mesmo essas saídas não servirão para disfarçar as divergências entre os partidos de uma coligação parlamentar de esquerda, que vai ter de suportar decisões do Governo do PS na área financeira. Até ao dia em que Costa precise de Passos Coelho e de Paulo Portas.
00:05 h
António Costa
antoniocosta.jornalista@gmail.com
Económico
O debate parlamentar foi longo, demasiado centrado na legitimidade política de António Costa por responsabilidade de Passos e Portas, que ainda não aprenderam a ser oposição, e chegou a arrastar-se sem alma. Serviu para marcar um fim de ciclo de um período político que, também ele, já durava há demasiado tempo. Falou-se pouco do que deveria ter sido o centro do debate, a estratégia arriscada de Costa e Centeno para contrariar a política de empobrecimento. Como se fosse possível esquecer quem era governo em 2011 e como se fosse possível sair de uma bancarrota sem custos.
Costa, aliás, conduziu bem a estratégia de reunir as tropas. Soube ser moderado contra a estratégia agressiva de Passos e Portas, soube parecer estadista quando a coligação de direita (ainda é uma coligação?) seguiu uma lógica de confronto. E aproveitou a moção de rejeição do PSD e CDS para mostrar ao país um acordo sólido que, simplesmente, não existe.
Um exemplo? A estabilidade do sistema financeiro. Durante meses, e bem, o PS - sobretudo pela voz de João Galamba e Pedro Nuno Santos - acusou o governo, particularmente a ministra Maria Luís Albuquerque, de estar por detrás da intervenção no BES, na resolução que começou dias antes de ser anunciada, com prejuízos que o tempo se encarregará de revelar. E que pagaremos todos, os contribuintes. A resolução foi um erro, como demonstrou a tentativa de venda do Novo Banco. Mas o governador, Carlos Costa, convencido da sua competência, assumiu responsabilidades que, depois, não poderia rejeitar. Foi reconduzido.
Ora, em dois dias de debate, o Bloco de Esquerda e o PCP suscitaram o tema do Novo Banco. No primeiro, Mariana Mortágua perguntou mesmo ao ministro das Finanças o que faria com o Novo Banco e também com o Banif. Um, já se sabe, precisa de cerca de 1.400 milhões de euros e vai sofrer um plano de reestruturação e posterior venda. O outro, não se sabe quase nada, a não ser que a Comissão Europeia não acredita na sua viabilidade e que a gestão luta contra o tempo para encontrar um novo accionista que substitua o Estado.
O que respondeu Mário Centeno? O novo Governo do PS vai resolver o problema? Não, ironicamente seguiu a resposta do anterior governo, que tantas críticas motivou do PS. A responsabilidade é do Banco de Portugal, do Fundo de Resolução e da Comissão Europeia. Teria graça se o caso não fosse grave.
Haverá explicações para esta resposta, que motivou reacções negativas do BE e PCP. Centeno detesta Carlos Costa, foi afastado compulsivamente de um concurso para director do gabinete de estudos do Banco de Portugal e, agora, está a devolver essa decisão com juros. Outra é que o ministro já percebeu que o dossiê queima – Cavaco avisou – e é preciso encontrar um responsável. Ou dois. Carlos Costa e Sérgio Monteiro, que ‘levou’ uma crítica pública de Centeno.
Os dois estarão já a prazo, mesmo o governador inamovível. Se Costa e Centeno não temem os efeitos negativos da reversão de negócios já feitos na imagem de um país que precisa tanto de investimento estrangeiro, também não estarão muito preocupados com as consequências da demissão do governador, certo? Deveria ser errado. Pelo meio fica uma gestão do Novo Banco e do Banif, que têm de continuar a trabalhar como se nada fosse. E, curiosamente, ninguém perguntou a Centeno pela Caixa Geral de Depósitos...
Mesmo essas saídas não servirão para disfarçar as divergências entre os partidos de uma coligação parlamentar de esquerda, que vai ter de suportar decisões do Governo do PS na área financeira. Até ao dia em que Costa precise de Passos Coelho e de Paulo Portas.
00:05 h
António Costa
antoniocosta.jornalista@gmail.com
Económico
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