PREVISÕES: Commerzbank: “Portugal – à beira da crise”

A perda de fulgor da retoma económica, aliada a um pior ‘outlook’ devido à reversão de políticas pelo novo Governo, coloca Portugal no lote de países da zona euro que estão perto de uma nova crise, especialmente se Lisboa perder a única notação de ‘investment’ grade, alertou o Commerzbank. 

Numa nota de ‘research’, com o título “Portugal – à beira da crise”, o banco germânico refere que a economia portuguesa tem perdido fulgor desde o verão passado.

“(Isto) aumenta os riscos para as metas do défice e adia qualquer descida significativa dos níveis elevados da dívida pública num futuro próximo,” referiu. 

“Isto é especialmente real dado que a inversão da política de austeridade veio piorar as perspetivas económicas a médio prazo,” frisou. 

O Governo socialista, que tomou posse em dezembro, tem invertido a política de austeridade do anterior executivo de centro-direita, apostando no aumento do rendimento disponível dos portugueses para impulsionar o consumo privado e o investimento. 

Segundo o Commerzbank, o fraco ‘outlook’ para a economia faz com que persista um risco a médio-prazo do país perder o seu último rating de ‘investment grade’, que excluiria Portugal do programa de compras do Banco Central Europeu. 

“Isto não apenas colocaria mais pressão nas obrigações soberanas portuguesas, também representaria um risco para os ‘bonds’ do resto da periferia (da zona euro)”. 

O banco realçou que Portugal recebeu duas boas notícias recentemente – a manutenção da notação de ‘investment grade’ pela agência DBRS, e a decisão da Comissão Europeia de não aplicar, pelo menos por enquanto, ao país e a Espanha, multas por ultrapassarem as regras europeias do défice em 2015. 

Adiantou que, no entanto, essas notícias positivas tiveram escasso impacto nas obrigações portuguesas, com a taxa a 10 anos a negociar acima dos 3% há vários meses. 

“E há certamente algumas boas razões para ceticismo, a economia portuguesa visivelmente perdeu ritmo, e desde meados de 2015 cresceu apenas cerca de 0,2% por trimestre. 

“O que é verdadeiramente preocupante é o recente fraco desempenho do investimento,” concluiu. 

Dinheiro Vivo/Reuters 

16.06.2016 / 13:10

Dinheiro Vivo