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Hooliganismo político
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Hooliganismo político
Parece cada vez mais evidente que Jo Cox, a deputada trabalhista assassinada nas ruas de Bristol, morreu por causa das suas posições políticas pró-europeias e ativismo em defesa dos imigrantes e dos refugiados. A principal linha de investigação da polícia britânica considera cada vez mais credíveis os relatos de testemunhas que dizem ter ouvido o homicida gritar "Britain First", um partido de extrema-direita que tem feito campanha a favor do brexit. Este ato criminoso é o resultado de uma campanha onde os extremos estão cada vez mais assanhados. Não por culpa dos cidadãos comuns, recetores da mensagem política dos partidos, mas dos responsáveis pelas campanhas a favor e contra a continuidade do Reino Unido na União Europeia (UE). Do lado dos que querem permanecer, acenam-se com profecias de desgraça de empobrecimento absoluto caso os britânicos votem a favor do brexit. Do outro promete-se a resolução de todos os problemas e uma pátria para os nativos, como se a causa de todos os males fosse a imigração e a maioria dos forasteiros chegasse de dentro da UE. Este tipo de discurso a preto e branco, que roça a indigência política e intelectual, é próprio da irracionalidade a que estamos habituados a assistir em alguns espetáculos desportivos, designadamente o futebol, e é pasto que alimenta o desespero de muitos angustiados pela falta de emprego e pela desesperança. E é nisto que a Europa está a transformar-se: num espaço onde não cabem a esperança ou a solidariedade. Aos líderes políticos cabe serem responsáveis e não acicatarem ódios e divisões estéreis assentes no populismo e na demagogia e em discursos que só servem para agitar fantasmas. Hoje é de Jo Cox que falamos porque morreu como alvo de um simpatizante nazi. Mas se este ambiente e modo de fazer política continuarem, seguramente haverá mais vítimas de um e do outro lado. E o que é revoltante é que as consciências dos verdadeiros culpados por tudo isto parecem não lhes pesar.
Editorial
18 DE JUNHO DE 2016
00:01
Nuno Saraiva
Diário de Notícias
Editorial
18 DE JUNHO DE 2016
00:01
Nuno Saraiva
Diário de Notícias
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