Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 406 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 406 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
... e a Espanha aqui tão perto!
Página 1 de 1
... e a Espanha aqui tão perto!
Passámos a semana a olhar para Londres, como se o nosso futuro dependesse dos humores britânicos, o que não deixava de ter alguma verdade. Mas, por detrás da bruma britânica, esconde-se uma instabilidade ibérica cujo desenlace não é menos relevante para nós. Bem pelo contrário!
Desde a nossa entrada comum para a União Europeia e, em especial, desde que a Espanha é membro da NATO, a variável distintiva da política externa portuguesa, que fazia com que Lisboa e Madrid pertencessem a sistemas distintos de alianças, diluiu-se.
O contexto de acrescida intimidade ibérica evidenciou as capacidades relativas de cada um e o resultado está à vista. A Espanha é a real ganhadora no terreno económico bilateral, como a concentração bancária ibérica o demonstra à saciedade. No âmbito NATO, a sua recentragem atlântica tornou-a num parceiro preferencial dos EUA, como o prova o menor interesse revelado pelas Lajes e o privilegiar das recentes facilidades concedidas em Sevilha.
As coisas são o que são. A relação Portugal-Espanha é, por natureza, desequilibrada, só que desapareceram alguns elementos que no passado nos permitiam gerir, de forma relativamente autónoma, essa equação. Pelo contrário, no estado atual da arte, há dois fatores que não controlamos mas que temos de sofrer, se se desregularem.
O primeiro é uma evolução do processo europeu no sentido do surgimento de uma diferente formatação da integração, que possa colocar a Espanha num futuro "núcleo duro", com Portugal de fora. Isso poderia acontecer num cenário de "refundação" europeia, à volta do euro, expurgado da Grécia e Portugal. Nada que alguns círculos alemães não tenham já abordado.
O segundo fator é, naturalmente, a questão da estabilidade interna da Espanha. E essa está em causa nas eleições do próximo domingo. Precisamente porque as nossas economias estão, e permanecerão, fortemente interligadas, uma crise prolongada no nosso único vizinho terrestre, importante investidor, destino de grande parte das nossas exportações e local de trabalho de muitos portugueses (coisa que, por já ter sido mais relevante, alguns tendem a menorizar), seria um elemento mais a somar-se ao pacote de debilidades que hoje nos afetam no plano económico.
O resultado do sufrágio anterior levou a um impasse. Se as coisas se reproduzissem de forma similar, criar-se-ia um cenário muito preocupante. Como não gosto de ambiguidades, deixo muito claro que o cenário do Podemos, com os seus aliados, poder vir a ser o partido mais votado é, a grande distância, o desfecho que considero mais perigoso para o futuro da estabilidade espanhola. Tenho esperanças de não ter de o comentar num próximo artigo.
A Espanha está próxima de mais de nós para a podermos olhar como um laboratório político.
EMBAIXADOR
FRANCISCO SEIXAS DA COSTA
Hoje às 00:01
Jornal de Notícias
Desde a nossa entrada comum para a União Europeia e, em especial, desde que a Espanha é membro da NATO, a variável distintiva da política externa portuguesa, que fazia com que Lisboa e Madrid pertencessem a sistemas distintos de alianças, diluiu-se.
O contexto de acrescida intimidade ibérica evidenciou as capacidades relativas de cada um e o resultado está à vista. A Espanha é a real ganhadora no terreno económico bilateral, como a concentração bancária ibérica o demonstra à saciedade. No âmbito NATO, a sua recentragem atlântica tornou-a num parceiro preferencial dos EUA, como o prova o menor interesse revelado pelas Lajes e o privilegiar das recentes facilidades concedidas em Sevilha.
As coisas são o que são. A relação Portugal-Espanha é, por natureza, desequilibrada, só que desapareceram alguns elementos que no passado nos permitiam gerir, de forma relativamente autónoma, essa equação. Pelo contrário, no estado atual da arte, há dois fatores que não controlamos mas que temos de sofrer, se se desregularem.
O primeiro é uma evolução do processo europeu no sentido do surgimento de uma diferente formatação da integração, que possa colocar a Espanha num futuro "núcleo duro", com Portugal de fora. Isso poderia acontecer num cenário de "refundação" europeia, à volta do euro, expurgado da Grécia e Portugal. Nada que alguns círculos alemães não tenham já abordado.
O segundo fator é, naturalmente, a questão da estabilidade interna da Espanha. E essa está em causa nas eleições do próximo domingo. Precisamente porque as nossas economias estão, e permanecerão, fortemente interligadas, uma crise prolongada no nosso único vizinho terrestre, importante investidor, destino de grande parte das nossas exportações e local de trabalho de muitos portugueses (coisa que, por já ter sido mais relevante, alguns tendem a menorizar), seria um elemento mais a somar-se ao pacote de debilidades que hoje nos afetam no plano económico.
O resultado do sufrágio anterior levou a um impasse. Se as coisas se reproduzissem de forma similar, criar-se-ia um cenário muito preocupante. Como não gosto de ambiguidades, deixo muito claro que o cenário do Podemos, com os seus aliados, poder vir a ser o partido mais votado é, a grande distância, o desfecho que considero mais perigoso para o futuro da estabilidade espanhola. Tenho esperanças de não ter de o comentar num próximo artigo.
A Espanha está próxima de mais de nós para a podermos olhar como um laboratório político.
EMBAIXADOR
FRANCISCO SEIXAS DA COSTA
Hoje às 00:01
Jornal de Notícias
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin