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Mensagem por Admin Qua Out 14, 2015 10:44 am

A análise dos últimos vinte e cinco anos da Região Norte de Portugal permite já uma leitura suficientemente sólida, distanciada no tempo e nas diversas conjunturas políticas. De 1989 a 2014 a região decresceu comparativamente ao país e à União Europeia quando usamos o PIB per capita como indicador de riqueza. Os piores valores deste ciclo foram mesmo atingidos por alturas de 2003 e 2009. Quando o país cresce, a Região não acompanha esse crescimento, quando a crise nos atinge, chega sempre aqui primeiro. Por isso mesmo, já em 2007 e 2008 as empresas da região antecipavam a tempestade que se avizinhava, com forte impacto negativo no emprego.

Mas, curiosamente, é este mesmo espaço territorial que a partir de 2010 dá uma enorme lição ao país. Paulatinamente, melhora de forma consistente a produtividade do trabalho e o seu tecido empresarial, fortemente exposto à concorrência externa, vai ganhando batalhas, acrescentando cerca de 1000 milhões de euros de saldo positivo à balança de transação de bens em cada ano. Para 2015, os dados apontam para um valor recorde próximo dos 6000 milhões de euros. Lentamente, vai recuperando no emprego, embora ainda com o estigma do valor dos salários, sempre sob forte pressão e nivelamento abaixo do desejado numa sociedade moderna. As relações de proximidade com a Galiza atingem um nível de profundidade invejável. Os setores da metalomecânica, têxtil e turismo, por exemplo, cooperam através de ações regulares dinamizadas pelo agrupamento europeu de cooperação territorial. O programa de mobilidade entre instituições de Ensino Superior é um sucesso e as incubadoras de base tecnológica das duas regiões aprofundam experiências e promovem programas de aceleração de novas empresas.

Em linha com estes acontecimentos, o Programa Operacional Regional Norte 2020 estabeleceu a investigação e inovação, o apoio às empresas e a qualificação dos recursos humanos como as suas grandes prioridades, alocando dois terços dos recursos a estas áreas. O centralismo reage com azedume a este atrevimento, questionando nos diversos fóruns de intriga da corte como é que é possível terem apoios autónomos à I+D+i, à contratação de pessoas qualificadas pelas empresas e a programas doutorais.

O caminho para o futuro é sempre difícil, lento e com dor, como todos percebemos bem por aqui. Com verdade, trabalho e sem ilusões.

PROF. CAT. DA U. PORTO E PRESIDENTE DA CCDR

14.10.2015
EMÍDIO GOMES
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