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A geografia como destino!
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A geografia como destino!
Timothy Garton Ash escreveu, logo a seguir ao Brexit day, um iluminado texto no "The Guardian" em que considera o resultado do referendo, enquanto europeu convicto, como a sua maior derrota política de sempre.
Mas começa sintomaticamente o seu artigo, declarando que o Reino Unido pode sair da Europa tanto quanto o Picadilly Circus pode deixar de ser em Londres. E, mais à frente, explica que a saturada cobertura dos rochedos de Dover (e que tanto negócio devem ter rendido às empresas de helicópteros) não retrata essa espécie de maldição insular que tantos querem usar como causa de um separatismo irreprimível.
Termina, depois de uma longa reflexão sobre os vários setores que contribuíram para o resultado, enterrando na consciência de cada cidadão britânico a faca certeira da falta de rigor (e de interesse) no conhecimento da história e da falta de empenho cívico para a dar a conhecer - deixando todo o espaço aberto ao aproveitamento ilegítimo (por parte de um aparelho mediático oportunista e de lideranças populistas) das dificuldades legítimas colocadas por uma precipitada construção do projeto europeu.
E volta ao princípio declarando o óbvio: o Reino Unido será da Europa que fica, da que ficar depois do Brexit, mas ainda assim Europa.
E este destino que a geografia impõe, tem de ser o racional que organiza o pensamento político europeu. Dos seus líderes aos seus cidadãos.
E, nesse sentido, percebendo embora a mensagem de força e união que tem de ser dada como resposta aos potenciais efeitos multiplicadores do problema a grande mensagem tem de ser: a Europa, mais do que um sentimento é um lugar. Um lugar donde não podemos sair. Resta aprendermos, hoje e sempre, como acomodar dentro deste destino, físico, cultural, social e económico os sonhos de paz e bem-estar social que há 70 anos vamos procurando concretizar.
Só assim não haverá mais referenda. Quando as nações europeias puderem escolher, com mais liberdade, os vínculos a que aceitam submeter-se.
Fica, é certo, por resolver a necessidade de uma política de coesão a que muitos se querem subtrair. Mas aí, pode a Alemanha redimir de vez o seu "sonderweg" revendo o papel do BCE.
CRISTINA AZEVEDO, ANALISTA FINANCEIRA
Hoje às 00:26
Jornal de Notícias
Mas começa sintomaticamente o seu artigo, declarando que o Reino Unido pode sair da Europa tanto quanto o Picadilly Circus pode deixar de ser em Londres. E, mais à frente, explica que a saturada cobertura dos rochedos de Dover (e que tanto negócio devem ter rendido às empresas de helicópteros) não retrata essa espécie de maldição insular que tantos querem usar como causa de um separatismo irreprimível.
Termina, depois de uma longa reflexão sobre os vários setores que contribuíram para o resultado, enterrando na consciência de cada cidadão britânico a faca certeira da falta de rigor (e de interesse) no conhecimento da história e da falta de empenho cívico para a dar a conhecer - deixando todo o espaço aberto ao aproveitamento ilegítimo (por parte de um aparelho mediático oportunista e de lideranças populistas) das dificuldades legítimas colocadas por uma precipitada construção do projeto europeu.
E volta ao princípio declarando o óbvio: o Reino Unido será da Europa que fica, da que ficar depois do Brexit, mas ainda assim Europa.
E este destino que a geografia impõe, tem de ser o racional que organiza o pensamento político europeu. Dos seus líderes aos seus cidadãos.
E, nesse sentido, percebendo embora a mensagem de força e união que tem de ser dada como resposta aos potenciais efeitos multiplicadores do problema a grande mensagem tem de ser: a Europa, mais do que um sentimento é um lugar. Um lugar donde não podemos sair. Resta aprendermos, hoje e sempre, como acomodar dentro deste destino, físico, cultural, social e económico os sonhos de paz e bem-estar social que há 70 anos vamos procurando concretizar.
Só assim não haverá mais referenda. Quando as nações europeias puderem escolher, com mais liberdade, os vínculos a que aceitam submeter-se.
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