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Enormíssimo é maior do que colossal?
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Enormíssimo é maior do que colossal?
É sabido que os ministros das Finanças, os governos, precisam de dramatizar antes de tomarem decisões difíceis para os contribuintes. Antes de anunciarem medidas e políticas para controlar o défice e a dívida (substantivos), têm o hábito de usar adjetivos. Parece que Mário Centeno acaba de inaugurar a época com um superlativo: "enormíssimo", o tamanho do desvio que encontrou na gigantesca Caixa Geral de Depósitos.
Neste campeonato nacional, o caso mais mediático foi, de longe, o de Vítor Gaspar, ministro da pasta em 2012, quando descobriu, disse ele, um "desvio colossal" no défice e que à primeira vista rondava os dois mil milhões de euros. Faltava receita, muita, e mais tarde fez saber que colossal até era modesto, qualidade pela qual o ministro de Passos Coelho era pouco conhecido.
Em coerência, Gaspar e a troika tomaram medidas de austeridade ambiciosas e dignas de registo. Veio o "enorme aumento de impostos" e os cortes a fundo na despesa. E foram de tal ordem que a economia afundou ainda mais, arrastando as contas públicas, deprimindo a economia, enlameando as contas públicas, derrubando a economia... E por aí fora. O desemprego subiu mais do que se dizia nos livros e o ministro ficou surpreendido; mandou averiguar.
Até ao escândalo (substantivo) Banif, as contas pareciam estar melhorzinhas (adjetivo mas diminutivo). O consumo privado já vibrava, o Natal estava à porta, e para o banco não colapsar foram comprometidos quase três mil milhões de euros dos contribuintes. Nem as contas estavam bem nem o sistema financeiro estava mesmo sólido.
O problema bancário, a cruz mais pesada dos portugueses, que normalmente cai da parede e parte a loiça em dezembro, veio dar a desculpa que faltava à Europa para entrarmos numa nova fase de disputa.
Sem iniciativas blindadas regionais de persuasão (Portugal e outros países, como Espanha) no sentido de fazer uma reforma das regras europeias para as tornar realmente mais inteligentes, justas, atentas ao progresso dos países e ao momento crítico em que a Europa vive (à beira de um precipício), as autoridades europeias prolongam um reinado de livre-arbítrio, fazendo a vida negra aos chamados incumpridores. Dentro da lei, mas também da lógica triste e irremediável do medo e da chantagem mediática, o combustível da finança mundial.
Centeno, emparedado entre a esquerda interna e o direito europeu, nas suas meias-finais de negociação com a Comissão, elevou a parada. Disse que a Caixa, que vai ser capitalizada com dinheiro público (naturalmente, é um dever do acionista Estado), tem um "desvio enormíssimo" de três mil milhões de euros. É mais do que "colossal", de facto.
07 DE JULHO DE 2016
00:00
Luís Reis Ribeiro
Diário de Notícias
Neste campeonato nacional, o caso mais mediático foi, de longe, o de Vítor Gaspar, ministro da pasta em 2012, quando descobriu, disse ele, um "desvio colossal" no défice e que à primeira vista rondava os dois mil milhões de euros. Faltava receita, muita, e mais tarde fez saber que colossal até era modesto, qualidade pela qual o ministro de Passos Coelho era pouco conhecido.
Em coerência, Gaspar e a troika tomaram medidas de austeridade ambiciosas e dignas de registo. Veio o "enorme aumento de impostos" e os cortes a fundo na despesa. E foram de tal ordem que a economia afundou ainda mais, arrastando as contas públicas, deprimindo a economia, enlameando as contas públicas, derrubando a economia... E por aí fora. O desemprego subiu mais do que se dizia nos livros e o ministro ficou surpreendido; mandou averiguar.
Até ao escândalo (substantivo) Banif, as contas pareciam estar melhorzinhas (adjetivo mas diminutivo). O consumo privado já vibrava, o Natal estava à porta, e para o banco não colapsar foram comprometidos quase três mil milhões de euros dos contribuintes. Nem as contas estavam bem nem o sistema financeiro estava mesmo sólido.
O problema bancário, a cruz mais pesada dos portugueses, que normalmente cai da parede e parte a loiça em dezembro, veio dar a desculpa que faltava à Europa para entrarmos numa nova fase de disputa.
Sem iniciativas blindadas regionais de persuasão (Portugal e outros países, como Espanha) no sentido de fazer uma reforma das regras europeias para as tornar realmente mais inteligentes, justas, atentas ao progresso dos países e ao momento crítico em que a Europa vive (à beira de um precipício), as autoridades europeias prolongam um reinado de livre-arbítrio, fazendo a vida negra aos chamados incumpridores. Dentro da lei, mas também da lógica triste e irremediável do medo e da chantagem mediática, o combustível da finança mundial.
Centeno, emparedado entre a esquerda interna e o direito europeu, nas suas meias-finais de negociação com a Comissão, elevou a parada. Disse que a Caixa, que vai ser capitalizada com dinheiro público (naturalmente, é um dever do acionista Estado), tem um "desvio enormíssimo" de três mil milhões de euros. É mais do que "colossal", de facto.
07 DE JULHO DE 2016
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