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Boa sorte, bom trabalho (boas férias)
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Boa sorte, bom trabalho (boas férias)
Há 22 anos, quando entrei no jornalismo, usávamos no jornal a disquete de 5 e 1/4. Eram raros os telemóveis. Os computadores não trabalhavam em rede, só um tinha internet.
Não era possível, portanto, cobrar uma promessa de um político sem ir à hemeroteca ou sem ter fotocópias de notícias guardadas num dossiê.
Nessa época, os jornais vendiam, as televisões e as rádios prosperavam. Havia meios, gente nova a entrar. À imagem do país, pensámos que o eldorado duraria.
Os tempos foram mudando e a ilusão desaparecendo. Aprendemos com as crises - de orçamentos, de sistemas financeiros, de Europa. Digo aprendemos e repito: ficamos a conhecer melhor os temas, mas também as dificuldades. As do país e as nossas, as dos media.
Há quatro anos tive a felicidade de passar três semanas em Washington, numa formação em jornalismo. Foi por lá que me explicaram como nos EUA as crises chegaram mais cedo - a financeira e a dos media (que é dupla: financeira e a tecnológica). E foi um antigo pivô da CBS, com muito mais experiência do que eu, que me sintetizou numa linha o que durante este tempo realmente mudou no que fazemos: é preciso estar onde estão as pessoas; o meio não é importante, o que é central é a informação.
Deixem-me voltar atrás. Há uns dias, o administrador de uma grande empresa portuguesa, parceira da TSF, dizia-me que toda a gente olha para a inovação partindo de um pressuposto errado. Quem tenta inovar não pode partir de uma ideia gira. Porque não é o que é "giro" que cria sucesso. O importante é identificar o problema.
Nos media, como em tudo o resto, o "problema" (melhor dizendo, o desafio) está no consumidor. Ele, você, o consumidor de notícias, mudou muito. E isso obriga-nos a mudar também.
Quem gosta de notícias precisa de conhecer as notícias de forma rápida e simples. De as ver ou ouvir quando quiser, de forma confortável. De não ter limite de textos ou de formatos (vídeo, sons, infografias animadas, liveblogs, explicadores, newsletter à hora certa, notificações de notícias). De não se preocupar com os aparelhos, porque a questão não é onde ler ou ouvir, é ler e ouvir onde quiser - papel, computador, smartphone, smartwatch, redes sociais ou homepage. Um leitor de notícias hoje quer escolher livremente o está a ler e ouvir, onde, durante e quanto tempo. Os novos media são isso mesmo: muito mais democráticos. Mas não deixam, nunca poderão deixar de ser o que sempre foram: credíveis, independentes, escrutinadores.
E chega? Não, já não chega. Se hoje temos a vantagem de dar informação de maneiras que nunca imaginámos, também as vantagens nos trazem obrigações novas. Se temos a capacidade de conhecer o nosso leitor; se conseguimos falar com ele como nunca (pelo Facebook, pelas caixas de comentários, pelo e-mail); se também nós somos escrutinados ao minuto (e ainda bem)... então a nossa obrigação é esta: responder, ajudar (e pedir ajuda), corrigir com honestidade. É aproximarmo-nos de quem nos lê, de quem nos dá atenção - e nos dá o pão. E retribuir a confiança.
É esta a nossa missão, no meio das novas dificuldades. Sim, falta-nos tempo para pensar, faltam-nos meios, falta--nos muitas vezes a requalificação. E até pode parecer que nos faltam leitores. Só que não é bem verdade. Hoje há muito mais gente a consumir informação. E hoje estamos todos mais próximos, mais abertos, mais modernos e preparados.
Falta-nos, claro, o resto: continuar a trabalhar, a encontrar soluções para ultrapassar de vez a nossa própria crise. A parte boa é que muito do nosso sucesso dependerá de nós. E que o desafio é mais aliciante do que alguma vez pensámos.
Para me despedir, quero deixar-lhe um agradecimento, agora que sigo e deixo caminho aberto para outro colunista aqui no DN - mais do que tudo, caminho aberto para uma nova liderança na TSF. Não tendo sido muito tempo, asseguro-lhe que foi um prazer servir a rádio, feita por mulheres e homens que dedicam as suas vidas a contar tudo o que se passa, hora a hora, de meia em meia hora - às vezes aos quartos de hora, tantas vezes ao minuto no site da minha rádio de sempre.
Lá para setembro, a TSF já vai estar renovada com uma direção em quem confio, feita de gente que admiro e que fez o favor de me dar em dobro a confiança e amizade que passei. O mesmo acontecerá aqui no DN, com amigos que levarei para a vida, que puxarão por mim como eu tenciono puxar por eles: com profissionalismo, lealdade e, claro, com sucesso.
É a hora deles e será sempre a sua hora, caro leitor, caro ouvinte. Eu, por mim, seguirei caminho agarrado à rádio e à concorrência, com um sorriso - sempre com um sorriso. Feliz com o que deixo (a amizade em primeiro lugar), sossegado com quem se segue, muito, muito desafiado com o que se aproxima.
Boa sorte para eles, boas férias para si. Até sempre.
30 DE JULHO DE 2016
00:00
David Dinis
Diário de Notícias
Não era possível, portanto, cobrar uma promessa de um político sem ir à hemeroteca ou sem ter fotocópias de notícias guardadas num dossiê.
Nessa época, os jornais vendiam, as televisões e as rádios prosperavam. Havia meios, gente nova a entrar. À imagem do país, pensámos que o eldorado duraria.
Os tempos foram mudando e a ilusão desaparecendo. Aprendemos com as crises - de orçamentos, de sistemas financeiros, de Europa. Digo aprendemos e repito: ficamos a conhecer melhor os temas, mas também as dificuldades. As do país e as nossas, as dos media.
Há quatro anos tive a felicidade de passar três semanas em Washington, numa formação em jornalismo. Foi por lá que me explicaram como nos EUA as crises chegaram mais cedo - a financeira e a dos media (que é dupla: financeira e a tecnológica). E foi um antigo pivô da CBS, com muito mais experiência do que eu, que me sintetizou numa linha o que durante este tempo realmente mudou no que fazemos: é preciso estar onde estão as pessoas; o meio não é importante, o que é central é a informação.
Deixem-me voltar atrás. Há uns dias, o administrador de uma grande empresa portuguesa, parceira da TSF, dizia-me que toda a gente olha para a inovação partindo de um pressuposto errado. Quem tenta inovar não pode partir de uma ideia gira. Porque não é o que é "giro" que cria sucesso. O importante é identificar o problema.
Nos media, como em tudo o resto, o "problema" (melhor dizendo, o desafio) está no consumidor. Ele, você, o consumidor de notícias, mudou muito. E isso obriga-nos a mudar também.
Quem gosta de notícias precisa de conhecer as notícias de forma rápida e simples. De as ver ou ouvir quando quiser, de forma confortável. De não ter limite de textos ou de formatos (vídeo, sons, infografias animadas, liveblogs, explicadores, newsletter à hora certa, notificações de notícias). De não se preocupar com os aparelhos, porque a questão não é onde ler ou ouvir, é ler e ouvir onde quiser - papel, computador, smartphone, smartwatch, redes sociais ou homepage. Um leitor de notícias hoje quer escolher livremente o está a ler e ouvir, onde, durante e quanto tempo. Os novos media são isso mesmo: muito mais democráticos. Mas não deixam, nunca poderão deixar de ser o que sempre foram: credíveis, independentes, escrutinadores.
E chega? Não, já não chega. Se hoje temos a vantagem de dar informação de maneiras que nunca imaginámos, também as vantagens nos trazem obrigações novas. Se temos a capacidade de conhecer o nosso leitor; se conseguimos falar com ele como nunca (pelo Facebook, pelas caixas de comentários, pelo e-mail); se também nós somos escrutinados ao minuto (e ainda bem)... então a nossa obrigação é esta: responder, ajudar (e pedir ajuda), corrigir com honestidade. É aproximarmo-nos de quem nos lê, de quem nos dá atenção - e nos dá o pão. E retribuir a confiança.
É esta a nossa missão, no meio das novas dificuldades. Sim, falta-nos tempo para pensar, faltam-nos meios, falta--nos muitas vezes a requalificação. E até pode parecer que nos faltam leitores. Só que não é bem verdade. Hoje há muito mais gente a consumir informação. E hoje estamos todos mais próximos, mais abertos, mais modernos e preparados.
Falta-nos, claro, o resto: continuar a trabalhar, a encontrar soluções para ultrapassar de vez a nossa própria crise. A parte boa é que muito do nosso sucesso dependerá de nós. E que o desafio é mais aliciante do que alguma vez pensámos.
Para me despedir, quero deixar-lhe um agradecimento, agora que sigo e deixo caminho aberto para outro colunista aqui no DN - mais do que tudo, caminho aberto para uma nova liderança na TSF. Não tendo sido muito tempo, asseguro-lhe que foi um prazer servir a rádio, feita por mulheres e homens que dedicam as suas vidas a contar tudo o que se passa, hora a hora, de meia em meia hora - às vezes aos quartos de hora, tantas vezes ao minuto no site da minha rádio de sempre.
Lá para setembro, a TSF já vai estar renovada com uma direção em quem confio, feita de gente que admiro e que fez o favor de me dar em dobro a confiança e amizade que passei. O mesmo acontecerá aqui no DN, com amigos que levarei para a vida, que puxarão por mim como eu tenciono puxar por eles: com profissionalismo, lealdade e, claro, com sucesso.
É a hora deles e será sempre a sua hora, caro leitor, caro ouvinte. Eu, por mim, seguirei caminho agarrado à rádio e à concorrência, com um sorriso - sempre com um sorriso. Feliz com o que deixo (a amizade em primeiro lugar), sossegado com quem se segue, muito, muito desafiado com o que se aproxima.
Boa sorte para eles, boas férias para si. Até sempre.
30 DE JULHO DE 2016
00:00
David Dinis
Diário de Notícias
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