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Venezuela: entre o sonho e o pesadelo
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Venezuela: entre o sonho e o pesadelo
Maduro aponta as culpas da actual crise à queda do preço do petróleo e à guerra económica levada a cabo pela oposição de direita. Esta alega que as actuais circunstâncias se devem às políticas erradas e à gestão pouco criteriosa dos fundos por parte de Chávez e Maduro.
Enquanto há uns anos se ouviam salsas e merengues pelas principais ruas de Caracas, transmitindo uma animação contagiante, hoje o cenário é totalmente oposto, com as filas intermináveis à porta dos supermercados, para a compra de bens essenciais, como leite, farinha e artigos de higiene, a serem uma realidade a cada dia mais presente e angustiante.
A Venezuela é um país de extremos. Se, por um lado, detém as maiores reservas provadas de petróleo no mundo, suplantando a Arábia Saudita, por outro, evidencia uma taxa de inflação de 700%. Para além disto, é esperada uma queda da economia para este ano de 10%, sendo as reservas cambiais cada vez mais escassas para fazer face à dívida externa do país.
Para perceber como chegou a Venezuela a este ponto é necessário recuar a 1999, ano em que Hugo Chávez chegou ao poder. Com o Comandante ao leme da nação, foi aprovada uma nova constituição, permitindo, entre outras medidas, a canalização de parte das receitas obtidas com a venda de petróleo para programas de apoio social, garantindo-lhe desta forma o apoio por parte do eleitorado mais desfavorecido.
É de destacar que o índice de pobreza diminuiu de 49% em 1999 para 24% em 2013, tendo sido acompanhado por uma subida expressiva do preço do petróleo no mesmo período. No entanto, a negligência que se abateu sobre o setor agrícola e industrial, muitas vezes alvos de corrupção e de nomeações de caráter partidário, fez acentuar a dependência do petróleo, com 96% das receitas orçamentais a terem origem nesta matéria-prima.
Sintomático desta situação é diminuição da produção por parte da petrolífera nacional, PDVSA, refletindo a falta de investimento e a emigração forçada por parte dos seus quadros mais competentes. Quando o petróleo afundou de 130 dólares em 2014 para os atuais 40 dólares, a economia venezuelana entrou em colapso, deixando de ter dinheiro para pagar as importações e devido à onda de nacionalizações no setor industrial, além de perder a capacidade interna de produção.
Nicolas Maduro, o sucessor de Hugo Chávez, aponta as culpas da atual crise à queda do preço do petróleo e à guerra económica levada a cabo pela oposição de direita. Esta, por sua vez, alega que as atuais circunstâncias se devem às políticas erradas e à gestão pouco criteriosa dos fundos por parte de Chávez e de Maduro.
O desnorte por parte do atual governo chegou ao ponto de decretar que os funcionários públicos e privados podem ser convocados para trabalhar por períodos de 60 dias em organizações estatais especializadas na produção de alimentos. Se em termos económicos o valor acrescentado é próximo de zero, em termos morais representa um passo na legalização da escravatura.
Com a oposição a reunir assinaturas para a marcação de novas eleições e os venezuelanos a lutarem deseperamente para alimentar as suas famílias, existe a perceção que é tempo de Maduro partir.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Nuno Barradas Esteves, Economista
Económico
Enquanto há uns anos se ouviam salsas e merengues pelas principais ruas de Caracas, transmitindo uma animação contagiante, hoje o cenário é totalmente oposto, com as filas intermináveis à porta dos supermercados, para a compra de bens essenciais, como leite, farinha e artigos de higiene, a serem uma realidade a cada dia mais presente e angustiante.
A Venezuela é um país de extremos. Se, por um lado, detém as maiores reservas provadas de petróleo no mundo, suplantando a Arábia Saudita, por outro, evidencia uma taxa de inflação de 700%. Para além disto, é esperada uma queda da economia para este ano de 10%, sendo as reservas cambiais cada vez mais escassas para fazer face à dívida externa do país.
Para perceber como chegou a Venezuela a este ponto é necessário recuar a 1999, ano em que Hugo Chávez chegou ao poder. Com o Comandante ao leme da nação, foi aprovada uma nova constituição, permitindo, entre outras medidas, a canalização de parte das receitas obtidas com a venda de petróleo para programas de apoio social, garantindo-lhe desta forma o apoio por parte do eleitorado mais desfavorecido.
É de destacar que o índice de pobreza diminuiu de 49% em 1999 para 24% em 2013, tendo sido acompanhado por uma subida expressiva do preço do petróleo no mesmo período. No entanto, a negligência que se abateu sobre o setor agrícola e industrial, muitas vezes alvos de corrupção e de nomeações de caráter partidário, fez acentuar a dependência do petróleo, com 96% das receitas orçamentais a terem origem nesta matéria-prima.
Sintomático desta situação é diminuição da produção por parte da petrolífera nacional, PDVSA, refletindo a falta de investimento e a emigração forçada por parte dos seus quadros mais competentes. Quando o petróleo afundou de 130 dólares em 2014 para os atuais 40 dólares, a economia venezuelana entrou em colapso, deixando de ter dinheiro para pagar as importações e devido à onda de nacionalizações no setor industrial, além de perder a capacidade interna de produção.
Nicolas Maduro, o sucessor de Hugo Chávez, aponta as culpas da atual crise à queda do preço do petróleo e à guerra económica levada a cabo pela oposição de direita. Esta, por sua vez, alega que as atuais circunstâncias se devem às políticas erradas e à gestão pouco criteriosa dos fundos por parte de Chávez e de Maduro.
O desnorte por parte do atual governo chegou ao ponto de decretar que os funcionários públicos e privados podem ser convocados para trabalhar por períodos de 60 dias em organizações estatais especializadas na produção de alimentos. Se em termos económicos o valor acrescentado é próximo de zero, em termos morais representa um passo na legalização da escravatura.
Com a oposição a reunir assinaturas para a marcação de novas eleições e os venezuelanos a lutarem deseperamente para alimentar as suas famílias, existe a perceção que é tempo de Maduro partir.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Nuno Barradas Esteves, Economista
Económico
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