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Entre extremos
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Entre extremos
Acho que em Portugal continuamos a ignorar o que de bom realmente temos
Em menos de um mês percorri cerca de 56300 km (de avião), e que me levaram a ter vivências de extremos: culturais, climáticos, profissionais e, claro, pessoais.
Entre Lisboa, Maputo, Phuket, Dubai e Nairobi os contrastes foram evidentes. Da reconfortante cidade de Maputo que considero quase uma segunda casa, à exótica cidade de Phuket à qual não ficamos indiferentes, passando pelo luxo extravagante e ostentativo do Dubai até à cidade de Nairobi, confusa mas arrebatadora pela simpatia e cordialidade das suas gentes, sobram memórias para mais tarde recordar.
Somos, em princípio, iguais enquanto seres humanos mas aquilo que vi ao longo desta jornada prova o contrário.
Acho que em Portugal continuamos a ignorar o que de bom realmente temos. Tendemos a estragar no nosso país o que é difícil encontrar por esse mundo fora. Refiro-me ao bem-estar em geral, à funcionalidade das coisas, ao trânsito que nos parece infernal mas não é, aos luxos suficientes que temos (embora cada vez menos ao acesso de todos), à segurança de poder andar sem medo nas ruas ou lugares públicos e sobretudo à possibilidade de, mesmo com pouco, podermos ter uma vida razoavelmente boa.
Não quero parecer arrogante, mas só damos valor ao que temos quando nos privamos. Tenho o hábito quando estou fora de Portugal de, ao acordar, ler as capas dos jornais nacionais. Chega a ser deprimente. Quase ao ponto de não querer voltar. Não há uma boa notícia, não há um título de que me possa orgulhar e mostrar a qualquer uma das pessoas com que me cruzo por estes encontros e afirmar: Vês!? É o meu país! Como é fantástico viver em Portugal!
O pior é que é! As “gordas” dos jornais com que nos bombardeiam, não espelham a beleza e as boas notícias que temos para partilhar. Dos generalistas com os casos de corrupção, aos desportivos com as tricas mesquinhas e alcoviteiras da desclassificada gente da bola, é tudo profundamente triste e deprimente. Ou são os fogos e a ineficácias das autoridades, ou os buracos financeiros na banca, ou o queixume dos partidos políticos… nada!
Rigorosamente nada nos é noticiado que possamos esboçar um sorriso e dizer para o lado: já viste? O meu país é fantástico!
O pior é que não é esta a realidade. Em tempos, após vencermos o campeonato da Europa de futebol escrevi aqui que era sol de pouca dura. Não tardaria a deixarmos cair a harmonia criada em torno da seleção. Dito e feito! Não tardou a que trouxéssemos novamente o país para a lama. Mesmo depois de perdermos um jogo com a Suíça, já esquecemos o feito histórico de há meses atrás.
É pena, e de certa forma triste, que não percebamos que estamos a fazer mal a nós próprios. É pena que dos inúmeros jornais diários não haja um que se dedique a noticiar os sucessos e os heróis que ainda temos em Portugal.
Não é de agora que tenho esta convicção, a de que nos maltratamos a nós próprios quase que como um prazer sórdido de autoflagelação. Por estes dias andei entre extremos. Experimentei o medo de quem passeia em cidades onde ocorrem atentados, convivi em sociedades onde a escravidão existe disfarçada e saboreei luxos a que normalmente não temos acesso. Acabo esta longa viagem com a mesma certeza com que a comecei! Dos extremos que experimentei, continuo a preferir o meio, a virtude e o privilégio de ser português e viver em Portugal.
Escreve às quintas-feiras
08/09/2016
Filipe Baptista
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
Em menos de um mês percorri cerca de 56300 km (de avião), e que me levaram a ter vivências de extremos: culturais, climáticos, profissionais e, claro, pessoais.
Entre Lisboa, Maputo, Phuket, Dubai e Nairobi os contrastes foram evidentes. Da reconfortante cidade de Maputo que considero quase uma segunda casa, à exótica cidade de Phuket à qual não ficamos indiferentes, passando pelo luxo extravagante e ostentativo do Dubai até à cidade de Nairobi, confusa mas arrebatadora pela simpatia e cordialidade das suas gentes, sobram memórias para mais tarde recordar.
Somos, em princípio, iguais enquanto seres humanos mas aquilo que vi ao longo desta jornada prova o contrário.
Acho que em Portugal continuamos a ignorar o que de bom realmente temos. Tendemos a estragar no nosso país o que é difícil encontrar por esse mundo fora. Refiro-me ao bem-estar em geral, à funcionalidade das coisas, ao trânsito que nos parece infernal mas não é, aos luxos suficientes que temos (embora cada vez menos ao acesso de todos), à segurança de poder andar sem medo nas ruas ou lugares públicos e sobretudo à possibilidade de, mesmo com pouco, podermos ter uma vida razoavelmente boa.
Não quero parecer arrogante, mas só damos valor ao que temos quando nos privamos. Tenho o hábito quando estou fora de Portugal de, ao acordar, ler as capas dos jornais nacionais. Chega a ser deprimente. Quase ao ponto de não querer voltar. Não há uma boa notícia, não há um título de que me possa orgulhar e mostrar a qualquer uma das pessoas com que me cruzo por estes encontros e afirmar: Vês!? É o meu país! Como é fantástico viver em Portugal!
O pior é que é! As “gordas” dos jornais com que nos bombardeiam, não espelham a beleza e as boas notícias que temos para partilhar. Dos generalistas com os casos de corrupção, aos desportivos com as tricas mesquinhas e alcoviteiras da desclassificada gente da bola, é tudo profundamente triste e deprimente. Ou são os fogos e a ineficácias das autoridades, ou os buracos financeiros na banca, ou o queixume dos partidos políticos… nada!
Rigorosamente nada nos é noticiado que possamos esboçar um sorriso e dizer para o lado: já viste? O meu país é fantástico!
O pior é que não é esta a realidade. Em tempos, após vencermos o campeonato da Europa de futebol escrevi aqui que era sol de pouca dura. Não tardaria a deixarmos cair a harmonia criada em torno da seleção. Dito e feito! Não tardou a que trouxéssemos novamente o país para a lama. Mesmo depois de perdermos um jogo com a Suíça, já esquecemos o feito histórico de há meses atrás.
É pena, e de certa forma triste, que não percebamos que estamos a fazer mal a nós próprios. É pena que dos inúmeros jornais diários não haja um que se dedique a noticiar os sucessos e os heróis que ainda temos em Portugal.
Não é de agora que tenho esta convicção, a de que nos maltratamos a nós próprios quase que como um prazer sórdido de autoflagelação. Por estes dias andei entre extremos. Experimentei o medo de quem passeia em cidades onde ocorrem atentados, convivi em sociedades onde a escravidão existe disfarçada e saboreei luxos a que normalmente não temos acesso. Acabo esta longa viagem com a mesma certeza com que a comecei! Dos extremos que experimentei, continuo a preferir o meio, a virtude e o privilégio de ser português e viver em Portugal.
Escreve às quintas-feiras
08/09/2016
Filipe Baptista
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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