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Uma mini-Califórnia em Portugal?
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Uma mini-Califórnia em Portugal?
Devemos assumir sem complexos a nossa vocação para o empreendedorismo tecnológico. Pensar com vistas largas e romper o fatalismo da crise.
Governar exige, entre outros atributos, estar atento aos sinais dos tempos. E perceber, tendo em conta a inescapável globalização, em que setores podemos fazer a diferença, cultivando vantagens competitivas relativamente aos outros países. É também fundamental escolher os melhores modelos que nos sirvam de inspiração para fazer face aos complexos desafios do futuro, assumindo que não estamos condenados à estagnação económica.
Em época de restrições orçamentais, que condicionam o investimento público, e num momento em que necessitamos mais do que nunca de capitais estrangeiros destinados a estimular a nossa economia, a realização da Web Summit em Lisboa no próximo mês de Novembro proporciona-nos excelentes pistas de reflexão. Desde logo, confirmando a capital portuguesa como “cidade amiga” das indústrias tecnológicas mais criativas.
É tempo de percebermos que Portugal tem tudo a ganhar em apostar fora das áreas tradicionais, acolhendo empresas capazes de integrarem um ecossistema na vanguarda da era digital – incubadoras de empresas de base tecnológica, unidades de desenvolvimento de aplicações de software nos mais variados domínios (dos setores tradicionais à engenharia genética e automação), sociedades de capital de risco, etc. Devemos assumir sem complexos a nossa vocação para o empreendedorismo tecnológico, um pouco à semelhança do que sucedeu na Califórnia do pós-guerra: para ali afluíram muitos dos mais destacados talentos do globo, transformando Silicon Valley na capital mundial das novas tecnologias.
Pensar com vistas largas, rompendo o fatalismo da crise, é ambicionar uma ´mini-Califórnia´ implantada em Portugal, contribuindo para colocar o nosso país no mapa planetário de setores em crescente procura, como as telecomunicações, o pensamento de design e as tecnologias de informação e comunicação.
Beneficiando de recursos humanos qualificados, de que dispomos cada vez em maior escala, de um clima com mais de três mil horas anuais de exposição solar e da nossa secular vocação para rasgar horizontes e interagir com diferentes povos e culturas, estamos na linha da frente para enfrentar esse desafio no contexto do Mercado Único Digital, decisiva aposta estratégica da Comissão Europeia. Com a vantagem acrescida de não ser necessário grande esforço de investimento público para dar corpo a esta ideia.
Quem tivesse dúvidas sobre a nossa capacidade de resposta neste domínio ficaria esclarecido com a notícia recente de que a incubadora Beta-i e as startups Chic by Choice, Farfetch e Unbabel foram qualificadas como representantes portuguesas para os prémios que distinguem as melhores ‘startups’ tecnológicas europeias.
Eis mais uma prova inequívoca de que não receamos a concorrência. Pelo contrário, saudamo-la como um estímulo adicional. Nada mais apropriado num país que sempre ousou navegar por mares nunca dantes navegados…
Jorge Jordão, Presidente da Confederação dos Serviços de Portugal
00:08
Jornal Económico
Governar exige, entre outros atributos, estar atento aos sinais dos tempos. E perceber, tendo em conta a inescapável globalização, em que setores podemos fazer a diferença, cultivando vantagens competitivas relativamente aos outros países. É também fundamental escolher os melhores modelos que nos sirvam de inspiração para fazer face aos complexos desafios do futuro, assumindo que não estamos condenados à estagnação económica.
Em época de restrições orçamentais, que condicionam o investimento público, e num momento em que necessitamos mais do que nunca de capitais estrangeiros destinados a estimular a nossa economia, a realização da Web Summit em Lisboa no próximo mês de Novembro proporciona-nos excelentes pistas de reflexão. Desde logo, confirmando a capital portuguesa como “cidade amiga” das indústrias tecnológicas mais criativas.
É tempo de percebermos que Portugal tem tudo a ganhar em apostar fora das áreas tradicionais, acolhendo empresas capazes de integrarem um ecossistema na vanguarda da era digital – incubadoras de empresas de base tecnológica, unidades de desenvolvimento de aplicações de software nos mais variados domínios (dos setores tradicionais à engenharia genética e automação), sociedades de capital de risco, etc. Devemos assumir sem complexos a nossa vocação para o empreendedorismo tecnológico, um pouco à semelhança do que sucedeu na Califórnia do pós-guerra: para ali afluíram muitos dos mais destacados talentos do globo, transformando Silicon Valley na capital mundial das novas tecnologias.
Pensar com vistas largas, rompendo o fatalismo da crise, é ambicionar uma ´mini-Califórnia´ implantada em Portugal, contribuindo para colocar o nosso país no mapa planetário de setores em crescente procura, como as telecomunicações, o pensamento de design e as tecnologias de informação e comunicação.
Beneficiando de recursos humanos qualificados, de que dispomos cada vez em maior escala, de um clima com mais de três mil horas anuais de exposição solar e da nossa secular vocação para rasgar horizontes e interagir com diferentes povos e culturas, estamos na linha da frente para enfrentar esse desafio no contexto do Mercado Único Digital, decisiva aposta estratégica da Comissão Europeia. Com a vantagem acrescida de não ser necessário grande esforço de investimento público para dar corpo a esta ideia.
Quem tivesse dúvidas sobre a nossa capacidade de resposta neste domínio ficaria esclarecido com a notícia recente de que a incubadora Beta-i e as startups Chic by Choice, Farfetch e Unbabel foram qualificadas como representantes portuguesas para os prémios que distinguem as melhores ‘startups’ tecnológicas europeias.
Eis mais uma prova inequívoca de que não receamos a concorrência. Pelo contrário, saudamo-la como um estímulo adicional. Nada mais apropriado num país que sempre ousou navegar por mares nunca dantes navegados…
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